São José, 31 de julho de 2025 (IICA) — O Centro Agronômico Tropical de Pesquisa e Ensino (CATIE), centro acadêmico de referência em temas de produtividade e sustentabilidade, terá uma cátedra que levará o nome de Manuel Otero, Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), em reconhecimento da sua tarefa em prol da segurança alimentar global.
O anúncio da criação da Cátedra Interamericana sobre Agricultura Tropical Manuel Otero foi realizado pelo Diretor Geral do CATIE, Luis Pocasangre, na abertura da Conferência Internacional sobre Agricultura Tropical que acontece em São José, Costa Rica, com a participação de prestigiados especialistas na área de todo o mundo.
Otero, veterinário de profissão e de nacionalidade argentina, fez seu mestrado em Produção Animal no CATIE, onde teve o seu primeiro contato com a agricultura tropical, antes de começar sua carreira no IICA. “Durante sua gestão, foi uma grande liderança, tendo contribuído para a inovação e a pesquisa em agricultura tropical e apoiado a sua modernização tecnológica”, destacou Pocasangre.
O titular do CATIE apontou que a instituição acadêmica tem um vínculo histórico com o IICA e valorizou o apoio de Otero ao trabalho educacional. “Em nome do nosso pessoal, queremos dedicar essa cátedra a Manuel Otero com seu nome, por sua extraordinária carreira profissional e contribuição para o fortalecimento da agricultura tropical”.
Responsabilidade em primeiro lugar
“Cheguei ao CATIE em 1976. Como argentino, eu era um típico representante da agricultura temperada. Em poucas horas, eu tinha que fazer um exame de nivelamento em química orgânica. Estava nervoso e cansado, quando vi um tucano pela janela. Então me dei conta de que estava nos trópicos, e que viveria uma grande experiência, embora nunca tenha pensado que viveria e conquistaria tantas coisas”, lembrou Otero.
O Diretor Geral do IICA agradeceu o reconhecimento, valorizou o apoio do pessoal do organismo hemisférico e falou da importância de sua família. “Aceito com gratidão a responsabilidade de saber que temos muito trabalho pela frente. Colocarei todo meu empenho para honrar um reconhecimento que me marcará pela vida toda”, observou.
“Uma nova narrativa da agricultura tropical para a segurança alimentar e nutricional e para a saúde do planeta” foi o título da exposição feita por Otero depois de receber o reconhecimento diante de cientistas, pesquisadores, representantes de organismos internacionais, funcionários de ministérios da agricultura e representantes do setor privado que participam da conferência.
Otero observou que a agricultura tropical é essencial para o mundo, uma vez que representa 40% do comércio agrícola global, abriga a maior biodiversidade agrícola do planeta e proporciona meios de vida para bilhões de pessoas.
A América Latina e o Caribe são responsáveis por 6% do total da produção nos países tropicais, 14% dos empregos e 14% das exportações. “Mais da metade dos agricultores do continente vivem em áreas tropicais”, apontou.
No entanto — alertou —, seu potencial em termos de produtividade, cuidado da biodiversidade, contribuição de biomassa e erradicação da pobreza ainda não está desenvolvido, com exceção do Brasil, que nas últimas décadas fez uma revolução que o transformou em uma potência agropecuária mundial.
“O conhecimento para desenvolver o potencial da agricultura tropical deve ser produzido nos trópicos. Adaptar modelos da agricultura temperada é útil, mas não suficiente. É urgente fortalecer os centros nacionais de pesquisa de excelência, alinhados em âmbito regional e global. O investimento em pesquisa e desenvolvimento ainda é baixo nas áreas tropicais”, alertou Otero, que falou dos caminhos para transformar o commodity tropical em um produto com identidade e valor agregado.
Nesse sentido, chamou a atenção sobre a necessidade de criar novas lideranças, que permitam criar porta-vozes próprios, empoderar cientistas, juventudes rurais, mulheres e líderes comunitários e promover o surgimento de uma diplomacia que represente a agricultura tropical com uma voz potente nos principais foros internacionais.
“Contamos com uma riqueza natural não transformada em produtividade — concluiu —, e precisamos de um maior dinamismo das zonas rurais. Estamos convencidos que o futuro da segurança alimentar mundial depende dos trópicos, mas, para construir uma nova realidade, precisamos de uma nova narrativa. Precisamos de uma estratégia comunicacional voltada aos cidadãos e consumidores. E entender que não pode haver transformação sem ciência relevante para os trópicos. Além disso, devemos deixar claro que a inovação deve ser disruptiva, mas também inclusiva, e que é importante produzir mais, mas conservar ao mesmo tempo”.
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