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A cooperação técnica moderna só é possível com um forte teor social, afirmou o Embaixador Gustavo Martínez Pandiani em visita à Sede Central do IICA

El Subsecretario de Asuntos de América Latina y el Caribe de la Cancillería argentina, y coordinador nacional de la Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños (CELAC), Embajador Gustavo Martínez Pandiani, junto al Director General del IICA, Manuel Otero.
O Subsecretário de Assuntos da América Latina e do Caribe da Chancelaria da Argentina e coordenador nacional da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), em um diálogo com o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero.

São José, 11 de maio de 2022 (IICA) — A nova cooperação técnica deve ter um forte componente social e estar fortemente vinculada às demandas e necessidades coletivas de seus beneficiários diretos.

Assim falou o Subsecretário de Assuntos da América Latina e do Caribe da Chancelaria da Argentina, o Embaixador Gustavo Martínez Pandiani, também coordenador nacional da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), que teve uma conversa com o Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, organizada pelo organismo que promove o desenvolvimento agrícola e o bem-estar rural nas Américas.

A conversa teve como título “Os desafios da cooperação na América Latina e no Caribe perante o novo contexto global”, onde foram abordados os novos cenários propostos pelas múltiplas crises globais, onde predomina a incerteza.

Martínez Pandiani e Otero expressaram o compromisso da Argentina e do IICA de trabalhar articuladamente com outros governos, o setor privado e as organizações da sociedade civil para aumentar a cooperação com os países mais vulneráveis, e concordaram que esse novo tempo — marcado pela pandemia de Covid-19, o conflito bélico no Leste Europeu que está redesenhando as relações internacionais e a ameaça da mudança do clima — abre também uma oportunidade para a região, graças à sua decisiva contribuição para a segurança alimentar global e à extraordinária riqueza de seus recursos naturais.

A atividade fez parte de uma série de diálogos entre Otero e altos funcionários e especialistas internacionais em temas agroalimentares que o IICA empreende desde o início da pandemia, em 2020.

O Embaixador Martínez Pandiani é também Coordenador Nacional da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), cuja presidência pro tempore é exercida pela Argentina, e foi embaixador do país sul-americano em Barbados e em outras nações caribenhas.

Martínez Pandiani visitou a sede do IICA em São José, como parte de seus compromissos na capital costarriquenha, onde representou o governo argentino na posse do novo Presidente do país centro-americano, Rodrigo Chaves.

“A pandemia e o restante dos fenômenos atuais geraram um desafio em todas as disciplinas, e a cooperação agrícola não pode ser uma exceção. O mundo do futuro já começou. Temos um modelo clássico de cooperação de um mundo que está deixando de existir, mas ainda resiste, e demandas de um novo mundo que nos obriga a repensar”, afirmou Martínez Pandiani.

“A cooperação — acrescentou — foi formulada como uma disciplina de peritos, mas hoje sabemos que é sobretudo uma questão social. Os projetos devem ser elaborados de baixo para cima, e não ao contrário, como era o paradigma clássico da cooperação. A primeira coisa que um perito em cooperação deve fazer não é afirmar, mas perguntar e aprender a ouvir”.

O diplomata resumiu: “A cooperação continua sendo uma atividade essencial para o desenvolvimento econômico dos países, mas já não é aceitável que seja focada como uma questão técnica alheia à vida coletiva das sociedades. Nesse caso, seria um capricho da tecnocracia”.

Por sua vez, Manuel Otero reforçou a importância de uma cooperação técnica centrada no social, onde o processo de construção e desenvolvimento dos projetos seja tão importante quanto os produtos finais.

“O segredo da nova cooperação é fazer as perguntas corretas para empoderar os países que desejam ser protagonistas do seu próprio desenvolvimento. No IICA, dizemos que, nesta mudança de época, carece olhar o mundo a partir do nosso continente, sermos promotores da ação coletiva e articularmos os esforços dos setores público e privado, das universidades e organizações da sociedade civil para que ninguém fique de fora”, indicou o Diretor Geral do IICA.

Martínez Pandiani chamou a atenção sobre a necessidade de que os países da América Latina e do Caribe aprendam as lições deixadas pela pandemia de Covid-19.

“Não deve acontecer com a segurança alimentar o que aconteceu quando nos faltaram as vacinas. Creio que a região aprendeu que devemos fortalecer o sistema sanitário e o alimentar, pois quando ocorrem catástrofes globais, não somos necessariamente uma prioridade para outras partes do mundo. A Covid-19 nos mostrou um mundo muito desigual. Ficou claro que os setores mais vulneráveis de nossas sociedades pagaram um preço muito alto, e isso não pode acontecer no âmbito alimentar. Não esperemos uma crise alimentar para nos dar conta de que devemos fazer as coisas de outra maneira”, disse.

O diplomata também enfatizou a importância do IICA, por sua presença com escritórios em cada um de seus 34 Estados membros, inclusive nos Estados insulares do Caribe. “Muito poucas instituições têm presença em todos e em cada um dos países das Américas. E isso não tem um valor meramente simbólico, mas é o principal capital geopolítico da instituição. De fato, quando fui Embaixador em Barbados e viajava pelo Caribe, o suporte que o IICA me dava, por sua relação próxima com governos, com a academia, a sociedade civil e camponeses em cada país. A segurança alimentar é um desafio de todos, e o IICA tem muito a contribuir nesse âmbito”.

Neste sentido, Otero especificou que, para o IICA, o fundamental é gerar bens públicos regionais e garantir que os agricultores estejam no centro das discussões sobre o futuro dos sistemas agroalimentares.

“Há 16,5 milhões de agricultores na região que precisam ser empoderados”, disse Otero, que afirmou que as premissas básicas em torno das quais se deve construir o futuro da agricultura devem ser o papel central da ciência e da inovação, a liderança das mulheres e jovens, o suporte ao comércio, o reforço do associativismo e a parceria inabalável com o ambiente.

Martínez Pandiani e Otero resgataram também o valor da Cooperação Triangular e Sul-Sul e, nesse sentido, destacaram as realizações do projeto API-Caribe, que serviu para fortalecer a indústria apícola e aumentar a produtividade das colmeias em Barbados, Dominica, Santa Lúcia e Saint Kitts e Nevis, pelo apoio de especialistas em apicultura da Argentina. Essa iniciativa foi resultado de um Memorando de Entendimento assinado pela Argentina e o IICA em 2009. 
 
Em 2021, as duas partes selaram um novo acordo pelo qual se está oferecendo assistência técnica conjunta a países da América Central e do Caribe em diversas áreas vinculadas ao desenvolvimento da capacidade produtiva do setor agrícola e a melhoria da vida rural. 

“Pelo API- Caribe — concluiu Otero — demonstramos que a cooperação técnica não requer um investimento de muitos milhões de dólares, mas, fundamentalmente, solidariedade e vontade de unir as partes. O nosso continente é jovem e verde. Temos recursos naturais e somos uma região de paz. Somos convocados a ser protagonistas diante dos novos desafios da segurança alimentar, nutricional, ambiental e energética do planeta”.
 

Disponível em espanhol

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