Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura

Biocombustíveis

Países das Américas se posicionaram como fornecedores globais de combustíveis sustentáveis de aviação em importante evento do setor realizado em Montreal

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Em Montreal foram discutidas as conquistas da OACI em questões meteorológicas e ambientais.

Montreal, Canadá, 26 de junho de 2025 — A Coalizão Pan-Americana de Biocombustíveis Líquidos (CPBIO) teve uma participação de destaque na Semana do Clima da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI), realizada em Montreal (Canadá) com a participação dos principais atores do setor, os quais debateram as últimas novidades em questões ambientais.

Durante o evento, a Coalizão — integrada pelas principais associações empresariais e industriais das Américas dedicadas à produção e processamento de açúcar, álcool, milho, sorgo, soja, óleo vegetal e grãos, entre outros produtos do setor agropecuário — avançou no posicionamento da região como fornecedora global de combustíveis sustentáveis de aviação (SAF), no âmbito da transição energética. O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) atua como Secretário Técnico da Coalizão, criada em 2023 em São José da Costa Rica.

Carlos Mateus, Secretário Geral e Diretor Jurídico da Federação Colombiana de Biocombustíveis (Fedebiocombustibles) explicou que, visando abrir espaços para que os países da região participem ativamente na produção, distribuição e uso de SAF e combustíveis marítimos, foi criada uma Força-Tarefa dentro da Coalizão. “Essa iniciativa busca posicionar os nossos países nos principais cenários de decisão internacional”, disse Mateus. 

“O balanço da participação na Semana do Clima da Aviação é altamente positivo. Foram estabelecidos contatos importantes e se avançou em uma agenda que permitirá buscar espaços como observadores em instâncias como o Comitê de Proteção Ambiental da Aviação (CAEP) e o Órgão Assessor Técnico (TAB), a fim de identificar linhas de ação comuns para os países membros nesses e em outros cenários internacionais de decisão”, acrescentou Mateus.

Em Montreal foram discutidas as realizações da OACI em questões meteorológicas e ambientais, a partir da adoção do Objetivo Global Aspiracional de Longo Prazo (LTAG) de zero emissões líquidas de carbono para a aviação internacional em 2050. Também se abordou o Plano de Compensação e Redução de Carbono para a Aviação Internacional (CORSIA), as emissões da aviação não derivadas de CO2, os aeroportos ecológicos, a biodiversidade, a economia circular, a adaptação aos eventos meteorológicos extremos e a resiliência das infraestruturas. 

O IICA e a promoção dos combustíveis sustentáveis de aviação

Agustín Torroba, Especialista Internacional em Biocombustíveis e Energias Renováveis do IICA e Secretário Executivo da CPBIO, teve reuniões estratégicas juntamente com Mateus com a Secretaria Geral da OACI — inclusive com a Diretora de Meio Ambiente e sua equipe —, bem como com delegações de diversos países da região. Também foram realizados encontros com representantes de organismos-chaves, como o CAEP, onde são tomadas decisões fundamentais sobre a qualificação de matérias-primas e rotas tecnológicas para a produção de SAF no âmbito mundial.

Agustín Torroba (IICA-CPBIO) e Carlos Mateus (Fedebiocombustibles), juntamente com o Diretor Geral da OACI, Juan Carlos Salazar, na Semana do Clima da Organização de Aviação Civil Internacional realizada em Montreal.

Torroba também foi orador da sessão chamada “Acelerando a transição para energias mais limpas na aviação: Avaliação do aumento da produção de SAF”. 

“A agricultura é um aliado estratégico para a descarbonização do setor aéreo, por meio do SAF, uma vez que, graças ao poder da fotossíntese da biomassa, permite utilizarmos o CO2 da atmosfera para produzir a matéria-prima biológica que, em seguida, será transformada em biocombustíveis ou em SAF para descarbonizar a aviação”, comentou Torroba em sua apresentação.

Como Secretário Executivo da CPBIO, Torroba insistiu na necessidade de trabalhar para eliminar os hiatos de produtividade nos seis principais cultivos atualmente utilizados para produzir biocombustíveis: cana-de-açúcar, milho, trigo, soja, palma e colza. 

De acordo com um estudo do IICA, eliminando-se esses hiatos de produtividade seria possível produzir as matérias-primas necessárias para obter 500 milhões de metros cúbicos de SAF — sem aumentar um só hectare de terra cultivável — e assim atender praticamente a todos os cenários de consumo de SAF para a descarbonização.

“Uma lição que aprendemos com os biocombustíveis tradicionais é que as matérias-primas precisam ser abundantes, econômicas e sustentáveis, e já sabemos quais são as matérias-primas que funcionam. As seis matérias-primas mencionadas estão vinculadas a cadeias de valor muito desenvolvidas, econômicas, com baixas pegadas de carbonos em muitos locais do mundo e estão relacionadas a duas das tecnologias com o maior grau de desenvolvimento tecnológico atual: os ésteres hidroprocessados e ácidos graxos (HEFA) e o álcool para aviação (AtJ)”, acrescentou Torroba. 

A CPBIO apoia enfaticamente a existência de um único critério global de sustentabilidade. Por isso seus membros ressaltam a importância de que todas as políticas públicas sigam as diretrizes do CORSIA, o que representa uma grande vantagem para os biocombustíveis tradicionais, dadas as cadeias de valor já consolidadas e a familiaridade com certificações de sustentabilidade. 

No âmbito do Fundo Hemisférico para a Resiliência e a Sustentabilidade da Agricultura (FOHRSA), o IICA outorgou financiamento catalítico para mobilizar e alinhar recursos estratégicos em sete iniciativas-chave que abordam vulnerabilidades climáticas críticas na região. Dentre essas, destaca-se a promoção dos combustíveis sustentáveis de SAF, com o objetivo de dinamizar o mercado de biocombustíveis como parte de uma estratégia integral para a descarbonização da indústria aérea nas Américas.

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