O IICA lançou o “Atlas dos biocombustíveis líquidos 2020-2021”, uma ferramenta informativa precisa, confiável e detalhada sobre as principais variáveis em termos de biocombustíveis.
São José, 16 de setembro de 2021 (IICA). Os biocombustíveis líquidos se tornaram uma importante ferramenta para a descarbonização do transporte terrestre e é o setor agropecuário o que aporta as matérias-primas fundamentais para industrializar e produzir esses combustíveis biológicos mais ecológicos.
A produção e o consumo de biocombustíveis líquidos — estabelecidos como uma opção de transição energética limpa — diminuiu de forma significativa em 2020, devido às restrições de mobilidade e à queda da atividade econômica.
No entanto, os dados sobre o primeiro semestre de 2021 mostram uma recuperação relevante depois que, entre 2000 e 2019, a produção e o consumo de biocombustíveis líquidos se multiplicou por 11.
De acordo com o “Atlas dos biocombustíveis líquidos 2020-2021”, recentemente publicado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), em 2020 as matérias-primas mais utilizadas na produção de biodiesel foram os óleos vegetais, entre os quais se destacam o de palma (32%), o de soja (26%) e o de canola (15%).
Os 27% restantes correspondem a outras matérias-primas, como os óleos vegetais usados, gorduras animais e outros óleos vegetais virgens, como o de girassol. Igualmente, o milho e a cana-de-açúcar foram as matérias-primas mais utilizadas na produção de bioetanol, com uma participação de 63% e 30%, respectivamente.
Assim, o biodiesel é produzido a partir de matérias-primas biológicas para substituir o diesel fóssil; e o bioetanol para substituir gasolinas originadas a partir de petróleo.
Neste ano, a diminuição das restrições de mobilidade veicular, em comparação com 2020, permitiram que o consumo de biocombustíveis líquidos, no nível agregado, decolasse, com resultados positivos na União Europeia, nos Estados Unidos, na Indonésia, na Índia e na Argentina.
Dessa maneira, diversos cenários projetam um aumento do consumo mundial na ordem de 5% a 8% ao ano em 2021, em comparação com 2020.
O crescente consumo de biocombustíveis foi impulsionado pela formulação de políticas públicas que autorizam e, em muitos casos, promovem o seu uso.
Neste sentido, um dos instrumentos mais utilizados pelos países é a reserva de cotas de mercado, denominada “mandatos de uso de biocombustíveis”.
Em 2020, 65 países estabeleceram mandatos com diversos graus de rigidez e cumprimento. Além disso, Estados subnacionais aplicam essa classe de instrumentos, segundo seu grau de descentralização.
As Américas têm uma participação destacada tanto na produção como no consumo e no estabelecimento de “mandatos de uso de biocombustíveis”, especialmente na região sul e norte do continente.
De acordo com o especialista internacional em biocombustíveis do IICA, Agustín Torroba, o “Atlas dos biocombustíveis líquidos 2020-2021” é uma importante ferramenta que permite que os técnicos governamentais e os decisores de políticas públicas disponham de informações precisas, confiáveis e detalhadas sobre as principais variáveis em termos de biocombustíveis. Isso lhes permite estar atualizados com as últimas tendências globais e ter informações completas para a articulação de estruturas normativas e a formulação de políticas públicas.
Além de seu uso no transporte terrestre, os biocombustíveis começaram a ser usados em outros setores, como a aviação. Neste sentido, em 2007, o biojet (biocombustível que substitui o combustível fóssil jet fuel) mostrou seus primeiros consumos regulares e, a partir de 2020, começou a ser significativamente utilizado, devido a uma nova capacidade instalada. Além disso, diversos países começaram a analisar e implementar mandatos de uso de biocombustíveis nesse segmento.
Os governos da Noruega e da Suécia promulgaram leis em apoio aos biocombustíveis sustentáveis na aviação, enquanto a França está discutindo um mandato a esse respeito para a sua introdução no curto prazo. Também em outros Estados membros da União Europeia (UE), inclusive na Alemanha, nos Países Baixos e na Espanha, o assunto tem sido debatido; nos Estados Unidos, várias iniciativas desse setor estão em andamento; e o Brasil já possui especificações de qualidade aprovadas.
Atualmente os biocombustíveis líquidos continuam a se consolidar como parte de uma transição mais limpa, no âmbito de um paradigma de mobilidade baseado na combustão interna.
Enquanto novos paradigmas de mobilidade (eletromobilidade, propulsão por hidrogênio etc.) começam a se desenvolver com um tempo de massificação considerável, os biocombustíveis constituem uma alternativa ambientalmente mais sustentável do que os combustíveis fósseis, sem grandes mudanças técnicas. Além disso, permitem agregar valor e diversificar a produção agropecuária, gerando emprego e impactos econômicos positivos nos produtores rurais.
Acesse a publicação do IICA “Atlas dos biocombustíveis líquidos 2020-2021”
https://repositorio.iica.int/bitstream/handle/11324/18661/BVE21097939e.pdf?sequence=1&isAllowed=y
Mais informação:
Agustín Torroba, especialista internacional em biocombustíveis do IICA.
agustin.torroba@iica.int