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Ciência e inovação são pilares para transformar a agricultura e ajudar a América Latina e o Caribe a sair da crise, afirmam em conferência regional de engenheiros agrônomos

De derecha a izquierda: Manuel Otero, Director General, IICA. Daniel Werner Director del Departamento de Relaciones Exteriores y Cooperación Internacional del Ministerio de Agricultura y Desarrollo Rural de Israel. Kleber Santos, Presidente de la Confederación de Ingenieros Agrónomos de Brasil. Octavio Pérez, Presidente de APIA. Mario Lubetkin, Subdirector General y Representante Regional de la FAO para América Latina y el Caribe.
Da direita para a esquerda: Manuel Otero, Diretor Geral, IICA. Daniel Werner, Diretor do Departamento de Relações Exteriores e Cooperação Internacional do Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Israel. Kleber Santos, Presidente da Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil. Octavio Pérez, Presidente da APIA. Mario Lubetkin, Diretor Geral Adjunto e Representante Regional da FAO na América Latina e no Caribe.

 

São José, 1 de março de 2023 (IICA) — A ciência e a inovação serão, cada vez mais, aliados decisivos da agricultura, em um contexto no qual tanto a segurança alimentar como a redução do impacto ambiental da produção estão no topo da agenda global.

Assim foi advertido por especialistas convocados pela Associação Pan-Americana de Engenheiros Agrônomos (APIA) em um debate de alto nível no qual foram explorados caminhos para aumentar a produção, a eficiência e a sustentabilidade da produção agroalimentar em um âmbito de mudança do clima e perda de biodiversidade.

O evento fez parte do Ciclo de Conferências de 2023 da APIA e foi organizado em conjunto com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). Ele acontece em formato virtual e foi acompanhado por mais de cem engenheiros agrônomos e outros profissionais de 23 países do continente.

A conferência focou nas implicações para o setor agrícola das decisões tomadas nas Conferências das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 27) e sobre Biodiversidade (COP 15), que foram realizadas no final de 2022 no Egito e no Canadá, respectivamente.

Os oradores foram o Presidente da Confederação de Engenheiros Agrônomos do Brasil e Vice-Presidente da APIA no Cone Sul, Kleber Santos; o Diretor das Relações Exteriores e Cooperação Internacional do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural de Israel, Daniel Werner; e o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero.

O Presidente da APIA, Octavio Pérez Pardo, que abriu a conferência, afirmou que os engenheiros agrônomos são atores centrais nas discussões que entrecruzam produção e ambiente, uma vez que estão fortemente envolvidos na definição de ações e políticas inovadoras. “Somos encarregados de transferir conhecimentos da academia e dos centros de pesquisa, que são fundamentais tanto para grandes e médios produtores como para agricultores familiares”, afirmou.

 

Transferência de capacidades e tecnologias

Daniel Werner, engenheiro agrônomo argentino radicado em Israel há 40 anos e importante funcionário na área de Agricultura do país, fez uma análise dos compromissos assumidos pelas diversas nações relacionados à produção alimentar no âmbito das diretorias do Acordo de Paris sobre mudança do clima.

Werner enfatizou a necessidade de transferir conhecimentos e tecnologias aos agricultores no atual contexto.

“74% das Contribuições Determinadas Nacionalmente, que são os planos de ação climática de cada Estado, identificam o fortalecimento de capacidades como um elemento indispensável para implementar as medidas e as políticas que nos permitirão abordar a mitigação da mudança do clima”, afirmou.

Nesse sentido, o funcionário israelense afirmou que a América Latina e o Caribe têm um longo caminho a percorrer, tanto na educação dos produtores, como no aumento de investimentos em tecnologia, para enfrentar os desafios do momento.

Por sua vez, o agrônomo brasileiro Kleber Santos, que participou, em dezembro, da Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade, realizada em Montreal, fez menção ao que foi discutido nela, particularmente, à adoção do Âmbito Global de Biodiversidade.

“Esse instrumento é equivalente em importância ao Acordo de Paris, que estabeleceu os objetivos do mundo para a mitigação da mudança do clima. É um marco global com metas para combater a perda de biodiversidade no planeta e promover ações de restauração”, explicou.

Entre seus objetivos estão a conservação e a gestão eficaz de pelo menos 30% da terra, das águas continentais, das zonas costeiras e dos oceanos, com ênfase nas áreas de particular importância para a biodiversidade e o serviço dos ecossistemas. Santos considerou que são temas incontornáveis para a atividade agropecuária.

 

Ciência e inovação perante a crise

Por sua vez, Manuel Otero fez uma análise das ameaças apresentadas no contexto internacional e se referiu à grave crise enfrentada pela América Latina e o Caribe: “Apenas agora estamos saindo da pandemia, que gerou um retrocesso muito duro ao nosso Produto Interno Bruto, maior do que no resto do mundo. Retrocedemos em termos de segurança alimentar e estamos em uma situação grave, da qual devemos sair fortalecidos graças à agricultura como elemento articulador”, afirmou.

O Diretor Geral do IICA destacou a ciência e a inovação como elementos transformadores que já são pilares de muitas ações positivas que estão sendo executadas na região.

“O nosso objetivo — afirmou — deve ser a industrialização da produção primária. A produção permanente de commodities para o mundo não é boa para nós. Por isso devemos somar conhecimentos e tecnologias e entender que os mercados internacionais são dinâmicos em suas demandas”.

Otero disse que será o conhecimento que permitirá alcançar realizações como a produção de alimentos em ambientes no quais, até pouco tempo, parecia impossível.

“Estamos diante de uma nova fronteira da ciência e da tecnologia, e por isso devemos continuar a fortalecer os nossos sistemas de pesquisa vinculados ao setor agrário”, afirmou Otero, que ponderou sobre a importância de instituições como a EMBRAPA, do Brasil, e o INTA, da Argentina, com as quais o IICA tem um forte vínculo de trabalho conjunto e de colaboração.

“É necessário apostar em uma agricultura inovadora, assim como é necessário aumentar o investimento em pesquisa. Diferente do que acontece em países desenvolvidos, onde, a cada 100 dólares que o setor agrícola aporta na economia, 3 dólares são reinvestidos, na América Latina, poucos reinvestem mais de um dólar. Isso é preocupante”, afirmou.

“Há uma nova agricultura — concluiu o Diretor Geral do IICA — e devemos nos posicionar sem demora para atender as demandas globais, que hoje exigem uma agricultura climática e nutricionalmente inteligente, que agregue valor de forma eficiente a partir da ciência e da tecnologia e que seja socialmente responsável”.

Também participou do evento o Diretor Geral Adjunto e Representante Regional da FAO na América Latina e no Caribe, Mario Lubetkin, que disse que o cenário desafiador enfrentado pelo mundo e pela região acerca dos sistemas agroalimentares demanda respostas coordenadas. Lubetkin considerou que a América Latina e o Caribe podem produzir alimentos para duas vezes a sua população, apesar de 40% de seus habitantes ter sofrido de insegurança moderada ou grave em 2022.  

 

 

 

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