Santiago, 22 de outubro de 2025 (IICA) — Com a presença destacada do Presidente do Chile, Gabriel Boric, o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e a Coalizão Pan-Americana de Biocombustíveis Líquidos (CPBIO) participaram da Décima Semana da Energia em Santiago do Chile, na qual se discutiram desafios técnicos, econômicos e regulatórios para acelerar a descarbonização do transporte nas Américas, especialmente na aviação.
Na reunião, organizada pela Organização Latino-Americana da Energia (OLADE), Boric ressaltou que 70% da eletricidade do Chile vem de fontes limpas, com a meta de alcançar 100% até 2050.
“A energia é, para o século XXI, o que os trens foram para o século XIX: uma condição essencial para o desenvolvimento”, sustentou o Presidente chileno.
“No Chile assumimos os temas de energia como políticas de Estado que transcendem os governos e cores políticas, os quais, além disso, devem ser abordados de maneira intersetorial, pois as mudanças feitas no que concerne à energia impactam em âmbitos essenciais da vida, como a educação das crianças de nosso país”, acrescentou o Mandatário.
O Ministro de Energia do Chile, Diego Pardow, afirmou que o encontro “foi uma oportunidade para mostrar à América Latina e ao Caribe tudo o que o nosso país avançou em energias limpas e em transição energética: conseguimos colocar ordem na casa, em termos tarifários e no âmbito do mercado atacadista, o que permitirá que a próxima administração possa seguir a passo firme no objetivo de cumprir nossas metas de descarbonização”.
Durante a reunião também foi ressaltado o papel estratégico das Américas por sua capacidade agrícola, industrial e tecnológica para escalonar soluções energéticas sustentáveis.
Agustín Torroba, especialista em biocombustíveis do IICA e secretário executivo da CPBIO, participou da sessão sobre o potencial da América Latina e do Caribe para liderar o desenvolvimento de combustíveis sustentáveis de aviação, juntamente com Angelo Gurgel, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT); Heloisa Borges, da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE) do Brasil; e Juan José Toha, da LATAM Airlines.
“O Brasil avança com o programa Combustíveis do Futuro, que integra biodiesel, HVO, combustíveis sustentáveis de aviação (SAF), biometano, etanol e captura e armazenamento de CO₂ em uma estratégia coerente de transição energética que aposta na força dos biocombustíveis. O Brasil continua apostando em uma política que combina inovação, segurança energética e compromisso com a descarbonização”, sustentou Borges.
“Descarbonizar a aviação é uma tarefa necessária, mas desafiadora. Os SAF oferecem um caminho importante para a descarbonização na América Latina, mas são demandadas outras medidas para alcançar as metas de zero emissões líquidas, como melhorias na eficiência operacional e do tráfego aéreo, a renovação da frota de aeronaves, métodos alternativos de propulsão e compensações e remoções de carbono”, explicou Gurgel.
O especialista também afirmou que a unificação dos enfoques de descarbonização nos países latino-americanos garantirá a competitividade e as economias de escala, bem como evitará a fuga de emissões de carbono.
Dado que os preços dos SAF serão pelo menos o dobro do atual combustível para aviões, serão necessárias políticas governamentais e mecanismos regulatórios que permitam atrair investimentos em SAF para a região e fazer com que eles sejam comercialmente viáveis, paralelamente equilibrando o impacto das medidas de descarbonização na demanda de passageiros e a conectividade.
“No curto e médio prazo veremos o desenvolvimento massivo dos biocombustíveis sustentáveis de aviação, e provavelmente os biocombustíveis sustentáveis marítimos. E para desenvolvê-los, as cadeias de valor agrícola serão vitais. Em nossa região continuarão a se destacar a cana-de-açúcar, o milho, a soja, a colza e a palma como matérias-primas fundamentais para a produção de biocombustíveis sustentáveis, ao mesmo tempo em que agreguem valor ao setor agrícola e gerem empregos verdes de qualidade”, concluiu Torroba.
Durante a jornada, Andrés Rebolledo foi reeleito como Secretário Executivo da OLADE para o período 2026-2029, em reconhecimento por sua liderança na integração energética regional e no fortalecimento institucional da organização.
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