Por meio de ações coletivas, a ciência e a inovação estão dando passos significativos para tornar a bananeira mais resistente à disseminação de pragas e doenças que a colocam em risco e, consequentemente, ameaçam a segurança alimentar global.
Des Moines, Estados Unidos, 26 de outubro de 2023 (IICA) – Por meio de ações coletivas, a ciência e a inovação estão dando passos significativos para tornar a bananeira mais resistente à disseminação de pragas e doenças que a colocam em risco e, consequentemente, ameaçam a segurança alimentar global.
Isso foi explicado por pesquisadores e representantes do setor privado em um painel organizado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) no âmbito do Diálogo Borlaug 2023.
O evento contou com a presença de representantes da Parceria Global contra o Fusarium TR4, do qual desde 2020 participam representantes do setor privado, da academia, de organizações da sociedade civil, entidades estatais e organizações internacionais, e no qual o IICA atua como secretaria.
A Parceria foi formada com o objetivo primário de conter o avanço da praga do fungo Fusarium, considerada a “pandemia da banana”, detectada na América Latina em 2019. A médio e longo prazos, a missão é pesquisar e desenvolver soluções de melhoria genética.
O Borlaug Dialogue 2023 está sendo realizado na sede da World Prize Foundation (WFP) em Iowa, Estados Unidos, uma prestigiada instituição que fomenta a inovação e promove ações para aumentar de forma sustentável a quantidade e a qualidade dos alimentos disponíveis. Todos os anos, a WFP concede o Prêmio Mundial da Alimentação, considerado o Prêmio Nobel em alimentação, àqueles que contribuem para a segurança alimentar e nutricional.
Líderes globais, produtores agrícolas, acadêmicos, cientistas, educadores e estudantes de mais de 65 países, incluindo o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, estão participando do Diálogo Borlaug, que neste ano se concentra em como aproveitar a inovação e a diversificação da produção para melhorar a resiliência às mudanças climáticas, promover a recuperação de eventos climáticos extremos e alimentar o mundo de forma sustentável.
Crise e oportunidade
No debate organizado pelo IICA, foi explicado como a crise causada pelo surto da cepa tropical raça 4 (TR4) do fungo Fusarium, doença para a qual atualmente não há tratamento e que é transmitida pelo solo e devasta plantações, pode ser aproveitada como oportunidade.
Neste sentido, foram apresentadas as ações que estão sendo empreendidas para tornar a produção de banana mais sustentável, aumentar a produtividade, melhorar as práticas de biossegurança e capacitar os agricultores para serem mais resilientes a ameaças futuras.
Participaram do painel Jorge Sauma, CEO da Corporação Nacional da Banana da Costa Rica (CORBANA); Chelly Hresko, Gerente Global de Pesquisa de Doenças da Bayer; Hans Sauter, Vice-Presidente Sênior de Pesquisa e Desenvolvimento da Del Monte Foods; e Rony Swennen, produtor e pesquisador do Instituto Internacional de Agricultura Tropical. O evento foi moderado por Lloyd Day, Diretor Geral Adjunto do IICA.
Sauma referiu-se à preocupação com o surto de Fusarium R4T na América Latina, uma vez que a doença foi detectada em três países da região: primeiro na Colômbia, depois no Peru e, recentemente, na Venezuela.
“Na Costa Rica, estamos controlando as fronteiras e, nas fazendas agrícolas, estamos, com o Ministério da Agricultura e autoridades sanitárias, conscientizando os produtores de que é preciso tomar medidas para evitar a contaminação”, explicou.
Sauma afirmou que, no mundo, já foram feitos grandes avanços científicos para encontrar variedades resistentes a essa doença e revelou que a CORBANA trabalha em parceria com a Embrapa, empresa pública brasileira de pesquisa agropecuária.
“A iniciativa do IICA da Parceria Global e a participação de uma empresa do porte da Bayer são muito importantes. Precisamos trabalhar juntos para conter o TR4 e esclarecer ameaças futuras, já que milhões de agricultores vulneráveis dependem do cultivo de banana, e eles não têm alternativa”, disse Sauma.
Hans Sauter destacou que este é um problema que não pode ser enfrentado pelos agricultores sozinhos, mas deve sê-lo por toda a cadeia de abastecimento e pelos governos. “Comerciantes e consumidores também têm que se envolver, porque a banana é um alimento barato e um dos mais consumidos no mundo”, completou.
Chelly Hresko disse que a doença é uma ameaça à segurança alimentar global, nos países e nas populações mais vulneráveis. “Entramos na parceria porque vimos uma oportunidade de trabalhar em prol dos agricultores e porque podemos ajudar a controlar as doenças da banana”, disse Hresko.
O especialista da Bayer considerou que a edição genética é uma ferramenta extremamente valiosa para projetar variedades resistentes a doenças e relatou que todos os avanços que a Bayer está fazendo são colocados em um banco de dados público.
Por sua vez, Lloyd Day enfatizou que a banana é a fruta mais popular do mundo e que na América Latina, além de ser uma fonte insubstituível de renda para os agricultores familiares, é também um produto de exportação.
“Há milhões de pessoas”, disse Day, “que, de uma forma ou de outra, dependem da banana. A praga do R4T destrói as culturas e afeta os solos, que não podem mais ser utilizados. Mas, acima de tudo, destrói fontes de renda e economias e representa uma séria ameaça à segurança alimentar e nutricional. A Parceria é uma plataforma global para coordenar esforços contra pragas e doenças da bananeira que já está alcançando resultados.”
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