Em um foro organizado pelo IICA, representantes dos setores público e privado concordaram que são necessários esforços canalizados por normativas nacionais para que mais territórios rurais disponham de conectividade plena a um menor custo.
São José, 22 de fevereiro de 2021 (IICA). Políticas e estratégias públicas transversais envolvendo articulações em todas as esferas do Estado, empresas privadas e a sociedade civil para fomentar um maior investimento em infraestrutura de telecomunicações, bem como garantir a conectividade e o acesso a tecnologias, juntamente com a alfabetização digital necessária, são centrais para reduzir o hiato digital na América Latina e no Caribe e potencializar o desenvolvimento na ruralidade.
Essas conclusões foram expostas por especialistas internacionais no segundo foro virtual do ciclo “Redução do hiato digital nas zonas rurais da América Latina e do Caribe: por uma revolução agrícola digital”, promovido pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). A mais recente sessão da série de webinars teve como eixo temático as Políticas públicas para superar o hiato digital.
“As tecnologias digitais são o coração tecnológico da sociedade nesse momento. Precisamos fortalecer o desdobramento da infraestrutura de telecomunicações, o acesso à Internet em todas as regiões rurais, bem como a equipamentos, além de computadores ou tablets, e a alfabetização digital para o uso mais produtivo possível”, afirmou a Ministra de Ciência, Tecnologia e Telecomunicações da Costa Rica, Paola Vega.
A funcionária acrescentou que, no caso do país centro-americano, com iniciativas como o laboratório de inovação tecnológica agropecuária Fab Lab, estabelecido em conjunto com o IICA, e centros comunitários inteligentes e educativos, pretende-se divulgar o uso de tecnologias e a alfabetização digital para atrair os jovens, “catalizadores da transformação digital buscada pelo setor” e facilitar, assim, o relevo geracional no setor agrário.
Os painelistas concordaram que, como resultado da pandemia e da contração econômica mundial, os países da região enfrentarão um ambiente de restrição fiscal, de forma que, para apoiar, mediante políticas e estratégias, a digitalização demandada pela agricultura e os territórios rurais, é necessário ser criativo e pensar em soluções exequíveis e de baixo custo.
Concordaram também que, para o projeto de uma nova legislação, é essencial aproveitar a liderança comunitária local, a participação da comunidade e os recursos próprios já estabelecidos no âmbito local que possam servir para reduzir os custos e elevar a qualidade e as possibilidades de impacto das políticas, tudo isso combinado com tecnologias digitais.
“Cada vez mais teremos que trabalhar com baixos custos, mas devemos ser efetivos. As empresas e a sociedade civil precisam ser os grandes promotores do processo de digitalização, com a ajuda e a governança do Estado. Isso é fundamental para a redução do hiato digital: trocar informações, soluções endógenas, de baixo custo, a serviço da produção e do combate à pobreza rural”, observou o Secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Fernando Schwanke.
Segundo foi exposto no foro, 80% do desenvolvimento de infraestrutura em telecomunicações provêm do setor privado. Além disso, foi indicado que, para que a cobertura 4G alcance 95% da população na América Latina e que 65% dos lares estejam cobertos por fibra óptica, será necessário um investimento de US$161 bilhões até 2025, o que ratifica a crucialidade das sinergias intersetoriais.
“O papel das empresas é fundamental para impulsionar essa transformação, os centros tecnológicos, as universidades, a ciência, a coordenação entre os diversos atores para aproveitar os elementos transversais e lograr os objetivos que nos propomos, não deixar ninguém para trás”, destacou a Subdiretora Geral de Inovação e Digitalização do Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentação (MAPA) da Espanha, Rocío Wojski, que se aprofundou na estratégia de digitalização realizada em apoio ao setor agrícola e às áreas rurais. Na Espanha, 78% dos lares rurais têm conexão à Internet.
No evento virtual o Diretor de Infraestrutura do Ministério de Tecnologia, Informações e Comunicação da Colômbia, Camilo Jiménez, apresentou o Plano TIC 2018-2021 para encerrar o hiato digital em seu país. Destacou que o custo é uma das principais barreiras para ter acesso a serviços de Internet, de modo que implementaram um conjunto de projetos para facilitar seu acesso.
“Com o projeto Zonas Digitais Rurais, colocamos 1.550 soluções, são um ponto de acesso público à Internet 24 horas por dia, e com conectividade de qualidade, em espaços de alta afluência e, paralelamente, temos o maior programa de conectividade rural já feito na história do país, chamado Centros Digitais, em que distribuiremos 14.745 soluções de conectividade; das quais 98% serão instaladas em instituições e sedes educativas rurais oficiais”, explicou Jiménez.
Citou que, quanto à cobertura de Internet móvel 4G, pretendem passar de 9,7% de cobertura em zonas rurais para 80%; territórios onde, além disso, apenas 20% dos lares tem acesso à Internet.
Nesse segundo foro participaram também Octavio Sotomayor, Oficial de Assuntos Econômicos da Unidade de Desenvolvimento Agrícola e Biodiversidade da CEPAL; José Emilio Guerrero, Coordenador do Programa de Doutorado Interuniversitário, Engenharia Agronômica, Alimentar, Florestal e Desenvolvimento Rural Sustentável da Universidade de Córdoba, Espanha; e Maryleana Méndez, Diretora Executiva da Associação Interamericana de Empresas de Telecomunicações (ASIET).
Você pode acessar mais informações sobre o ciclo de foros hemisféricos e seguir as transmissões da terceira sessão, “Experiências da agricultura digital”, no próximo 23 de fevereiro, às 9h30 da Costa Rica (-6 GMT), nos seguintes links:
Mais informação:
Emmanuel Picado, Gerente de Tecnologias da Informação, Comunicação e Agricultura Digital do IICA
emmanuel.picado@iica.int