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Diante da crise alimentar global, é imprescindível que o setor agrícola das Américas se apresente na COP-27 com uma voz convergente, advertem os ministros da agricultura reunidos

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Do ato de abertura do encontro de alto nível, organizado pelo IICA, participaram Rattan Lal, Enviado Especial do IICA para a COP-27, maior autoridade mundial em ciências do solo e Prêmio Mundial da Alimentação de 2020; Lydia Peralta, Ministra Encarregada das Relações Exteriores e Culto da Costa Rica; Manuel Otero, Diretor Geral do IICA; Víctor Carvajal Porras, Ministro da Agricultura e Pecuária da Costa Rica; Laura Suazo, Secretária da Agricultura de Honduras e Presidente do Comitê Executivo do IICA; e Lloyd Day, Diretor Geral Adjunto do IICA.

São José, 23 de setembro de 2022 (IICA) – Diante do preocupante cenário de crise que fez a fome e a desnutrição aumentarem na região e no mundo, o setor agropecuário das Américas tem a responsabilidade de chegar à próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-27) com uma posição convergente.

Foi o que afirmaram os altos funcionários e líderes que participaram da abertura da reunião de ministros, secretários e altos funcionários da agricultura das Américas para discutir o papel estratégico do setor agropecuário da região no enfrentamento da mudança do clima.

Do ato de abertura do encontro de alto nível, organizado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), participaram Rattan Lal, Enviado Especial do IICA para a COP-27, maior autoridade mundial em ciências do solo e Prêmio Mundial da Alimentação de 2020; Lydia Peralta, Ministra Encarregada das Relações Exteriores e Culto da Costa Rica; Víctor Carvajal Porras, Ministro da Agricultura e Pecuária da Costa Rica; Laura Suazo, Secretária da Agricultura de Honduras e Presidente do Comitê Executivo do IICA; e Manuel Otero, Diretor Geral do IICA.

“A mudança do clima não é algo que ocorrerá no futuro – é algo que já está acontecendo. Vemos como os eventos climáticos estão afetando a América Latina e o Caribe. Entre 1998 e 2020, esses fatos resultaram na perda de 312 mil vidas”, disse Rattan Lal.

“Devemos encaminhar uma mensagem muito clara e muito forte na COP-27, para que não se omita a importância da agricultura como sucedeu na COP-26. A produção alimentar está em risco na América do Sul e em países em desenvolvimento de outras partes do mundo, porque a temporada de cultivo é encurtada enquanto o estresse hídrico aumenta”, acrescentou.

O professor Lal, Diretor do Centro de Gestão e Sequestro de Carbono (C-MASC) da Universidade Estadual de Ohio, observou que as discussões na COP-27 devem centrar-se em como produzir mais alimentos com menos recursos. “Temos que utilizar a agricultura como uma solução para a segurança alimentar e nutricional e para a mitigação da mudança do clima”, afirmou.

A Chanceler Peralta Cordero valorizou o trabalho do IICA a favor de uma posição conjunta do continente no tocante às transformações do setor agrícola no contexto das negociações internacionais em mudança do clima.

“Devemos aumentar a participação e a liderança de nossos países na promoção da ação coletiva, para aumentarmos a participação do setor agropecuário nas discussões e negociações globais neste evento de transcendência mundial”, observou Peralta em relação à COP-27, que se realizará em novembro.

“A segurança alimentar, a adaptação dos meios de vida, o cuidado dos recursos água e solo e a melhoria das condições socioeconômicas das populações devem ter o papel de protagonismo nas estratégias nacionais dos governos”, disse Carvajal Porras.

“Como continente, devemos nos posicionar com grandes ambições e, por isso, precisamos fortalecer o equilíbrio entre a produção de alimentos e a proteção do meio ambiente na COP-27”, ponderou o Ministro.

A Secretaria hondurenha Suazo ressaltou a estreita relação entre agricultura e meio ambiente.

“O impacto da mudança do clima, no caso da América Central, é muito importante. Somos uma região altamente vulnerável aos eventos cíclicos de extrema seca ou demasiada chuva e inundações. Por isso, precisamos trabalhar muito o tema de gestão de risco e vulnerabilidade à mudança do clima”, advertiu.

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A Secretária da Agricultura de Honduras e Presidente do Comitê Executivo do IICA, Laura Suazo ressaltou a necessidade de se encontrar uma sinergia entre a mitigação e a adaptação à mudança do clima, uma vez que países como Honduras fazem uma contribuição insignificante para as emissões de gases de efeito estufa, mas são altamente vulneráveis.

Suazo ressaltou a necessidade de se encontrar uma sinergia entre a mitigação e a adaptação à mudança do clima, uma vez que países como Honduras fazem uma contribuição insignificante para as emissões de gases de efeito estufa, mas são altamente vulneráveis.

Segurança alimentar e sustentabilidade ambiental

Manuel Otero ressaltou que o continente americano é avalista da segurança alimentar e nutricional e da sustentabilidade ambiental do planeta, por sua capacidade de produção e seus extraordinários recursos naturais.

“Não pode existir sustentabilidade ambiental sem segurança alimentar para nossos povos e, por isso, é absolutamente essencial que respeitemos essa ordem”, afirmou.

“Minha aspiração”, revelou, “é chegarmos a um consenso hemisférico para essas negociações ambientais, com uma voz convergente de nossa América frente à situação tão especial que o mundo vive”.

Otero referiu-se ao que está em jogo na COP-27 e explicou: “Dizem que vai ser a COP da agricultura e a COP da implementação. Eu acrescentaria que precisa ser a COP em que a voz da agricultura sustentável desempenhe um papel muito especial”.

O Diretor Geral do IICA ressaltou que é imprescindível que o continente mostre ao mundo na COP-27 todas as transformações que fez em sua agricultura para melhorar sua sustentabilidade. Mencionou, neste sentido, o plantio direto, a gestão dos pastos naturais, o que se está fazendo por meio da bioeconomia para a redução de desperdícios, a intensificação sustentável do cultivo de arroz e os avanços que estão ocorrendo no Caribe.

“Nossos sistemas alimentares”, concluiu, “são aperfeiçoáveis, mas não são malsucedidos. Temos que melhorar em muitas coisas, mas não nos podem criticar por tudo. O pior erro é pôr a agricultura no banco dos réus”.

 

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