Organizado na Costa Rica pelo IICA e a Federação de Câmaras Agropecuárias e Agroindustriais, foi encerrado o Encontro de Federações Agrícolas das Américas, que convocou mais de 40 participantes, líderes de 20 federações do continente.
São José, 23 de julho, 2024 (IICA). A ciência, a inovação e o uso de novas tecnologias são essenciais para potencializar o desenvolvimento de uma agricultura sustentável, aumentar a produtividade, promover o comércio agrícola transparente e satisfazer a crescente demanda de alimentos seguros, nutritivos e baratos para a população, enquanto também têm um papel crucial na mitigação e adaptação do setor aos efeitos da mudança climática.
Essa foi uma das principais conclusões do Primeiro Encontro de Federações Agrícolas das Américas, organizado na Costa Rica pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e a Federação de Câmaras Agropecuárias e Agroindustriais (FECAGRO).
O evento reuniu mais de 40 participantes, inclusive autoridades, especialistas internacionais e líderes gremiais de 20 organizações do setor agropecuário e agroindustrial de 14 países da região.
A abertura foi liderada pelo Ministro de Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai, Fernando Mattos; o Presidente da FECAGRO, Francisco José González; e o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero.
“Nos próximos 25 anos vamos precisar de 50 a 60% mais alimentos dos que produzimos hoje, o desafio é enorme. Temos que dar esse salto produtivo em conjunto com a ciência, a inovação, a tecnologia e a pesquisa; é fundamental a articulação entre os setores público e privado”, assegurou o Ministro Mattos.
“São fundamentais os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, a fomentação de práticas agrícolas sustentáveis em uma estrutura regulamentaria que promova tecnologias amigáveis com o meio ambiente, a formação em novas tecnologias, mecanismos de financiamento acessíveis para pequenos e médios produtores, fortalecer cadeias de valor agrícolas e estabelecer políticas comerciais justas e transparentes baseadas em evidência científica”, adicionou o Presidente da FECAGRO.
O Diretor Geral do IICA enfatizou que ante a tarefa importante de “alimentar o mundo com alimentos abundantes e nutritivos de forma sustentável, é necessário ter uma visão sistemática, reconhecendo todos os atores”.
“Temos que pensar em políticas de longo prazo com os agricultores no centro dos debates e onde a ciência e a inovação em ação são o principal ingrediente para ter boas práticas e alcançar a intensificação produtiva sustentável”, disse Otero.
Durante o encontro foram dadas conferências magistrais sobre tecnologia e inovação para a agricultura sustentável; os desafios e oportunidades do setor agro das Américas; os desafios e oportunidades nas cadeias de produção; o acesso aos mercados e comércio mais livre, transparente e aberto; e se apresentou uma nota técnica elaborada pelo IICA sobre a promoção de uma abordagem integrada da agricultura em prol da segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável das Américas.
Os oradores foram respectivamente o Diretor do Instituto de Sistemas Alimentares da Universidade de Nottingham, Jack Bobo; o Presidente da CropLife Latin America, José Perdomo; o Secretário Geral da Federação Pan-americana do Leite (FEPALE), Ariel Londinsky; o atual Presidente do Comitê de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias da Organização Mundial do Comércio (OMC), Tayutic Mena; e a consultora e assessora internacional do IICA e ex-Ministra de Agricultura e Pecuária e ex-Embaixadora para a OMC da Costa Rica, Gloria Abraham.
Isso tudo tomando em conta o contexto atual em que o setor se desenvolve, caracterizado por grandes desafios devido à mudança climática, a falta de recursos hídricos e a degradação dos solos; cenário em que a agricultura sustentável surge como uma solução crucial para garantir a segurança alimentar e em que a inovação tecnológica e o comércio internacional com normas baseadas na ciência são essenciais para melhorar a produtividade e a qualidade de vida dos agricultores.
O agro ante seus anos mais cruciais
“Os seguintes 25 anos são os mais importantes na história da agricultura, as decisões que tomamos hoje determinarão o futuro do planeta, por isso devemos nos unir para conseguir que o agro salve o planeta. Sou otimista de que a ciência e a tecnologia podem nos levar aonde queremos chegar. Podemos ter um melhor futuro econômico e ambiental se acreditamos na inovação”, expressou Bobo, que também deixou claro que o setor agropecuário das Américas vem fazendo bem as coisas e dando passos firmes rumo a uma produção cada vez mais sustentável, mas que se devem “acelerar as melhoras no tempo”.
Porém, Perdomo destacou que “a agricultura precisa de mais inovação e tecnologias para se duplicar”.
“A sustentabilidade criará grandes oportunidades para todos, com a inovação no centro de tudo isso, temos que apostar nela, melhorar as sementes, a agricultura digital, a robótica, controladores biológicos para a produção de cultivos, tecnologia de aplicação, fertilizantes mais direcionados e o grande desafio para os governos é facilitar o acesso dos produtores a essas ferramentas. Precisamos de mais ciência para satisfazer as demandas da sociedade, e melhorar a comunicação da ciência e os benefícios da inovação”, disse.
Pela sua parte, Tayutic Mena mencionou que o continente americano é o que fornecerá mais soluções para a segurança alimentar nos próximos 10 anos, porém, ao mesmo tempo, será o mais exposto a maiores barreiras não alfandegárias, e por isso é bom “procurar a forma de inovar o setor agrícola, que construa resiliência, gerando um sistema de produção mais eficiente”.
“Há oportunidades para melhores preços, de acesso ao mercado, a criação de novas cadeias de valor, vinculação com serviços relacionados com o meio-ambiente, facilitação do comércio por meio da digitalização. A ciência é a chave, é necessário criatividade e inovação, mais cooperação, multilateralismo e associações público-privadas”, declarou.
Gloria Abraham mencionou que a agricultura sustentável oferece soluções para enfrentar os desafios atuais e garantir a segurança alimentar, onde a cooperação técnica e o intercâmbio de boas práticas e tecnologias realizam um papel fundamental na promoção de ações que viam estimular o crescimento socioeconômico e a sustentabilidade ambiental.
No encontro também se chegou à conclusão de que é necessário elaborar uma estratégia de comunicação proativa para robustecer as mensagens e os temas de interesse comum do setor, e que fortaleça as alianças entre o setor público e o privado.
O IICA também apoiará a petição realizada para instituir uma Federação no nível da América Latina e do Caribe de Câmaras Agropecuárias e Agroindustriais, e a realização de uma reunião no próximo ano com todos os representantes gremiais que a compõe.
Essas ações e as conclusões do Primeiro Encontro de Federações Agrícolas das Américas serão apresentadas a uns 15 ministros e vice-ministros de Agricultura das Américas e outros altos-funcionários do setor, que participarão a partir de hoje da Quadragésima Quarta Reunião Ordinária do Comité Executivo do IICA.
O Comitê Executivo é um dos órgãos de governo do Instituto, e se reúne uma vez por ano. Ele é constituído por 12 Estados membros, eleitos para mandatos de dois anos segundo critérios de rotação parcial e de distribuição geográfica.
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