São José, 29 de setembro de 2025 (IICA) — Com o objetivo de reforçar a segurança alimentar e promover a sustentabilidade e a transparência na cadeia de suprimento agropecuária, um grupo de líderes tecnológicos do setor acadêmico, governamental e privado explicaram por que a digitalização do setor agroalimentar é uma necessidade urgente para revolucionar a rastreabilidade desde a produção até o consumo final.
O encontro ocorreu no âmbito da Semana da Agricultura Digital (Semana AD), organizada pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) em sua sede central, em São José.
José Emilio Guerrero, catedrático da Universidade de Córdoba, Espanha, ressaltou que “é necessário que façamos alimentos mais saudáveis e sustentáveis para o planeta e as tecnologias da informação e da comunicação desempenham um papel relevante no impulso necessário para isso”.
Eva-Marie Meemken, professora assistente do Departamento de Ciências do Sistema Ambiental do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, ressaltou as deficiências dos enfoques tradicionais na coleta de dados agrícolas e mencionou que “os enfoques digitais podem melhorar o que nos falta nos enfoques convencionais”, como a objetividade das medições, a velocidade, a frequência e o alcance do monitoramento e a redução de custos.
Indicou que, embora os enfoques tradicionais sejam dependentes de dados autodeclarados e pesquisas em propriedades rurais, correm o risco de apresentar problemas como imprecisões e atrasos na coleta de dados. Embora o enfoque digital requeira um investimento inicial e despesas contínuas, explicou Meemken, “o monitoramento digital está ganhando importância e traz oportunidades e desafios que demandam ações das partes interessadas e alcançar associações mundiais”.
Inovações tecnológicas que fazem a diferença
Entre as experiências mais destacadas no evento, Gabriel Osorio, Diretor do Sistema Nacional de Informações Pecuárias do Uruguai, apresentou um modelo de rastreabilidade digital que permite ao produtor efetuar a gestão eletrônica de declarações juramentadas e renovações de marcas, fazer controles de seus estabelecimentos e ver registros animais. Esse sistema facilita a análise de dados e apoia a fiscalização e a visualização de informações em tempo real.
Francisco García Mansilla, responsável pela originação FAS da Viterra Argentina, mencionou que a digitalização tende a converter os commodities em especialities, principalmente em um contexto de requisitos de sustentabilidade cada vez maiores para a produção agropecuária. Nesse âmbito, apresentou iniciativas de rastreabilidade implementadas pela companhia com base na integração de plataformas utilizadas atualmente pelos produtores, como sistemas de gestão de dados em nuvem e monitoramento de cultivos.
No âmbito privado, Darío Baudino, CEO da Tracestory, apresentou uma plataforma digital inovadora que utiliza imagens de satélites para verificar a origem dos produtos e sua rastreabilidade ao longo da cadeia de suprimento.
Hairo Marín Leito, engenheiro de sistemas da Ceiba Soluciones, uma empresa costarriquenha que desenvolve software de gestão de processos para a agroindústria, comentou sobre a baixa digitalização das pequenas e médias empresas do setor, o que resulta em uma rastreabilidade frágil.
“Nossa proposta é oferecer um software com uma plataforma Web moderna, que integra balanças, indicadores de pesagem e tecnologia LED para obter a percentagem de carne utilizável, permitindo obter informações úteis para o produtor”, explicou.
Ignacio Iturriaga, cofundador da Digirodeo, apresentou várias ferramentas inovadoras para alcançar uma rastreabilidade completa na pecuária bovina. Elas incluem um chip eletrônico para ler cada animal à distância, dispositivos eletrônicos para contabilizar e pesar animais e uma seringa inteligente para controlar os medicamentos administrados no gado, garantindo que cheguem limpos ao matadouro.
Colaboração e políticas públicas: pilares da transformação digital do setor agropecuário
A SAD permitiu abordar um conjunto de conclusões essenciais que indicam a necessidade de um enfoque colaborativo e um alinhamento entre os diversos atores do setor agrícola e tecnológico. Participaram desse painel: José Emilio Guerrero, Catedrático da Universidade de Córdoba; Oriana Gómez, CEO da Visualiti; Mariana Vasconcelos, CEO da Agrosmart; Oliver González, responsável pela Infoagro Global; Rodrigo Saldías, Representante do IICA no Uruguai; Jeremías Lachman, da Universidade de Buenos Aires; e Vitor Mondo, da EMBRAPA.
Os especialistas concordaram que a digitalização do setor agrícola deve ser promovida por políticas públicas para enfrentar os desafios do setor e que é necessário trabalhar de maneira colaborativa, coordenando e integrando ações. “Agradeço o papel do IICA pelo trabalho que fizeram para articular e gerar convergência entre os diversos ecossistemas, sendo uma oportunidade grandiosa. A integração pode gerar força. Parabenizo a organização”, concluiu Lachman.
Federico Bert, Gerente do Programa de Digitalização Agroalimentar do IICA; José Emilio Guerrero, Catedrático da Universidade de Córdoba; Oriana Gómez, CEO da Visualiti; Mariana Vasconcelos, CEO da Agrosmart; Oliver González, responsável pela Infoagro Global; Rodrigo Saldías, Representante do IICA no Uruguai; Jeremías Lachman, da Universidade de Buenos Aires; e Vitor Mondo, da EMBRAPA.
Agtechs e IICA definem roteiro regional
Durante o encontro, os representantes das agtechs propuseram eixos estratégicos para promover a transformação digital do setor agropecuário nas Américas. Algumas das ações seriam, entre outras, o desenvolvimento de um repositório regional de soluções tecnológicas, a criação de um foro político-técnico permanente com o IICA e os ministros e a construção de um marketplace regional que conecte empreendimentos com investidores e fundos multilaterais.
“Quanto mais nos alinharmos em uma só voz, mais longe podemos chegar, pois as nossas vozes têm o mesmo valor”, expressou Oriana Gómez, CEO da Visualiti, que apresentou os cinco eixos em nome da Rede de Agtechs que o IICA promove desde 2022.
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