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Especialistas pedem ação coordenada para conter a pandemia que ameaça as bananas

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A banana é o quarto cultivo alimentar de maior produção no mundo (atrás do trigo, do arroz e do milho) e o quinto cultivo não processado mais consumido no planeta.

Aunque la R4T no afecta la salud humana y no supone un riesgo para quienes coman banano, puede destruir plantaciones enteras de un cultivo del que dependen los ingresos de miles de familias rurales en 135 países del mundo, entre ellos muchos de América Latina y el Caribe.

São José, 17 de fevereiro 2021 (IICA). Suporte econômico de milhares de pequenos produtores e suas famílias nas zonas tropicais do mundo, a banana hoje está ameaçada. Uma doença originada no sudeste asiático, que murcha o cultivo até matá-lo, está se disseminando por plantações de todo o mundo.

Trata-se de um tema de alto impacto para as populações vulneráveis: longe de ser uma questão técnica que deva atrair a atenção exclusiva dos especialistas em mercados agrícolas, representa um verdadeiro risco para os meios de vida de inúmeros agricultores familiares da América Latina e do Caribe.

Na região, a banana é um dos poucos cultivos que proporciona receitas o ano todo para os moradores rurais.

Por isso, especialistas -entre eles Gert Kema e Chelly Hresko, dois dos cientistas que mais têm investigado o tema no mundo- recomendam como imprescindível uma ação coordenada de governos, setor privado e organismos de cooperação técnica pautada pela ciência para que a doença seja contida e a produção possa seguir adiante.

A cepa Tropical Race 4 (TR4) do fungo Fusarium é uma doença transmitida pelo solo e que resiste a fungicidas. Hoje não existe cura, e a única solução para frear sua propagação é queimar plantações inteiras de banana, que depois não podem ser cultivadas novamente, perdendo-se milhares de hectares de terras férteis.

Embora a TR4 não afete a saúde humana e não represente um risco para os que consomem a banana, pode destruir plantações inteiras de um cultivo do qual dependem as receitas de milhares de famílias rurais em 135 países do mundo, entre eles, muitos da América Latina e do Caribe.

É uma pandemia da qual não se fala, mas que pode ter um impacto devastador sobre o bem-estar das populações rurais, sobre os postos de trabalho e sobre a segurança alimentar mundial.

Uma experiência que a humanidade já viveu

Sob certos aspectos, o surgimento e a disseminação da TR4 representam a repetição de uma história que a humanidade viveu na primeira metade do Século XX, quando outra doença do fungo Fusarium — a chamada Race 1 — terminou com a espécie de banana Gros Michel, dominante até então.

A solução foi a expansão da variedade Cavendish, possuidora de uma resistência natural a essa doença. Assim, o cenário da produção mundial de banana mudou. Em pouco tempo ficou claro que a alternativa foi bem-sucedida, ao ponto que, nas últimas sete décadas, a banana Cavendish cresceu na forma de monoculturas. Hoje essa variedade constitui a metade da produção mundial e 95% das bananas exportadas.

Na América Latina e no Caribe, todas as bananas que os consumidores encontram, tanto em mercados locais como em grandes cadeias, é da espécie Cavendish, hoje em sério risco pela TR4, o que tem exposto a sua fragilidade.

São muitas as razões pelas quais é importante garantir a sustentabilidade da produção de bananas.

A maior parte dos pequenos produtores destinam suas colheitas aos mercados locais ou ao autoconsumo, assim cumprindo um papel fundamental na alimentação da população. De fato, a banana é o quarto cultivo alimentar de maior produção no mundo (atrás do trigo, do arroz e do milho) e o quinto cultivo não processado mais consumido no planeta.

Nesse sentido, é notória a sua importância, sob o ponto de vista da segurança alimentar global, e alguns dados são reveladores: 90% da produção é consumida em países em desenvolvimento, onde representam até a quarta parte das calorias ingeridas diariamente por cerca de 400 milhões de pessoas.

A necessidade de agir

Embora tenha sido detectada pela primeira vez na Jordânia, no Oriente Médio, a doença TR4 se originou no sudeste asiático, de onde começou a se expandir para o oeste. A banana é cultivada nos cinco continentes, e a propagação foi rápida. Em pouco tempo chegou à Índia e ao Paquistão, e na África foi encontrada em Moçambique, sobre o Oceano Indico.

Com mais de 15 países afetados, os especialistas perceberam que, mais cedo ou mais tarde, a doença chegaria à América Latina e ao Caribe, onde países como o Brasil, o Equador, a Guatemala, a Colômbia e a Costa Rica são grandes produtores e recebem, da banana, uma contribuição essencial para suas economias. As nações da região se encontram no topo das listas de exportadores mundiais, e seus clientes mais importantes são os países industrializados.

A Colômbia foi o primeiro país em que a doença foi detectada no continente, em 2019. O Instituto Colombiano Agropecuário (ICA) tornou pública a suspeita de que havia cerca de 175 hectares afetados no norte do país. Por precaução, o cultivo foi erradicado do território em questão e, poucos depois, análises moleculares e genéticas realizadas nos Países Baixos, pela Universidade de Wageningen, confirmaram o diagnóstico.

A Colômbia rapidamente declarou emergência nacional, e em toda a região soaram os alertas.

Embora não haja informações conclusivas, os especialistas entendem que a doença é transmitida pelas pessoas que trafegam de plantação em plantação, muitas vezes entre diversos países, e, sem que o saibam, levam roupas ou outros elementos contaminados.

Hoje, a prioridade é gerar conhecimento científico e melhorar as capacidades entre os pequenos produtores, para que, pela higiene e outras medidas preventivas, contribuam para a contenção da doença.

Também é fundamental conscientizar sobre uma situação que poderia piorar, caso não seja prestada a devida atenção: os especialistas estimam que quase 20% das plantações de banana do mundo poderiam ser afetadas pela TR4 em 2040.

É tempo de agir sem perder tempo, pois a fonte de receitas e a alimentação de centenas de milhares de pessoas estão em jogo.

Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int

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