Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Agricultura Seguridade alimentária e nutricional

A saída da crise causada pela pandemia é uma oportunidade para se transformar o modelo de desenvolvimento e os sistemas agroalimentares da América Latina e do Caribe

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A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) apresentaram o relatório “Perspectivas da Agricultura e do Desenvolvimento Rural nas Américas, um olhar para a América Latina e o Caribe”.

Portada del informe Perspectivas de la Agricultura y del Desarrollo Rural en las Américas, una mirada hacia América Latina y el Caribe.

São José/Santiago, 3 de setembro de 2021 (IICA, FAO, CEPAL) – A saída da crise sanitária, econômica e social causada pela pandemia da Covid-19 é uma oportunidade para se transformar o modelo de desenvolvimento da América Latina e do Caribe e construir sistemas agroalimentares resilientes diante dos riscos futuros.
 
É o que sustenta a nona edição do relatório Perspectivas da Agricultura e do Desenvolvimento Rural nas Américas, um olhar para a América Latina e o Caribe, elaborado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), elaborado por uma equipe interdisciplinar de mais de 30 técnicos das instituições envolvidas.
 
A pandemia provocou uma redução de 7% no PIB regional em 2020 – a maior queda da atividade econômica regional em 120 anos – e a pobreza extrema chegou a níveis que há 20 anos não se viam na região.
 
O documento da CEPAL, da FAO e do IICA faz um apelo a que se reconstrua melhor e ressalta que as ações transformadoras de longo prazo devem ser encaminhadas com o processo de recuperação imediata diante da crise, abordando simultaneamente os problemas sanitários, econômicos e climáticos.
 
Para isso, é central reconhecer o papel da agricultura como fonte de renda, emprego e alimento para a região e o mundo. O documenta assinala que, dado o seu caráter essencial, a produção de alimentos, junto com a saúde, deve estar na primeira linha de prioridades de financiamento e investimento na fase de recuperação e transformação do período pós-pandemia.
 
“A pandemia colocou em evidência a centralidade dos sistemas agroalimentares para a manutenção dos fluxos de alimentos —globais, regionais e nacionais— desde os nossos campos até as populações confinadas por quarentenas e restrições à mobilidade. Também tornou evidentes as nossas vulnerabilidades”, afirmou Alicia Bárcena, Secretária Executiva da CEPAL.
 
O setor agroalimentar foi mais resiliente que os demais setores econômicos aos desafios sanitários, logísticos e financeiros trazidos pela pandemia: as exportações agroalimentares da região aumentaram 2,7% em 2020 em relação a 2019, enquanto o total de exportações caiu 9,1%.
 
Segundo a publicação, o futuro dos sistemas agroalimentares passa pelo estabelecimento de uma relação mais harmoniosa entre os seres humanos e a natureza e pela correção das múltiplas desigualdades sociais, econômicas e territoriais da região.
 
A aceleração da digitalização da agricultura
 
O documento argumenta que, na pós-pandemia, um tema prioritário será a aceleração da digitalização da agricultura.
 
“A agricultura digital pode fazer uma contribuição substantiva para a transformação e o fortalecimento dos sistemas agroalimentares na sua evolução para a sustentabilidade e a inclusão social. As tecnologias digitais podem gerar uma produção mais alta, sustentável e resiliente, mercados mais eficientes e acessíveis, alimentos mais seguros, nutritivos e rastreáveis e, certamente, mais inclusão e melhor qualidade de vida para todos os atores da ruralidade”, disse o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero.
 
Segundo o relatório, a digitalização da agricultura na América Latina e no Caribe é incipiente, mas começa a se acelerar e será inevitável. O seu aproveitamento é ainda baixo e desigual devido a diversas barreiras: enquanto 71% da população urbana dispõe de serviços de conectividade, na população rural esse percentual cai para 36,8%.
 
“Este é e continuará sendo um processo em que os ganhadores serão os que tiverem maior capacidade de inovação, de antecipar-se aos fatos, de descobrir e amplificar as novas soluções e as novas formas de produzir, processar, comercializar, comprar e vender e consumir alimentos”, disse Julio Berdegué, Representante Regional da FAO.
 
Para a transformação dos sistemas agroalimentares, o relatório Perspectivas da Agricultura e do Desenvolvimento Rural nas Américas destaca a necessidade de investimento em boas práticas de gestão sustentável, a promoção do cooperativismo e o aproveitamento das oportunidades que se apresentarem à região para agregar valor ao biológico e gerar novas oportunidades socioeconômicas nos territórios rurais.
 
Também propõe como tocar programas de fomento em um cenário de escassez de recursos fiscais como o que poderá ocorrer nos próximos anos. Indica que as atividades vinculadas à agricultura e à alimentação devem, preferencialmente, se basear em soluções endógenas e de baixo custo, que potencializem os recursos próprios dos agricultores, das suas famílias e das comunidades. A crise é também uma oportunidade para se repensar a agenda de financiamento para o desenvolvimento e promover um processo de reconstrução sustentável e igualitário.

O relatório “Perspectivas da Agricultura e do Desenvolvimento Rural nas Américas, um olhar para a América Latina e o Caribe” pode ser baixado de https://www.agrirural.org/.

Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int

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