
Debate sobre a regulamentação para a integração das energias renováveis nos setores de gás e hidrocarbonetos líquidos. Participaram Augusto Bonzi (BID), Carlos Casares (ENARGAS, Argentina), Natalie McCoy (ERSE, Portugal), Omar Chambergo (OSINERGMIN, Peru), Agustín Torroba (IICA-PBIO), Joan Batalla (SEDIGAS, Espanha) e Andrés Cardozo (URSEA, Uruguai).
São José, Costa Rica, 30 de maio de 2025 (IICA) — Durante o encontro anual da Associação Ibero-americana de Entidades Reguladoras da Energia (ARIAE), realizado em São José e em Guanacaste, Costa Rica, ocorreu o II Foro Empresarial da entidade, ao qual assistiram cerca de 200 pessoas, inclusive o Ministro de Ambiente e Energia da Costa Rica, o Secretário Executivo da Organização Latino-Americana da Energia (OLADE) e autoridades da Secretaria Geral Ibero-americana (SEGIB); a XV Junta Anual Ordinária da Assembleia Geral da ARIAE, à qual assistiram 17 instituições reguladoras da ARIAE; e a XXVI Reunião Anual de Reguladores de Energia de ARIAE.
No decorrer de três jornadas, foram abordados os últimos desenvolvimentos das tecnologias emergentes nos setores de eletricidade, gás e hidrocarbonetos líquidos, para conhecer seus benefícios em prol da descarbonização, além do intercâmbio de experiências e boas práticas no âmbito da regulamentação para a transição energética, do acesso universal à energia, da segurança cibernética, da segurança do suprimento e da flexibilidade e introdução de energias renováveis nos setores de gás e de hidrocarbonetos líquidos.

José María Gonzalez (APPA), Blanca Perea (Naturgy Energy Group) e Natalie McCoy (ARIAE) no painel sobre Tecnologias de Descarbonização do setor de gás e produtos do petróleo.
Os biocombustíveis como alternativa tecnológica para a descarbonização
O painel “Tecnologias de descarbonização no setor de gás e produtos do petróleo” foi moderado porNatalie McCoy, representando a ARIAE, que afirmou que podemos descarbonizar muitos setores, mas não todos, e por isso devemos avançar com alternativas sustentáveis.
Agustín Torroba, especialista internacional em biocombustíveis do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e Secretário Executivo da Coalizão Pan-Americana de Biocombustíveis Líquidos (CPBIO), explicou que os biocombustíveis representam uma alternativa imediata para descarbonizar o setor do transporte dentro do atual paradigma de combustão interna.
“Os biocombustíveis representam uma melhoria ao que já temos, eles já foram incentivados pelo princípio de segurança energética, favorecendo também o desenvolvimento rural em várias regiões da América Latina, enquanto também se reduz a pegada de carbono em 80%, combatendo assim a mudança do clima e aumentando a qualidade do ar que respiramos”, acrescentou Torroba.
Segundo Torroba, também estão emergindo com força os combustíveis sustentáveis de aviação (SAF), uma vez que é muito difícil eletrificar ou mudar a matriz desse setor para hidrogênio verde. É por isso que 65% da redução de gases de efeito estufa (GEE) virá dos SAF até 2050, e está acontecendo o mesmo com os combustíveis marítimos.
Joan Batalla, Presidente da Associação Espanhola de Gás (SEDIGAS), referiu-se aos gases renováveis como o caminho para uma descarbonização resiliente, sobretudo no que diz respeito ao biometano e o hidrogênio verde.
Por sua vez, José María González, Diretor Geral da Associação de Empresas de Energias Renováveis (APPA) — a qual agrupa o setor das energias renováveis na Espanha — ressaltou a necessidade de descarbonizar o setor automotor para aumentar a eficiência energética por meio da eletrificação. No entanto, existem limites físicos e econômicos para a eletrificação, por isso o biogás aparece como uma alternativa a outros vetores energéticos ,como o hidrogênio.
Blanca Perea, Diretora Global de Regulamentação e Integração de Redes da empresa espanhola Naturgy Energy Group, abordou a questão sobre o nível de circularidade global em que estamos, que é de apenas 7% atualmente, o que se traduz em problemas ambientais.
“A molécula do biometano é a mesma do gás natural, o que permite um aproveitamento da infraestrutura já existente desde, desde as usinas até as redes de transporte e distribuição”, esclareceu Perea.
XXVI Reunião Anual de Reguladores de Energia da ARIAE
Com a presença de mais de cinco reguladores e convidados de instituições internacionais, a reunião anual da ARIAE contou com sessões que levaram ao intercâmbio de experiências e boas práticas no âmbito da regulamentação para a transição energética, do acesso universal à energia, segurança cibernética, segurança do suprimento e flexibilidade e introdução de energias renováveis nos setores de gás e de hidrocarbonetos líquidos.
Torroba, representando o IICA e a CPBIO, ressaltou que 40% das emissões de GEE na América Latina correspondem ao setor de transporte e que o market-share de veículos elétricos é de apenas 1%, de modo que chegaremos em 2050 com uma frota terrestre sobretudo de combustão interna.
“Haverá várias transições energéticas em cada região, dependendo de suas condições econômicas: em nosso caso, a biomassa produzida em nosso continente chega com uma pegada de carbono muito baixa, graças à eficiência da agricultura. A descarbonização é um combo de soluções tecnológicas, e cada país se adaptará em função dos seus recursos”, concluiu Torroba.

Natalie McCoy (ARIAE), Joan Batalla (SEDIGAS, Espanha) e Agustín Torroba (IICA-PBIO) no Painel sobre Tecnologias de Descarbonização no Setor de Gás e Produtos do Petróleo.
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