Os 130 estudantes da UPAZ que se formaram de forma presencial e virtual obtiveram seus mestrados e doutorados em áreas de Meio-Ambiente e Desenvolvimento, Direito Internacional, Estudos de Paz e Conflitos e Estudos Regionais.
São José, 13 de junho de 2024 (IICA) – O Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, como orador principal da cerimônia de formatura de uns 130 alunos de 60 países que comemoram a finalização dos seus mestrados cursados na Universidade para a Paz (UPAZ), pediu aos estudantes que valorizem e fortaleçam o papel crucial do agro e dos sistemas agroalimentares para a paz, dadas as suas contribuições para a segurança alimentar, o desenvolvimento econômico e a coesão social.
No meio do bosque verde do campus da UPAZ localizado a 25 quilômetros de São José e convidado à cerimônia pelo reitor Francisco Rojas Aravena, Otero explicou que em 2023 pelo menos 300 milhões de pessoas no planeta passaram fome, a maioria devido a conflitos armados.
Nas zonas rurais, continuou, esses conflitos enfraquecem a governança e destroem a agricultura, criando um ambiente de insegurança e violência que força as migrações e provoca uma competição descomedida pelos recursos naturais.
Otero pediu aos diplomados que incorporem em suas agendas de trabalho a dimensão da relevância do setor agrícola da América Latina e do Caribe pelas suas contribuições econômicas, sociais e políticas, e também para as relações internacionais e o peso global dos países da região, considerando o seu papel como exportadores de alimentos e energia e por ser uma zona dotada de recursos naturais.
O Diretor Geral do IICA falou em um auditório na presença das 300 pessoas que participaram da cerimônia de fechamento do ano acadêmico 2023-2024 da UPAZ, instalada na Costa Rica desde sua criação em 1980 por resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas. A UPAZ está estabelecida como um organismo internacional nesse país, assim como o IICA, cuja sede central também está em São José desde sua origem em 1942.
Os 130 estudantes da UPAZ que se formaram de forma presencial e virtual obtiveram seus mestrados e doutorados em áreas de Meio-Ambiente e Desenvolvimento, Direito Internacional, Estudos de Paz e Conflitos e Estudos Regionais.
Entre as pessoas formadas este ano pela UPAZ, provenientes de todas as regiões do mundo, pelo menos duas terceiras partes são mulheres.
“Escolher uma carreira, um mestrado, uma universidade, geralmente é uma das decisões mais importantes das nossas vidas. Mas escolher a paz como principal reitor desse esforço mostra a intensidade e profundidade do seu compromisso social e sua responsabilidade de alcançar um dos mais altos ideais do desenvolvimento humano”, disse Otero aos diplomados.
Francisco Rojas Aravena, reitor da Universidade, concordou com Otero e fez um pedido para a proteção do legado de “democracia, liberdade, cooperação, solidariedade e paz”, nascido das ruínas da Segunda Guerra Mundial.
“O sistema democrático só é possível na paz”, assegurou Rojas.
Crucial para o desenvolvimento
“A paz, e a sua ausência, nos afetam a todos, bem como a inumeráveis aspectos do nosso planeta, nossa casa comum, inclusive os recursos naturais. Nesse contexto, convido-os a refletir sobre o papel fundamental da agricultura na construção da paz através das contribuições sociais, econômicas e ambientais. A agricultura, os agricultores e agricultoras e os territórios rurais são o ecossistema crítico para a segurança alimentar e nutricional das nossas sociedades. Por tanto, são críticos para a paz”, assegurou o Diretor Geral do IICA.
Nessa linha, comentou que a integração do mundo, o comércio e os avanços científicos e tecnológicos dos últimos dois séculos mudaram a natureza das relações entre os países, porém não a sua intensidade. “A agricultura o os sistemas agroalimentares continuam sendo um componente substancial, se não o mais importante, das atividades humanas”.
Como exemplo dessa importância para o planeta, explicou que na América Latina e no Caribe a agricultura e os sistemas agroalimentares geram mais de 30% do produto interno bruto e cerca de 14% dos empregos, e por isso são absolutamente relevantes para a atenção à pobreza, nutrição, saúde e coesão social.
O agro dessa região, enfatizou, também enfrenta vulnerabilidades com respeito à mudança climática, com eventos climáticos extremos como secas, enchentes e furacões.
Uma região de paz
Frente ao desafio de avançar para uma agricultura mais resiliente à mudança climática e os eventos extremos, mais sustentável e eficiente ao usar recursos naturais e capaz de alimentar a população mundial crescente, Otero convocou a que sejam otimistas e considerem a ciência como uma aliada para impulsionar uma nova “Revolução Verde”, como a que foi liderada pelo agrónomo e geneticista americano Normal Borlaug na década de 1960 e que permitiu o incremento rápido da produção de trigo, arroz e milho para combater a insegurança alimentar.
“Acredito que uma nova revolução verde é possível porque, em geral, a América é uma região de paz e cooperação. Isso nos fornece um imenso capital social para enfrentar nossos desafios e os do mundo”, asseverou Otero.
“A vocês, os formados de 2024, a gama de programas inovadores que seguiram na UPAZ os coloca em uma posição forte para contribuir significativamente e marcar a diferença ao abordar esses e outros desafios complexos do mundo atual que comprometem a paz mundial”, concluiu.
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