Buenos Aires, 8 de agosto de 2025 (IICA) – A agricultura tem um papel crucial que realizar na segurança energética global e isso significa uma oportunidade para os países da América Latina, que têm vantagens comparativas para a produção de biocombustíveis, revelaram especialistas no Congresso da Associação Argentina de Produtores de Semeadura Direta (AAPRESID).
O debate sobre a contribuição do agro à segurança energética foi organizado como parte da aliança estratégica com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) que, depois do sucesso de 2024, voltou a ter uma participação destacada no Congresso, com uma seção especial no cronograma de painéis magistrais, uma exposição de fotografia e um side event com foco em agtechs.
A AAPRESID é uma organização de referência mundial e regional, que tem mais de 35 anos de história desenvolvendo sistemas de produção que regeneram o solo e o meio-ambiente. O seu congresso é um evento massivo que cada ano vincula a ciência e a produção com foco na transformação agrícola e os cenários de inovação. Participaram destacados referentes nacionais e internacionais, que durante três dias debatem e projetam os temas essenciais do futuro do setor.
O painel sobre o papel estratégico que a agricultura pode realizar nos planos energéticos da região foi moderado por Hugo Chavarría, Gerente de Inovação e Bioeconomia do IICA, e contou com a participação de Patrick Adam, da Câmara de Bioetanol de Milho da Argentina; Conrado Gattoni, da 2Bsvs, que ajuda os produtores e comerciantes de combustíveis e biomassa a conseguir o certificado de sustentabilidade; e Agustín Torroba, Especialista Internacional em Biocombustíveis do IICA.
Os biocombustíveis são combustíveis feitos a partir do agro que procuram substituir os combustíveis fósseis. O etanol é produzido da cana-de-açúcar, milho ou trigo e é misturado com gasolina. O biodiesel é feito com óleos como o de soja, canola ou até azeites usados e se mistura com o diesel. Hoje a nova fronteira é o combustível de aviação sustentável (SAF, em inglês), que se fabrica a partir de óleos, álcool ou resíduos agrícolas, e procura descarbonizar a aviação.
O etanol e o biodiesel atualmente se misturam com os combustíveis a base de petróleo em 60 e 49 países, respectivamente.
Baixa pegada de carbono
“A nossa região tem uma vantagem comparativa enorme: produzimos com baixa pegada de carbono, cumprimos com exigências ambientais internacionais e temos matéria-prima de sobra. Se valorizamos esses ativos ambientais, como é feito nos mercados como a UE e os EUA, os biocombustíveis podem se converter em uma fonte estratégica de divisas, emprego e inovação”, disse Chavarría, que enfatizou que os países da América Latina devem coordenar suas estratégicas em conjunto, para desenvolver o potencial.
Torroba se referiu às oportunidades abertas pela demanda de SAF e considerou que uma grande vantagem da região é que ela tem cadeias de valor sustentáveis e está acostumada a certificar seus produtos agrícolas.
“A Argentina exporta 30 milhões de toneladas de milho sem agregar valor. Com ele é possível produzir nove vezes o total de SAF que é produzido hoje no mundo. O critério de sustentabilidade está dado porque o milho produzido na Argentina tem uma pegada de carbono inferior a 55% da média global”, adicionou o especialista do IICA, que disse estar a favor de criar um hub regional de produção de SAF.
Os expositores também enfatizaram que os biocombustíveis permitem gerar uma biorefinaria integral, capaz de gerar outros produtos aproveitáveis, como alimento animal e aditivos. Neste sentido, e além de serem uma grande ferramenta para aproveitar as oportunidades do mercado abertas pelos compromissos ambientais internacionais, os biocombustíveis são também um caminho para um valor agregado mais alto e um melhor aproveitamento da biomassa.
Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int