
São José, 30 de julho de 2025 (IICA) — A agricultura tropical da América Latina e do Caribe é crucial para a segurança alimentar do planeta e é hora dela receber um maior apoio para transformar a sua enorme riqueza natural em produtividade. Essa foi a mensagem central na abertura de uma conferência intercontinental que reúne vários dos especialistas mais prestigiados do mundo no assunto em São José, Costa Rica.
O evento de três dias de debates e trocas de experiências foca nos caminhos para escalar a produção agropecuária sustentável e resiliente nas zonas tropicais, por meio da construção de pontes entre produção, educação, ciência, inovação e finanças.
A sede central do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) foi palco da abertura da conferência que, nos dois dias seguintes, passará para o Centro Agronômico Tropical de Pesquisa e Ensino (CATIE), instituição acadêmica de referência em temas de inovação e desenvolvimento sustentável, localizada na cidade de Turrialba e de estreita relação com o IICA.
O Ministro da Agricultura e Pecuária da Costa Rica, Víctor Carvajal; a ex-Senadora mexicana, referência em temas de desenvolvimento rural sustentável e Embaixadora da Boa Vontade do IICA, Beatriz Paredes; o Diretor Geral do CATIE, Luis Pocasangre; e o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, abriram a conferência.
Além de renomados cientistas especialistas em agricultura tropical, participam do encontro representantes da Parceria Biodiversity-CIAT, do Banco Mundial, do FONTAGRO, do Instituto Internacional de Pesquisa sobre Políticas Alimentares (IFPRI) e de outras instituições internacionais que desempenham um papel importante no financiamento e no desenvolvimento de tecnologias para a segurança alimentar, bem como funcionários de ministérios da agricultura e representantes do setor privado.
O Ministro Carvajal destacou que as mudanças que estão ocorrendo na dinâmica comercial em âmbito global estão fazendo com que as margens se estreitem e que a necessidade de investimento em pesquisa e novas tecnologias seja cada vez maior.
“No entanto — alertou —, os recursos não necessariamente abundam nos países nem nas empresas. Por isso é indispensável compartilhar conhecimentos e experiências; sempre que fazemos isso, produtores e consumidores ganham”.
Carvajal valorizou o esforço do IICA para gerar esse tipo de encontro e destacou a variabilidade climática como uma das questões mais desafiadoras que afligem todos os países e agricultores nos trópicos.
Pocasangre fez um reexame da relação histórica do CATIE com o IICA e da tarefa formativa do centro acadêmico em temas relacionados com a agricultura, gestão, conservação e uso sustentável dos recursos naturais, que atrai milhares de profissionais.
“Com o IICA — disse — construímos uma amizade e, sobretudo, um esforço conjunto pela agricultura tropical e pelos países”.
Pocasangre valorizou especialmente a participação, na conferência, de especialistas de renome internacional, como o professor Rattan Lal, considerado o maior especialista mundial em ciências do solo, e Rodomiro Ortiz, catedrático da Universidade Sueca de Ciências Agrícolas. Também destacou a tarefa profissional de Muhammad Ibrahim, ex-Diretor Geral do CATIE e, até recentemente, Diretor de Cooperação Técnica do IICA.
Eixo para o desenvolvimento global
A ex-Senadora Paredes, que é Embaixadora da Boa Vontade do IICA para temas de Desenvolvimento Sustentável e Equidade Social, afirmou que a agricultura tropical, longe de ser um tema periférico, é um eixo central para o desenvolvimento global.
“No entanto — reconheceu —, nas zonas tropicais do nosso continente, apresentam-se desafios estruturais. Um deles é a desigualdade: há regiões com alta tecnologia e outras em que a produção se dá em condições praticamente arcaicas. A modernização ajuda não só a gerar riqueza, mas também a estabilizar a política, fortalecer as economias dos países e garantir a participação das populações de forma justa. Lamentavelmente, a agricultura tropical tem sido subvalorizada”.
Paredes, também ex-Embaixadora do México no Brasil, também mencionou que os agricultores familiares e as comunidades indígenas, que trabalham e são donos de extensões significativas de terras nos trópicos, devem ter acesso a crédito e a políticas públicas que os permitam progredir.
“Devemos repensar o desenvolvimento dos trópicos com a consciência de que precisamos envolver os protagonistas, que são os marginalizados da terra”, observou.
A ex-Senadora se referiu às oportunidades concretas que existem para transformar a agricultura tropical e destacou que muitas foram desenvolvidas pelo CATIE, como os sistemas agroflorestais e silvopastoris que permitem produzir por meio de modelos que combinam árvores, cultivos e pecuária de maneira integrada, protegendo o solo, preservando a água e diversificando as receitas rurais.
“Hoje, mais do que nunca, deve ser o momento dos trópicos na América Latina. Deve ser uma prioridade na alocação de orçamentos, de financiamentos pertinentes e de políticas inovadoras de natureza nacional e internacional. Sejamos audaciosos e precursores, como o foram os criadores do IICA, os fundadores do CATIE e os maias e olmecas originários no trópico profundo”.
Otero, por sua vez, observou a importância de continuar reunindo esforços entre os diversos atores da agricultura como o único caminho para favorecer uma maior produtividade e contribuir para a construção de melhores condições de vida para as comunidades rurais.
“Em lugar de nos queixarmos do cenário internacional, devemos todos nos unir e avançar em uma construção coletiva. Mais do que nunca, não há outra opção senão construir consensos. Devemos gerar acordos e avançar”, afirmou.
“A agricultura tropical — acrescentou — está trabalhando em sua transformação, para que essa parte do mundo se consolide como o grande protagonista em temas de segurança alimentar e nutricional, bem como de segurança energética. Devemos transformar o potencial que temos em ato”.
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