Assim é divulgado no documento intitulado “A importância geopolítica do setor agropecuário na segurança energética”, recentemente publicado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
São José, 25 de abril de 2022 (IICA) — O setor agropecuário das Américas tem um papel fundamental a desempenhar para garantir a segurança energética global, no contexto do conflito bélico deflagrado no Leste Europeu, que se soma a seu tradicional papel como um produtor fundamental de alimentos para o mundo.
Assim é divulgado no documento intitulado “A importância geopolítica do setor agropecuário na segurança energética”, recentemente publicado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
O trabalho destaca que o continente americano produz 71% do total global de biocombustíveis líquidos. Isso assume uma importância estratégica para substituir parte do consumo de petróleo e gás natural no atual cenário internacional, onde a provisão e a segurança energética estão ameaçadas devido ao conflito bélico.
O conflito no Leste Europeu está tendo um impacto econômico negativo não somente no Velho Continente, mas em todo o mundo. No último mês o preço do gás natural liquefeito (GNL) foi multiplicado por 6, enquanto se prevê uma escassez de oferta que agravará a situação, pois a Rússia é a grande abastecedora de gás natural da Europa.
Ao mesmo tempo, a Rússia é um dos maiores produtores de petróleo do mundo (estima-se que fornece 12% da oferta total de óleo cru), de modo que as sanções da comunidade internacional que proíbem a importação do combustível desse país também geram graves consequências.
“Diante dessa situação, o setor agropecuário das Américas pode desempenhar um papel fundamental, uma vez que é um continente agroexportador por excelência, contribuindo para a segurança alimentar global e inclusive a segurança energética. Esses dois objetivos não são contrapostos, uma vez que a diversificação no uso integral e eficiente da biomassa para produzir biocombustíveis pode aumentar a eficiência e a segurança dos sistemas agroalimentares”, destaca o documento, cujo autor é Agustín Torroba, Especialista em Biocombustíveis e Bioenergias do IICA.
Os biocombustíveis já aportam mais de 150 milhões de metros cúbicos à matriz mundial de combustíveis líquidos, 33% na forma de biodiesel e 67% como bioetanol, para misturar ou substituir gasolinas. O continente americano tem um papel preponderante na produção de bioetanol, uma vez que fabrica 88% do total, ao mesmo tempo em que é responsável por 36% do biodiesel.
As matérias-primas para fabricar o bioetanol são principalmente milho e cana-de-açúcar, enquanto o biodiesel é feito com óleos de soja e de palma. As Américas possuem altos saldos exportáveis dessas matérias-primas, com os quais poderiam duplicar a produção mundial de bioetanol e aumentar a de biodiesel em 80%, revela o documento.
“Hoje os biocombustíveis líquidos produzidos nas Américas representam 22% do déficit de petróleo e derivados no continente e os saldos exportáveis de matérias-primas permitiriam, pela industrialização, representar 53% do total. Os elevados preços do petróleo, somados ao diferencial impositivo, especialmente naqueles países que têm impostos ao dióxido de carbono, colocam os biocombustíveis em uma situação vantajosa economicamente, especialmente o bioetanol”, diz o trabalho do IICA.
Assim, o continente tem um enorme potencial para ampliar sua produção de biocombustíveis e contribuir para alcançar o objetivo da segurança energética.
O documento ressalta que a indústria de biocombustíveis começou a transitar por um caminho de maturidade e competitividade que lhe permitiu melhorar sensivelmente seus custos de produção na última década e ser cada vez mais competitivos em comparação com os combustíveis fósseis.
Acrescenta que os compromissos ambientais favorecem a produção e o consumo sustentável dos biocombustíveis. Isso se reflete em mais de 60 países possuírem mandatos para o uso de biodiesel e de bioetanol, ou de ambos. As cargas tributárias também tendem a encarecer os produtos fósseis, especialmente com impostos, cada vez mais disseminados, ao dióxido de carbono, e isso contribui para abrir uma janela de oportunidades que facilite a transição energética e o desenvolvimento ainda maior dos biocombustíveis.
O IICA apoia os países das Américas na divulgação e comunicação da importância do uso sustentável dos biocombustíveis e na construção de sua institucionalidade e políticas públicas que promovam uma transição energética limpa no setor transporte.
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