Na Argentina, Cúpula Pan-Americana de Biocombustíveis Líquidos destaca a vocação e a potencialidade da região para implementar políticas públicas modernas para o setor, trocar experiências, multiplicar a produção e atrair investimentos
Buenos Aires, 3 de julho de 2023 (IICA) — O continente americano tem a vocação e um potencial gigantesco para avançar na implementação de políticas públicas modernas para o setor dos biocombustíveis líquidos, multiplicar a sua produção e atrair investimentos, ao mesmo tempo em que avança para uma convergência que inclua os combustíveis sustentáveis para aviões.
Essas foram algumas das conclusões da Cúpula Pan-Americana de Biocombustíveis Líquidos, que se reuniu em sessão nos dias 29 e 30 de junho na Bolsa de Cereais de Buenos Aires e que abrigou uma conferência e uma reunião fechada da Coalizão Pan-Americana de Biocombustíveis Líquidos (CPBIO).
O encontro de alto nível serviu para compartilhar informações e debater sobre o papel central desempenhado pelos biocombustíveis na região e as múltiplas oportunidades de desenvolvimento que eles oferecem para as Américas, tanto no setor terrestre como no setor aéreo, no âmbito da Transição Energética que está acontecendo em escala global.
A cúpula foi organizada pela CPBIO, formada pelas principais associações empresariais e industriais das Américas dedicadas à produção e ao processamento de açúcar, álcool, milho, sorgo, soja, óleo vegetal e grãos, entre outros produtos do setor agropecuário.
A Coalizão, formada em março por 25 organizações durante uma reunião na sede do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), em São José, Costa Rica, tem como objetivo coordenar a produção, a promoção e o consumo sustentáveis dessas energias limpas no Hemisfério. O IICA opera como Secretaria Técnica da CPBIO.
O encontro em Buenos Aires contou com a participação de destacados funcionários, analistas, produtores e profissionais das Américas e da Europa. Analisaram-se políticas públicas bem-sucedidas no âmbito do uso dos biocombustíveis líquidos para a descarbonização do setor de transporte.
“Os biocombustíveis são uma peça fundamental na transição energética limpa, com tempos de desenvolvimento, custos e implementação relativamente menores em comparação com a eletromobilidade ou a propulsão a hidrogênio. Constituindo assim uma alternativa imediatamente disponível, economicamente possível e ambientalmente sustentável à energia fóssil”, disse o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, no evento.
“Mostra-se imprescindível aproveitar as vantagens comparativas dos países das Américas para continuar desenvolvendo os biocombustíveis. A região tem um capital de biomassa com altas possibilidades de ser industrializada sustentavelmente para produzi-los, mas as políticas públicas, sobretudo, têm um papel fundamental para o seu desenvolvimento”, acrescentou.
O Diretor Executivo da Câmara de Bioetanol de Milho, Patrick Addam, sustentou que “a conferência tem deixado claro três temas: a enorme potencialidade da região para multiplicar a produção de biocombustíveis, a necessidade de ter estruturas regulatórias modernas que facilitem o investimento privado em projetos e a enorme oportunidade que temos para iniciar um caminho de convergência regional, inclusive os combustíveis sustentáveis para aviões”.
Destacaram-se as experiências no uso massivo de biodiesel e bioetanol em diversos países do Hemisfério e da Europa, ao mesmo tempo em que se apresentaram casos de interesse em que os biocombustíveis se inseriram em um mercado de cotação de bônus de carbono (RenovaBio Brasil).
Neste sentido, o Diretor Executivo da APLA, Flavio Castellari, destacou que o “RenovaBio é uma política pública brasileira que foi criada para reconhecer a capacidade de descarbonização dos biocombustíveis e fomentar a eficiência energético-ambiental das unidades de produção. Desde a sua criação, há pouco mais de cinco anos, foram emitidos quase 100 milhões de CBIOS, o que equivale a 100 milhões de toneladas de carbono. O nosso desejo é que outros países sigam esse bom exemplo e possam ter os seus próprios RenovaBios”.
Além disso, foram analisadas as novas tendências emergentes em biocombustíveis. Neste sentido, destacou-se o grande crescimento no uso de diesel verde ou óleos vegetais hidrotratados (HVO).
A esse respeito, o Diretor Executivo da Câmara Argentina de Biocombustíveis (CARBIO), Victor Castro, destacou que “o diesel verde ou os óleos vegetais hidrotratados (HVO) poderiam chegar a representar 25% do total de biodiesel produzido em 2023”.
Em sincronia com os novos biocombustíveis, também se destacou o grande potencial dos combustíveis sustentáveis de aviação, especialmente os oriundos de matérias-primas biológicas.
