Os Secretários de Agricultura dos Estados Unidos e do México se encontraram na COP28 e concordaram na afirmação de que o continente americano deve se tornar o líder mundial da inovação na produção agroalimentar, de modo a favorecer o papel do setor como parte da solução da mudança do clima.
Dubai, Emirados Árabes Unidos, 10 de dezembro de 2023 (IICA) – Os Secretários de Agricultura dos Estados Unidos e do México se encontraram na COP28 e concordaram na afirmação de que o continente americano deve se tornar o líder mundial da inovação na produção agroalimentar, de modo a favorecer o papel do setor como parte da solução da mudança do clima.
Tom Vilsack, Secretário do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), e Víctor Villalobos, Secretário de Agricultura e Desenvolvimento Rural do México, se reuniram em um evento público no pavilhão instalado na Expo City de Dubai pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) com seus 34 Estados membros e por seus parceiros do setor privado.
Vilsack e Villalobos asseguraram que investir no setor agropecuário para promover a transferência de tecnologias e a construção de capacidades para os produtores é essencial para se garantir que a agricultura contribua para os objetivos de mitigação e adaptação à mudança do clima fixados pela comunidade internacional em 2015 mediante o Acordo de Paris.
A presença dos dois altos funcionários na Casa da Agricultura Sustentável das Américas – denominação do espaço do IICA na Conferência das Nações Unidas de Mudança do Clima – promoveu o comparecimento massivo de público interessado no papel do setor agrícola continental nas transformações das formas de produção e de consumo que estão em andamento.
O evento foi organizado pelo IICA e pelo Business Council for International Understanding (BCIU), organização que trabalha para promover parcerias entre os governos e o setor privado que favoreçam o desenvolvimento econômico. O Presidente e CEO do BCIU, Peter Tichansky, e o Subdiretor Geral do IICA, Lloyd Day, apresentaram os Secretários dos Estados Unidos e do México, cujas palestras foram seguidas por um painel de alto nível, com funcionários, líderes de companhias alimentícias e representantes do setor privado, que debateram sobre o futuro dos sistemas agroalimentares.
“É de enorme importância o fato de termos garantido que o setor agrícola tenha presença e voz na COP”, disse Vilsack, que afirmou que, só mediante a ação coletiva, a agricultura poderá contribuir para o enfrentamento das causas e consequências da mudança do clima. Neste sentido, o titular do USDA atribuiu valor especial ao trabalho do IICA em prol de uma agricultura mais resiliente, inclusiva e sustentável no continente.
Vilsack relatou que os Estados Unidos estão fazendo fortes investimentos para a transformação da agricultura mediante a inovação e a ciência. “É o momento de os produtores aproveitarem todas as ferramentas de financiamento para ação climática, inclusive os mercados voluntários de carbono e os fundos verdes. Também devemos acelerar a implementação de métodos de medição da redução de emissões e do sequestro de carbono. Podemos fazer uma agricultura mais sustentável e, ao mesmo tempo, gerar mais renda para os produtores”, afirmou.
Agricultura, a chave para o futuro
Villalobos considerou que a humanidade está em um momento crítico e que a agricultura é determinante para o futuro.
“Apesar de se produzirem enormes quantidades de alimentos, a sombra da fome está presente no mundo. É essencial que tomemos ações para mitigar o impacto da mudança do clima e construir a infraestrutura para a adaptação dos sistemas agroalimentares à crise ambiental. Em outras palavras: alimentos para todos”, resumiu.
Villalobos afirmou que os sistemas agroalimentares têm o desafio de reduzir os desperdícios, que geram a perda de cerca de 30% dos recursos investidos.
“É fundamental que o financiamento para a transformação da agricultura chegue aos produtores e aos temas que importam: construção de capacidades, inovação para neutralizar os riscos de pestes e doenças, ferramentas para enfrentar as temperaturas extremas e a alteração dos padrões de chuvas, entre outros desafios”, disse.
“Devemos definir – concluiu – um novo paradigma para garantirmos a segurança alimentar do planeta e fazê-lo em harmonia com o meio ambiente”.
O Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, ressaltou que a adoção da agricultura regenerativa – que enfatiza o cuidado da saúde dos solos, o bom uso da água, a gestão integrada de pestes e doenças e a preservação da biodiversidade – oferece um caminho para o aumento da produtividade e contribui simultaneamente para a mitigação da crise ambiental.
“O IICA trabalha para promover a ação coletiva que gere impacto. Somente a colaboração entre os setores público e privado e a participação dos agricultores na mesa de discussão garantirão que as mudanças que já estão em andamento sejam inclusivas”, observou Otero.
Cultivando transformações positivas
O painel de debate que se seguiu teve como propósito reforçar a consciência de produtores e líderes industriais sobre a importância da agricultura regenerativa e das práticas sustentáveis.
Participaram Renata Miranda, Secretária de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativas do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil; Agnes Kalibata, Presidente da Aliança para uma Revolução Verde na África (AGRA); Mauricio Rodrigues, Presidente da Bayer na América Latina; Qingfeng Zhang, Diretor de Agricultura do Banco de Desenvolvimento da Ásia; e Bruno Pozzi, Subdiretor de Ecossistemas do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUMA).
“Com a agricultura regenerativa estamos aprendendo que podemos produzir mais com menos e, ao mesmo tempo, ajudar a restauração dos ecossistemas. Nós nos concentramos em mesclar inovação com informação, bem como na colaboração e nas parcerias com produtores, governos e outras companhias do setor privado”, explicou Rodrigues.
Por sua vez, em nome do governo do Brasil, Renata Miranda felicitou o IICA por sua tarefa: “Sua importância para posicionar o setor agrícola na COP é central. A América é o único continente que vai do extremo norte ao extremo sul; portanto, sabemos muito bem qual é o impacto de mudança do clima na produção. Não podemos estar ausentes deste foro de negociação”.
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