Na cúpula climática da ONU o setor agropecuário das Américas almeja ratificar seu papel fundamental como avalista da segurança alimentar e ambiental global.
São José, 27 de outubro de 2022 (IICA) — O Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, afirmou que a próxima Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP27), que ocorrerá a partir de 6 de novembro no Egito, deve ser a COP da agricultura e a COP da ação climática efetiva e insistiu na necessidade de que o setor agropecuário se torne um eixo estratégico e um ator relevante para as negociações climáticas.
“Não tenho dúvidas de que será a COP da agricultura sustentável, precisa ser a COP da ação, pois o tema da mudança do clima está aqui, é agora”, disse Otero antes de sua participação na Conferência, que esse ano acontecerá no balneário egípcio de Sharm El Sheik.
“Os países que compõem o IICA estão sofrendo as consequências da mudança do clima: secas e inundações caracterizam um cenário dominado por uma maior intensidade e frequência de eventos climáticos extremos, frente a isso não há outro caminho senão o da agricultura sustentável, transição na qual já estamos embarcados”, afirmou o titular do organismo hemisférico especializado em setor agrícola e ruralidade.
Nessa linha, Otero ressaltou os esforços que o setor agropecuário regional vem realizando, sob a coordenação do IICA, com foco em enfrentar um problema que requer ações efetivas e imediatas e para o qual o continente levará à COP uma posição convergente.
“Os ministros de agricultura (das Américas) definiram um processo de articulação, uma convergência em torno de um conjunto de ideias orientadoras que definem a ponte clara entre a agricultura sustentável e suas contribuições para o desenvolvimento sustentável”, observou, em referência às mensagens que o continente apresentará como um bloco e que ponderam a importância do setor agrícola como parte da solução na luta contra a mudança do clima e seu papel primordial para a segurança alimentar.
Esse robusto consenso regional foi alcançado por ministros e secretários de Agricultura de 32 países das Américas e, por sua vez, estabelece que as ações climáticas para uma agricultura mais sustentável devem ser baseadas na ciência, de maneira que resguardem e aumentem a produtividade, e não aprofundem a já preocupante crise alimentar atual.
Divulgação de práticas sustentáveis do setor agrário
O Diretor Geral do IICA também destacou que a COP27 do Egito, que acontecerá de 6 a 18 de novembro, será uma grande caixa de ressonância sobre a agricultura na qual o Instituto, com seus 34 Estados membros, organizações de produtores do continente, o setor privado e outros atores do setor agrícola regional, terá um pavilhão chamado Casa da Agricultura Sustentável das Américas, com o lema “Alimentando o mundo, cuidando do planeta”, no Centro de Convenções de Sharm-El-Sheikh.
Nesse espaço ocorrerão cerca de 60 eventos de alto nível político e técnico e serão compartilhados exemplos de boas práticas, experiências e lições aprendidas nas Américas, como o plantio direto, a implementação de sistemas de produção agrossilvopastoris, a intensificação sustentável no cultivo de arroz, a melhor gestão de pastos naturais, a redução dos desperdícios das cadeias agropecuárias, entre outros temas.
“Lá, ao longo de 60 sessões, discutiremos todos os temas com um sentido autocrítico, sabendo que os sistemas agroalimentares são aperfeiçoáveis, mas nunca sistemas malsucedidos”, acrescentou Otero.
“Apresentaremos uma publicação chamada ´Marcos de uma agricultura sustentável nas Américas´, que propõe a importância do plantio direto na agricultura, sobretudo na região dos Pampas, nos Estados Unidos e no Canadá. Além disso, os sistemas agrossilvopastoris em nossas zonas subtropicais, a gestão de pastos naturais, a intensificação sustentável do arroz em diversos países da zona andina e centro-americana, avanços que estamos alcançando na redução dos desperdícios em cadeias estratégicas para a Mesoamérica, como a questão do café, os avanços na agricultura do Caribe, tudo isso demonstra que estamos no processo para uma mudança irreversível e definitiva para a agricultura sustentável das Américas”, complementou.
Otero concluiu indicando que, assim como ocorreu na Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU, realizada em setembro de 2021, em Nova York, a intenção para a COP27 é revalidar três princípios fundamentais que o IICA também tem defendido em prol do setor agrário.
“Os produtores estão no centro de todas as negociações, pois são eles que dão vida, sentido e uma noção de futuro a nossas zonas rurais; a ciência e a inovação como o insumo básico para continuar a melhorar o desempenho, o impacto das políticas setoriais; e o nosso setor como parte da solução, não dos problemas, dadas as contribuições óbvias, evidentes e substanciais que fazem para a mitigação e a adaptação à mudança do clima”, concluiu o Diretor Geral do organismo especializado em desenvolvimento agropecuário e rural do Sistema Interamericano.
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