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Transformação positiva de sistemas agroalimentares requer o fortalecimento dos sistemas nacionais de ciência e tecnologia

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Essa foi a conclusão no âmbito do foro virtual “Ciência, Tecnologia e Inovação para transformar os sistemas alimentares da América Latina”, o último de uma série de cinco encontros organizados pelo IICA antes da Cúpula sobre Sistemas Alimentares da ONU.

En los debates del foro surgió con fuerza el enfoque sobre la importancia de la investigación, destacándose la necesidad de que pase de ser disciplinaria a interdisciplinaria, aumentando la inversión en ciencia y tecnología para financiar a los productores y las publicaciones científicas.

São José, 11 de junho de 2021 (IICA). A transformação positiva dos sistemas alimentares requer a formação de coalizões e exige uma ampliação da produção que tenha como base o fortalecimento dos sistemas nacionais de ciência e tecnologia, fundamentais para aproveitar as oportunidades de todo o seu potencial e para proteger e restaurar a natureza.

Essas foram apenas algumas das principais ideias e conclusões expostas no âmbito do foro virtual “Ciência, Tecnologia e Inovação para transformar os sistemas alimentares da América Latina”, o último de uma série de cinco encontros organizados pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) antes da Cúpula sobre Sistemas Alimentares da ONU.

A reunião, que faz parte de diversos diálogos virtuais organizados pelo IICA anteriores ao encontro global, contou com o apoio da Biodiversity International, da Coalizão para a Alimentação e o Uso do Solo, do World Wildlife Fund (WWF) e do Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT).

“Somente com ciência, tecnologia e inovação teremos uma melhor transformação de nossos sistemas agroalimentares, que são um componente fundamental da economia mundial, para melhorar o desempenho de sua produção”, disse o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, ao abrir o foro, apresentado e moderado por Eduardo Trigo, Assessor Especial da Direção Geral e “sherpa” do organismo especializado do Sistema Interamericano na Cúpula da ONU.

Otero enfatizou que os produtores agropecuários, que definiu como “a Alma da Ruralidade”, devem estar devidamente representados na Cúpula, e destacou também a iniciativa hemisférica do IICA “Solos vivos das Américas” como um programa fundamental para “recuperar a saúde dos solos, considerando-se que hoje mais da metade dos solos na Mesoamérica estão com sérios problemas de degradação”.

Por sua vez, Claudia Martínez, Diretora Executiva da E-3 – Ecología, Economía y Ética — organização privada da Colômbia que promove a ecologia, a economia e a ética como parte integrante de suas estratégias de planejamento e negócios e integra, como o IICA, a Rede de Campeões, uma das estruturas de apoio à organização da Cúpula da ONU — falou sobre a importância das coalizões e das condições de produção.

Assim, ressaltou a necessidade de fomentar “coalizões que transformem os sistemas alimentares da América Latina” e, depois, abordou os problemas de custos e solos enfrentados pela produção.

“Os custos ocultos globais da alimentação e do uso do solo chegam a 12 bilhões de dólares, em comparação com o valor de mercado dos sistemas globais de alimentação, que totalizam 10 bilhões, o que significa que esses sistemas custam, hoje, ao mundo mais do que produzem. E isso é o que devemos transformar”, afirmou.

Para isso, propôs um avanço nas transições para a mudança e, nesse sentido, posicionou-se a favor de ampliar a produção “em um continente absolutamente rico em alimentos, onde temos 300.000 plantas e só comemos cerca de 100 ou 150, dentre as quais o trigo, o milho, o arroz e a batata representam 60% das calorias que consumimos”.

Nesse sentido, ressaltou que as oportunidades de negócios que poderiam ser geradas com as mudanças nos sistemas agroalimentares são muito importantes e que, para isso, “a ciência e a tecnologia são cruciais, assim como, para proteger e restaurar a natureza, é necessário pôr fim à conversão de florestas e outros ecossistemas naturais”.

Por sua vez, Joao Campari, Líder Global do WWF, mencionou o desafio de cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em 2030, o que implicará em “resolver uma série de desafios na forma como produzimos os alimentos”.

Nesse sentido, destacou o uso da água, as perdas de biodiversidade e o desperdício dos recursos naturais.

“O que buscamos é proteger os sistemas econaturais e, para isso, devemos gerenciar os sistemas de produção de alimentos existentes e restaurar os ecossistemas degradados, com a reabilitação da função dos solos”, indicou.

Nesse sentido, disse, a Cúpula “deve ser uma Cúpula dos povos, das pessoas e de ação desses povos”, buscando mitigar fenômenos como o desmatamento e a degradação dos solos, que têm levado, na América Latina e no Caribe, ao ponto de se perder um quarto das florestas entre 2004 e 2017, na Amazônia, no Chaco, nas terras baixas da Bolívia, nas florestas maias e no Chocó-Darién, ecorregião no oeste da Colômbia e leste do Panamá, com precipitações extremamente altas e uma grande biodiversidade.

Assim como Otero e Martínez, Campari reivindicou o uso da ciência e da tecnologia “para tornar muito mais eficiente a produção, produzir mais com menos e ser mais inclusivo”, e concluiu dizendo que “o que os sistemas alimentares fizeram pelo mundo nas décadas recentes é um grande fato, mas, agora, precisamos repensá-los, pois as condições de atuação são diferentes e devemos agir todos juntos, produtores e ambientalistas”.

Após a sessão inicial, o foro de dividiu em oito grupos de discussão, dos quais participaram uma centena de inscritos e cujos resumos foram explicitados na parte final do encontro por um relator de cada equipe.

Entre os temas abordados, destacaram-se questões como a relação entre a ciência e os conhecimentos ancestrais das comunidades agrícolas; a capacitação e a extensão na ruralidade; as novas formas de comer e de produzir; as proteínas alternativas; as fronteiras agrícolas e a pecuária; a melhor valorização dos sistemas alimentares no entorno de florestas, entre outras.

A mudança do clima, suas causas e seus efeitos sobre a produção e os alimentos resultantes foi outra das questões mais mencionadas nos debates em grupo, constituindo um foco prioritário para as inovações baseadas na ciência e na tecnologia.

A intervenção de políticas públicas sustentadas ao longo do tempo, para além das circunstanciais administrações políticas, foi outra reivindicação em favor de uma agricultura sustentável para combater o desmatamento e a mudança do clima, da melhoria da qualidade da produção e da promoção do comércio, entre outros desafios dos sistemas agroalimentares regionais.

Nos debates, a importância da pesquisa foi enfaticamente focada, destacando-se a necessidade de que passe de disciplinar para interdisciplinar, aumentando os investimentos em ciência e tecnologia para financiar produtores e publicações científicas.

Também foi incentivada a promoção das ferramentas digitais para melhorar a eficiência, aumentar a produção e melhorar a tomada de decisões, tendo-se insistido também na acessibilidade e na conectividade.

Em um resumo do relatório sobre a atividade dos grupos, o Diretor Geral da Parceria da Bioversity International e do Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), Juan Lucas Restrepo, destacou a importância dos foros de diálogo, afirmando que “esse tipo de espaço é fundamental”, uma vez que não podem ser só os Ministérios da Agricultura da região a tomar iniciativas, mas também o setor privado, os produtores, a academia e os consumidores.

“Devemos repensar integralmente como trabalhamos enquanto região, como cuidamos dos nossos recursos naturais, das nossas florestas e também dos nossos solos”, concluiu Restrepo.

Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int

 

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