Juventude rural das Américas expõe necessidades para sua incidência na construção da nova agricultura pós-covid-19
São José, 16 de junho de 2020 (IICA). Jovens rurais das diferentes regiões da América Latina e do Caribe (ALC) expuseram suas necessidades, seus desafios e sua visão para influenciar efetivamente propostas de políticas públicas e a construção de uma nova agricultura após a covid-19.
Os jovens, líderes vinculados a empreendimentos, à cafeicultura, ao meio ambiente e à academia, trocaram ideias no início de uma série de foros virtuais organizados pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), que busca dar-lhes voz e contribuir para reduzir as barreiras que atrasam seu desenvolvimento na ruralidade.
“Parte de nosso trabalho e de nossas prioridades é dar voz à juventude, colocá-la à frente das políticas e das ações que os envolvem. É a geração de hoje e, por isso, a colocamos à frente da construção da nova agricultura que está surgindo com muita força”, assegurou o Diretor de Cooperação Técnica do IICA, Federico Villarreal.
Vontade política, ser integrados na formulação de políticas públicas, acesso real à tecnologia e à digitalização, bem como ao financiamento para seus empreendimentos, fomentar o trabalho em redes e potencializar o papel vital da agricultura familiar na segurança alimentar foram as áreas onde os jovens colocaram ênfase.
“A opinião, conhecimentos e experiência dos jovens devem ser ouvidos, devemos participar da criação de estratégias; que as políticas implementadas estejam bem enfocadas, porque conhecemos as barreiras, as oportunidades e as visões que temos no tema agrícola”, disse Andrea Paredes, cafeicultora guatemalteca e representante centro-americana no foro virtual.
María Alejandra Mata, empreendedora da Região Andina, explorou parte das realidades enfrentadas diariamente pelas juventudes rurais e que têm se acentuado com a pandemia: pobreza, falta de acesso a serviços de saúde, educação, informações e conectividade, o que influencia na permanência dos jovens no campo.
“Aqui na Venezuela, é muito difícil para nós, temos problemas diários de serviços públicos, agora, o inconveniente da falta de combustível. É problemático manter o foco no empreendedorismo, na agricultura; com a Covid-19, muitos perderam as colheitas, mas sempre se busca uma maneira de encontrar soluções”, contou a jovem.
Ante panoramas como esse, o representante da região norte e licenciado em Ciências Políticas e Administração Pública, Aztatl Anzaldo, apontou que entre os desafios centrais do setor agrícola está “fazer com que a juventude rural permaneça no campo, tendo as condições, os conhecimentos e o acesso às ferramentas que lhes permitam produzir e viver dignamente”.
“Os governos, as organizações não governamentais, os setores empresariais e a sociedade civil organizada devem trabalhar em equipe para elaborar políticas públicas que gerem um impacto real e significativo nesse problema”, acrescentou o assessor de organizações que promovem iniciativas e projetos de conservação ambiental, biodiversidade e agricultura biorresiliente, entre outras.
No foro, os participantes aprofundaram como será a agricultura após a pandemia para esse setor da população, as oportunidades que lançará para eles, como devem se organizar para influenciar nas realidades que vivem atualmente como juventude rural, bem como estratégias para dar visibilidade aos problemas que enfrentam em cada um de seus países.
“É uma grande oportunidade de para nos capacitarmos, para trabalhar em conjunto e revalorizar a nossa agricultura. É fundamental gerar redes e potenciá-las no âmbito local e internacional, gerar sinergia entre diversas disciplinas e utilizar os meios de comunicação que se massificaram com a pandemia para aumentar a digitalização do meio rural, começar a combinar a extensão tradicional com os meios digitais para acompanhar os produtores e os jovens”, complementou a representante da região sul e licenciada em Gestão Agropecuária, Noelia Kelly.
O representante da região do Caribe e fundador da Algas Organics, Johanan Dujon, acrescentou que todo o proposto será possível, se houver vontade política e apoio de setores chave, como o privado.
“Os cenários propostos são desejos expressados em voz alta, muito do que, nós jovens, esperamos e queremos está fora de nosso controle, é necessário tempo para fazer políticas, depende dos políticos. Além disso, precisamos de acesso a financiamentos, coisa que tradicionalmente o setor não recebeu e, se isso não mudar, nada mudará pós-Covid-19”, mencionou.
No foro hemisférico denominado Juventudes rurais construindo a nova agricultura pós-Covid-19, o Diretor do Centro Latino-Americano sobre Juventude (CELAJU), Ernesto Rodríguez, repassou justamente como essas políticas públicas deveriam ser e o que é necessário para a eficaz inserção da juventude rural nas esferas política, econômica e produtiva.
“Elas devem ser dotadas de perspectiva geracional, e não só criar espaços específicos para a juventude. Os jovens são atores protagonistas dos meios rurais e de desenvolvimento em geral, porque estão mais capacitados do que a geração anterior, têm uma relação mais dinâmica com as novas tecnologias e estão preparados para assumir os desafios do século XXI. Sua capacitação é muito importante, e que seja reconhecida e valorizada”, concluiu Rodríguez.
O próximo evento virtual dessa série será em 30 de junho, que coletará as experiências, perspectivas e recomendações da juventude rural das regiões do Caribe e Norte. Se transmitida na Sala Virtual de Videoconferências do IICA, pelo Facebook Live e pelo canal do IICA no YouTube.
Mais informações:
Federico Villarreal, Diretor de Cooperação Técnica do IICA.