Neste sentido, o especialista internacional em Biocombustíveis do IICA, Agustín Torroba, destacou que “as Américas podem se transformar em uma plataforma exportadora de biocombustíveis sustentáveis de aviação, aproveitando a grande disponibilidade de matérias-primas passíveis de ser industrializadas e considerando que a aviação civil internacional se comprometeu a ter emissões líquidas zero até 2050. Cerca de 65% da diminuição dessas emissões de gases de efeito estufa virão dos combustíveis sustentáveis de aviação”.
O presidente do Centro Açucareiro Argentino, Jorge Feijóo, concluiu que, “nessa primeira conferência da Coalizão, destacam-se três aspectos, as importantes contribuições dos expositores em relação à efetiva contribuição dos biocombustíveis líquidos para reduzir a emissão de gases de efeito estufa — em quantidade, oportunidade e facilidade de implementação —, a qualificada audiência que participou do encontro e a camaradagem observada entre os membros da Coalizão que participaram de forma presencial e virtual da segunda jornada, quando foram considerados diversos temas de sua organização e marcha”.
Para muitos países que começam a implementar estruturas normativas em biocombustíveis, os eventos da CPBIO são uma contribuição importante. Assim, Aída Lorenzo, gerente da Associação de Combustíveis Renováveis da Guatemala, ressaltou que, “certamente, aprender com os que têm experiência em desenvolver e implementar programas de uso de biocombustíveis em seus países é de grande ajuda para a Guatemala. Agradecemos o apoio da Coalizão para poder aprender com os países e instituições que fazem parte da mesma”
“A reunião da Coalizão nos permitiu avançar concretamente na agenda dos biocombustíveis, potencializando os esforços individuais empenhados para a promoção e o desenvolvimento dos biocombustíveis. A Coalizão é a ferramenta da qual precisávamos para melhorar a comunicação, compartilhar experiências e destacar seus benefícios ambientais, sociais e econômicos em todos os foros internacionais” concluiu Patrick Addam.
O que é a CPBIO
A Coalizão Pan-Americana de Biocombustíveis Líquidos (CPBIO) é composta pelas principais associações empresariais e industriais das Américas dedicadas à produção e ao processamento de açúcar, álcool, milho, sorgo, soja, óleo vegetal e grãos, entre outros produtos do setor agropecuário.
As 25 organizações que deram origem à CPBIO, provenientes de múltiplos países das Américas, assinaram, em março passado, uma declaração propondo a busca por uma institucionalidade e uma coordenação mais robustas para promover os biocombustíveis.
Entre outras questões, alertaram que “a crise climática é cada vez mais preocupante, mas ainda há tempo para evitar catástrofes maiores, sendo os biocombustíveis, especialmente os líquidos, um fator fundamental para a descarbonização do transporte”.
A CPBIO destacou que os biocombustíveis melhoram a qualidade do ar e a saúde da população e contribuem para o desenvolvimento da agricultura e da economia, pois sua elaboração diversifica a oferta produtiva, agrega valor, protege os solos, mediante o rodízio de cultivos, cria empregos sustentáveis e assegura um fluxo de demanda estável ao longo do tempo para os agricultores.
Além disso, a produção de biocombustíveis permite reduzir a vulnerabilidade associada a uma única fonte de energia, para abandonar a dependência, por exemplo, dos combustíveis fósseis.
As integrantes da CPBIO são as seguintes organizações:
- Associação Açucareira de El Salvador
- Associação de Combustíveis Renováveis da Guatemala (ACR)
- Açucareiros do Istmo Centro-Americano (AICA)
- Álcoois do Uruguai (ALUR)
- Associação de Produtores de Álcool da Guatemala (APAG)
- Arranjo Produtivo Local de Álcool (APLA), Brasil
- Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (APROBIO)
- Associação de Açúcares e Álcoois do Panamá (AZUCALPA)
- Câmara Paraguaia de Biocombustíveis e Energias Renováveis (BIOCAP)
- Centro Açucareiro e de Álcool Paraguaio (CAAP)
- Câmara Nacional das Indústrias Açucareira e de Álcool, México
- Comitê Nacional de Produtores de Açúcar da Nicarágua (CNPA)
- Federação Nacional de Biocombustíveis da Colômbia (FEDECOMBUSTIBLES)
- Liga Agrícola Industrial da Cana-de-Açúcar (LAICA), Costa Rica
- Associação Peruana de Agroindustriais do Açúcar e Derivados (PERUCAÑA)
- União de Açucareiros Latino-Americanos (UNALA)
- União Nacional do Etanol de Milho (UNEM)
- Associação Brasileira da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA)
- Conselho de Grãos dos Estados Unidos
- Associação da Cadeia da Soja da Argentina (ACSOJA)
- Associação Argentina de Milho e Sorgo (MAIZAR)
- Câmara de Bioetanol de Milho (BIOMAIZ)
- Câmara Argentina de Biocombustíveis (CARBIO)
- Câmara da Indústria de Óleo da República Argentina-Centro de exportadores de Cereais (CIARA-CEC)
- Centro Açucareiro Argentino (CAA)
Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int