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Assembleia do Fontagro exalta o papel da ciência, da tecnologia e da inovação para a sustentabilidade dos sistemas agroalimentares

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Acima: Juan Pablo Bonilla, Gerente do Setor de Mudança do Clima e Desenvolvimento Sustentável do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); Jesús Quintana García, Diretor Executivo para as Américas da Parceria Biodiversity-CIAT; e Terry Meikle, Conselheiro Agropecuário para a América Latina no Ministério das Indústrias Primárias da Nova Zelândia. No centro: Hayden Montgomery, Representante Especial da Parceria Global de Pesquisa sobre Gases de Efeito Estufa da Agricultura (GRA); Manuel Otero, Diretor Geral do IICA; e Julio Berdegué, Representante para a América Latina e o Caribe da FAO. Abaixo: Arnulfo Gutiérrez, Vice-Presidente do FONTAGRO.

Washington, 2 de novembro de 2021 (IICA) – Governos, setor privado, organizações da sociedade civil e organismos internacionais devem trabalhar de maneira coordenada para promover em ciência e tecnologia o investimento que contribua para a transformação dos sistemas agroalimentares e os torne mais sustentáveis – indicaram especialistas com larga experiência em cooperação com o setor agropecuário e o desenvolvimento rural da América Latina e do Caribe.

O painel “Desafios da ciência, da agricultura e da alimentação em 2030: Como promover o investimento em pesquisa científica e inovação na América Latina e no Caribe?” realizou-se virtualmente no âmbito da XXV Reunião Anual do Conselho Diretor de FONTAGRO. Esta instituição, com mais de 20 anos de trajetória, é um mecanismo de financiamento para promover a ciência, a tecnologia e a inovação no meio da agricultura e da alimentação na América Latina, no Caribe e na Espanha. O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) é um dos seus patrocinadores.

Os expositores foram Juan Pablo Bonilla, Gerente do Setor de Mudança do Clima e Desenvolvimento Sustentável do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID); Jesús Quintana García, Diretor Executivo para as Américas da Parceria Biodiversity-CIAT; Terry Meikle, Conselheiro Agropecuário para a América Latina no Ministério das Indústrias Primárias da Nova Zelândia; Hayden Montgomery, Representante Especial da Parceria Global de Pesquisa sobre Gases de Efeito Estufa da Agricultura (GRA); Julio Berdegué, Representante para a América Latina e o Caribe da FAO; e Manuel Otero, Diretor Geral do IICA.

A moderação do debate foi de Arnulfo Gutiérrez, Vice-Presidente do FONTAGRO, que observou que a instituição desempenha um papel fundamental para a região, criando redes de cientistas e técnicos que impulsionam a inovação.

O Presidente do FONTAGRO, Pedro Bustos Valdivia, destacou a importância dos institutos de pesquisa no setor agrícola dos diversos países e afirmou que a entidade trabalha ao lado deles, como parceira no desenvolvimento científico vinculado à produção de alimentos em todo o continente.

“A pergunta é como ter um setor muito mais competitivo, considerando-se os temas ambientais e sociais”, disse Bonilla, que enfatizou a heterogeneidade da América Latina e do Caribe, em cujas zonas rurais convivem agricultores familiares com produção de subsistência e grandes empresas agropecuárias.

“A recuperação pós-pandemia da Covid-19 deve incluir os temas de produtividade, mudança do clima e sustentabilidade como parte de um todo”, acrescentou o representante do BID, que falou da necessidade de se aplicar “transferências não condicionadas a zonas rurais pobres da região, que sejam uma injeção muito rápida de recursos, para que, em seguida, com assistência técnica, possam ser condicionadas a resultados”.

Quintana García considerou que o investimento em ciência, pesquisa e tecnologia é decisivo para o enfrentamento dos desafios globais interconectados e crescentes, que combinam sistemas alimentares em crise e perda de biodiversidade. “Na América Latina, continuamos tendo 10% de pessoas com fome e 24% de pessoas obesas”, advertiu.

Neste sentido, afirmou que as instituições dedicadas à cooperação técnica devem gerar novas formas de trabalho: “Há que se demonstrar a utilidade da nossa tarefa comunicando mais e melhor. Há que se ter sistemas sólidos de medição de resultados. A nutrição, a deterioração do meio ambiente e a mudança do clima são desafios conectados que devem ser enfrentados com mais investimento. Devemos defender o papel crítico da ciência e da pesquisa para transformar os sistemas alimentares com foco na inovação e em soluções criativas e modernas”.

Meikle, de longa trajetória na cooperação com a América Latina em diversos cargos do governo da Nova Zelândia, advertiu que, “quando falamos de ciência, inovação e tecnologia não se podem esquecer as comunidades indígenas. Com o seu conhecimento tradicional, elas devem estar na mesa de discussão, pois oferecem soluções para a mudança do clima e o futuro do mundo”.

Hayden Montgomery explicou que a Parceria Global de Pesquisa sobre Gases de Efeito Estufa da Agricultura (GRA) está radicada em 65 países, muitos deles da América Latina e do Caribe, e busca caminhos para melhorar a produtividade e, ao mesmo tempo, reduzir a emissão de gases que contribuem para a mudança do clima.

“Trabalhamos para promover o investimento e a cooperação em pesquisa científica e inovação na América Latina e no Caribe, e conseguimos muita coisa. Também facilitamos a colaboração extrarregional e temos a União Europeia como parceira, pois estamos convencidos de que a resposta é investir e colaborar. E isso requer gente com energia e convicção”.

Por sua vez, Manuel Otero, enfatizou a tomada de consciência global sobre a necessidade de se transformar os sistemas agroalimentares com vistas a maior sustentabilidade: “Hoje existem consensos acerca da importância da ciência e da tecnologia para percorrermos novos caminhos rumo a uma agricultura mais verde, inclusiva e resiliente. Estamos diante de uma oportunidade histórica”.

O Diretor Geral do IICA lembrou que, neste ano, os países das Américas chegaram a consensos sobre a direção que a transformação dos sistemas agroalimentares deve tomar, expressos em um documento de 16 mensagens apresentado à Cúpula organizada em setembro pelos Estados Unidos. E valorizou especialmente a mensagem número 9, de que os novos cenários da ciência e da tecnologia constituem uma ponte para a agricultura de precisão, com um lugar destacado para a bioeconomia e a economia circular, e para a redução do desperdício de alimentos.

“Não podemos”, concluiu, “continuar pedindo somente aos Estados. Os organismos de cooperação internacional, a sociedade civil e o setor privado devem assumir a sua responsabilidade, porque uma instituição sozinha não vai a salvar o mundo. Precisamos, todos juntos, alcançar com inovação respostas claras e efetivas para o futuro dos sistemas agroalimentares”.

Ao final, Julio Berdegué enfatizou que “não haverá transformação dos sistemas alimentares sem pesquisa, ciência e tecnologia”, e manifestou a sua opinião de que o desafio não é obter mais investimentos para essa área, mas canalizá-los por meio de maior participação das organizações de cooperação.

 

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