No marco da Semana da Agricultura e Alimentação realizada em Buenos Aires, Manuel Otero assegurou que a América Latina pode fazer contribuições “substanciais” a partir da geração de negócios sustentáveis.
Buenos Aires, 23 de novembro (IICA). A agricultura “tem um enorme potencial” para mitigar a mudança climática a partir da geração de negócios sustentáveis no marco da bioeconomia, tarefa em que a América Latina pode fazer contribuições substanciais, afirmou hoje o Diretor-Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
No painel “Agricultura, mudança climática e necessidade de uma nova abordagem econômica” da Semana da Agricultura e Alimentação, que dividiu com a Ministra do Meio Ambiente e Recursos Naturais de El Salvador, Lina Pohl, e a coordenadora da Aliança para a Resiliência Climática Rural da América Latina, Yolanda Kakabadse, o Diretor-Geral do IICA lembrou que a mudança climática afeta a atividade agrícola ao impactar a produtividade e o faz mais drasticamente sobre “a agricultura familiar”.
A Semana da Agricultura e Alimentação foi organizada em Buenos Aires pela Secretaria de Agroindústria da Argentina e pela FAO, e tem como parceiro o IICA. A reunião contou com a participação de representantes de mais de 30 organizações, sob o lema “Desafios futuros para a América Latina e o Caribe”.
Otero disse ainda que, em relação à mitigação das emissões de gases de efeito estufa, a agricultura também “é parte da solução” e chamou os países da América Latina e do Caribe a se posicionarem para que possam “fazer contribuições substanciais à mitigação da mudança climática”, para o qual ele propôs “pensar sobre uma nova geração de negócios sustentáveis”.
“As emissões diminuem aumentando a eficiência por unidade de produção. Uma das questões fundamentais neste contexto é atender as lacunas de produtividade que estão acima de tudo na agricultura familiar”.
O dirigente do IICA considera a bioeconomia como a melhor resposta aos desafios impostos pelas mudanças climáticas e pelas transformações da agricultura nesse cenário.
“a bioeconomia permite aproveitar a riqueza biológica da região para potencializar o desenvolvimento produtivo e tem a vantagem de promover um desenvolvimento de baixo carbono e tem resiliência, faz um aproveitamento rentável dos resíduos, faz a utilização não agrícola da biomassa, gera cadeias de valor muito sofisticadas, incursando nos temas de construção, farmacêuticaos, moda, e eleva o uso das áreas rurais como biofábricas “, explicou.
Esta abordagem “sai da visão tradicional de que a agricultura é igual à produção de commodities”, mas “exige redirecionar os esforços dos institutos nacionais de pesquisa, programas regionais concertados entre os países” e capacitar os jovens e as mulheres “para promover esses empreendimentos bioeconômicos e somar à agricultura familiar, dando-lhe as ferramentas “, disse ele.
“A agricultura familiar é uma oportunidade para impulsionar territórios rurais, para que sejam áreas de oportunidade, de progresso. Não temos que fazer a biomassa viajar, quem deve viajar é o conhecimento, os produtos com valor agregado, e aproveitar nos territórios a transformação da biomassa ”, afirmou Otero.
A esse respeito, ele revelou que a região “tem 35% do capital natural do mundo, riqueza biológica que deve ser usada para transformá-lo em produtos de valor agregado mais sofisticados”.
O dirigente do IICA destacou a importância que a instituição do Sistema Interamericano atribui a seu programa de Bioeconomia e Desenvolvimento Produtivo e disse que “temos tudo neste continente para garantir a segurança alimentar e sustentabilidade do planeta. Depende de nós, temos que aproveitar esses obstáculos que a mudança climática nos oferece para gerar negócios para o desenvolvimento sustentável, temos esse capital que joga a nosso favor e a questão é como aproveitá-lo em estratégias sustentáveis de longo prazo”.
Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA