
Santa Marta, Colômbia, 19 de maio de 2025 (IICA) – Mais de 500 atores-chave da agroindústria se encontraram na V Conferência Internacional de Biocombustíveis, organizada pela Federação Colombiana de Biocombustíveis (Fedebiocombustibles) na cidade de Santa Marta, em que foi reforçado o trabalho para promover a expansão do setor e o desenvolvimento de novas oportunidades.
A agenda do encontro abrangeu desde o papel dos biocombustíveis na transição energética até a dinâmica do mercado de matérias primas.
Qual é a perspectiva da região latino-americana para o 2050 para alcançar a neutralidade de carbono? Essa foi a primeira pergunta que respondeu Andres Rebolledo Smitmans, Secretário Executivo da Organização Latino-Americana de Energia (OLADE), destacando que a produção de energia renovável se deve multiplicar por três comparado com os níveis atuais, o que implicaria uma expansão de 200%.
“Os biocombustíveis são muito mais do que energia: são uma oportunidade para transformar territórios, gerar emprego rural e avançar a transição energética. Cada gota conta nesse caminho que estamos construindo como país”, expressou Carolina Rojas, Presidente da Fedebiocombustibles, resumindo os temas tratados na conferência.
No painel “Os biocombustíveis na América Latina” apresentou como principais conclusões que a região, e o continente completo, tem avançado no desenvolvimento de álcool e biodiesel para acelerar a descarbonização do transporte terrestre, e são gerados novos desafios com novos biocombustíveis: os combustíveis de aviação sustentável (SAF) e os combustíveis para descarbonizar a navegação.
Os participantes concordaram que para desenvolver esses novos biocombustíveis será muito importante a articulação entre as diferentes organizações e os diferentes países, sobretudo para promover critérios de sustentabilidade homogêneos e baseados na ciência.
Agustín Torroba, especialista internacional em biocombustíveis do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e Secretário Executivo da Coalizão Pan-Americana de Biocombustíveis Líquidos (CPBIO) comentou que muitos países das Américas têm avançado no desenvolvimento dos biocombustíveis terrestres, e que graças ao grande potencial de matérias primas, hoje o continente produz 87% do álcool combustível e 44% do biodiesel do mundo.
“A situação mudou, e se abrem grandes oportunidades e desafios para novos biocombustíveis, que pela sua índole transfronteiriça exigem coordenação regional e internacional. Esses são os SAF e os biocombustíveis sustentáveis marítimos”, assegurou Torroba.
A nova situação nos convoca a intensificar o trabalho conjunto entre os países, o setor privado e os organismos internacionais, segundo o Secretário Executivo da CPBIO, para quem o principal desafio é que as novas regulamentações para os novos setores reflitam padrões de sustentabilidade baseados na ciência e de aplicação global, em vez de múltiplas leis compartimentadas por país ou região como hoje acontece com os biocombustíveis terrestres.
“Além de mercados abertos e em competição para que a região possa aproveitar a enorme oportunidade, precisamos de protocolos claros e homogêneos que facilitem o aumento da demanda de biocombustíveis para o transporte terrestre, marítimo e aéreo”, indicou Luis Zubizarreta, Presidente da Câmara Argentina de Biocombustíveis (CARBIO).
Massimiliano Corsi, Presidente da Câmara Paraguaia de Biocombustíveis e Energia Renovável (BIOCAP), explicou que atualmente o Paraguai tem a mistura de álcool mais alta do mundo, com 30% obrigatório, posicionando o país como referente regional em biocombustíveis líquidos.
“Agora estamos trabalhando para conquistar um avanço gradual similar com o biodiesel, posicionando o país como líder em soberania energética e profundamente conectado ao agro”, adicionou Corsi.
Segundo Álvaro Lorenzo, Gerente da ALUR – Álcool do Uruguai, o país tem aproveitado oportunidades para novos desenvolvimentos em biocombustíveis, destinados à exportação.
“A disponibilidade de matérias primas e pilotos para o desenvolvimento de outras novas (camelina, carinata, pongâmia) junto com a disponibilidade de biomassa e CO2 biogênico, nos permitirá transitar todos os caminhos tecnológicos: ésteres e ácidos graxos hidroprocessados (HEFA), os produzidos com base de CO2 (eFuels) o combustíveis renováveis de origem não biogênica (RFNBO) e o SPK por álcool (SPK-ATJ)”, adicionou Lorenzo.
Para o especialista uruguaio, a demanda de SAF será o dinamizador principal desses novos desenvolvimentos, sem prejuízo ao biodiesel, o álcool combustível e o e-metanol como alternativas para a transição do transporte marítimo.
Bruno Alves, Diretor de Assuntos Públicos e Sustentabilidade da União Nacional do Etanol de Milho do Brasil (UNEM), comentou que o futuro dos biocombustíveis está na diversidade de matérias primas e nas múltiplas aplicações desses produtos.
“A tropicalização da tecnologia de produção de etanol de milho mostrou ser um sucesso no Brasil, crescendo com uma taxa média anual superior a 50% nos últimos sete anos. Esse forte crescimento é vital para a escala necessária ante a demanda que surge com a descarbonização do transporte marítimo. Os países reunidos na Organização Marítima Internacional decidiram recentemente reduzir as emissões 20% até 2030, o que representa uma enorme oportunidade”, concluiu Alves.

Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int