Belém do Pará, Brasil, 24 de novembro de 2025 (IICA) — A bioeconomia foi um dos temas mais presentes na COP30, a conferência multitudinária que convocou governos, organizações, ativistas e comunidades na Amazônia brasileira.
Nesse cenário de enorme visibilidade global, o Instituto Interamericano de Cooperação (IICA) mostrou a diversidade da bioeconomia do continente, bem como as potencialidades comuns que existem para promover o desenvolvimento nos territórios rurais.
Iniciativas que estão sendo desenvolvidas na Amazônia, nos Andes, na Mesoamérica e no Caribe atraíram o interesse dos participantes da Casa da Agricultura Sustentável das Américas, denominação do pavilhão do IICA que esteve presente pela quarta vez consecutiva em uma COP, depois das experiências no Egito, Emirados Árabes Unidos e Azerbaijão.
No pavilhão do IICA na COP30, foi promovido um intercâmbio estratégico de alto nível entre líderes governamentais, institucionais e do setor produtivo das diversas bioeconomias das Américas, em que foram reconhecidos os avanços, desafios e complementaridades e identificadas ações conjuntas visando fortalecer uma agenda regional de bioeconomia sustentável, inclusiva e transformadora para a agricultura e os sistemas agroalimentares.
O IICA desenvolve um sólido programa de bioeconomia, com a convicção de que o aproveitamento sustentável dos recursos biológicos pode gerar empregos, diversificar a produção, restaurar ecossistemas e criar novas cadeias de valor.
Em 2023, o organismo hemisférico criou a Rede Latino-Americana de Bioeconomia, que hoje é composta por cerca de 100 instituições de 18 países e é um espaço de discussão e promoção de iniciativas, explicou, em Belém do Pará, Hugo Chavarría, responsável pela direção de Cooperação Técnica.
Costa Rica, país pioneiro
Fernando Vargas, Vice-Ministro da Agricultura e Pecuária da Costa Rica, contou, no pavilhão do IICA na COP30, que a bioeconomia está mudando o modelo produtivo do país centro-americano, que se propôs a valorizar a sua extraordinária biodiversidade e foi pioneiro na região na elaboração de uma estratégia nacional nesse assunto.
“Temos implementado novas formas de produzir que não apenas estão em harmonia com o ambiente, como são mais competitivas em setores como o café, o arroz e a cana-de-açúcar. No setor pecuário demos grandes passos para aproveitar os resíduos para contar com adubos orgânicos e hoje estamos engajados com o próximo passo, que é destiná-los à produção de energia elétrica”, explicou.
Vargas contou sobre alguns resultados do desenvolvimento do programa Agropaisagens Sustentáveis, lançado na Costa Rica, e revelou que já foram lançados selos setoriais que certificaram a produção tanto em neutralidade de carbono como na ausência de desmatamento.
“A questão ambiental está no DNA dos costarriquenhos. A nossa matriz de energia é de 98% e hoje estamos fomentando o crescimento de mais fontes renováveis, que nos permitem baixar custos de produção”, disse Vargas.
O Vice-Ministro, entretanto, alertou que é imprescindível promover o intercâmbio de conhecimentos entre os países da região, a padronização de metodologias, aprofundar políticas baseadas em evidências científicas e atrair um maior apoio financeiro.
No mesmo sentido, o Diretor Geral eleito do IICA, Muhammad Ibrahim, alertou que os desafios são tão grandes que requerem unir forças, compartilhar aprendizados e construir soluções conjuntas que integrem a ciência, a política, a inovação e a cooperação.
“O IICA — explicou — está avançando em uma nova narrativa para a agricultura, que promove uma visão sistêmica da agricultura, integrando o seu papel com a energia, o transporte e a saúde. Nesse contexto, a bioeconomia representa uma nova fronteira da ciência. Sabemos que a maior abundância de biodiversidade e recursos naturais está nas Américas. E há dados concretos que mostram que a implementação da bioeconomia gera crescimento econômico, empregos e inclusão social para as zonas rurais”.
Ibrahim — que foi eleito neste mês pelos ministros de agricultura das Américas e sucederá, em janeiro, ao argentino Manuel Otero na condução do IICA — anunciou que aprofundará o trabalho do organismo no fortalecimento de capacidades e no desenvolvimento de incubadoras de bioeconomia. “Os tomadores de decisões dos países precisam de informações sobre o verdadeiro impacto econômico, social e ambiental da bioeconomia”, afirmou.
A bioeconomia também está mostrando o seu potencial na Amazônia, segundo explicou Edith Paredes, Diretora da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).
“Onde há vontade, há um caminho. As agendas nacionais da bioeconomia são diversas, mas, apesar disso, estamos avançando juntos. A Amazônia tem características próprias que devem ser diferenciadas. Não temos dúvida de que a bioeconomia é uma alternativa de desenvolvimento e inclusão para povos indígenas e as comunidades locais”, disse Paredes.
“A Amazônia — concluiu — tem uma enorme oferta de produtos e serviços naturais que devemos potencializar, trabalhando em rede e visibilizando seus recursos. Estamos sentados em mina de ouro. Com a bioeconomia, a Amazônia pode ser uma região de soluções”.
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