O abastecimento pleno de fertilizantes e energia mediante parcerias público-privadas e o aumento de investimento em inovação na agricultura são fundamentais para a manutenção da produção de alimentos nas Américas
São José, 26 de julho de 2022 (IICA) - Implementar parcerias entre os setores público e privado com o objetivo de se assegurar a provisão de fertilizantes e energias para a agricultura é uma medida-chave para as zonas rurais das Américas serem mantidas ativas e para se garantir a adequada produção e o abastecimento de alimentos na região e no restante do mundo.
Em um diálogo com os membros do Advisory Board (Junta Assessora) do Wilson Center, o Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, indicou medidas que deveriam ser adotadas na região para se evitar que a confluência das atuais crises sanitária da Covid-19, climática, ambiental, social e bélica (especificamente no Leste Europeu), empurre o mundo para uma catástrofe alimentar.
O encontro foi organizado pelo Programa Latino-Americano do Wilson Center, um dos principais foros dos Estados Unidos dedicado à pesquisa e ao diálogo independentes sobre assuntos globais. O Centro foi instituído em 1968 pelo Congresso dos Estados Unidos em memória do Presidente Woodrow Wilson, e seu Conselho Assessor é formado por líderes do setor privado e por ex-funcionários públicos de diversos países das Américas.
Apresentado pelo Diretor em exercício do Wilson Center, Benjamin Gedan, o Diretor Geral do IICA abordou as decisões necessárias para se enfrentar a conjuntura atual e fez um chamado aos países do Hemisfério a que evitem medidas unilaterais que afetem o comércio de alimentos e a que mantenham os esforços diplomáticos para se evitar que o enfrentamento bélico na Ucrânia impacte sua produção agropecuária e o transporte de alimentos e fertilizantes – “que não são armas de guerra”, advertiu. Ressaltou quer esse chamado à ação requer esforços e investimentos maiores em ciência, tecnologia e inovação.
“Nos países das Américas, também precisamos de uma nova geração de políticas públicas para a transformação dos sistemas agroalimentares, pois esta é a única forma de se enfrentar os desafios do século XXI”, acrescentou o Diretor Geral do IICA.
“Devemos nos focar no apoio aos que estão na pobreza e a outros grupos vulneráveis mediante programas e transferências de alimentos. O IICA fez um chamado à criação de uma parceria para a segurança alimentar nas Américas, convidando os atores públicos e privados, as organizações não governamentais, os centros de pensamento e, certamente, as agências de cooperação internacional a dela participarem”, disse Otero. Ele destacou a iniciativa humanitária e alimentar da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) em diversas nações da América Latina.
Os participantes do diálogo convocado pelo Centro Wilson concordaram com o Diretor Geral do IICA quanto à importância de se evitar as restrições comerciais que só fazem agravar a situação, já em si complexa devido às múltiplas crises globais, e quanto à conveniência de se avançar em inovações que melhorem a disponibilidade de fertilizantes e a produção de alimentos nas Américas – por exemplo, mediante as possibilidades oferecidas pela bioeconomia, pela biotecnologia e pela edição genética.
Para essas inovações, a participação dos institutos nacionais de pesquisa agropecuária dos países é mais que necessária, foi a opinião unânime. “A construção de pontes entre produção e meio ambiente requer mais investimento em pesquisa e a transformação de suas conclusões em oportunidades”, afirmou Otero.
Perto da Conferência das Partes (COP-27) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que se realizará em novembro no Egito, ele considerou que as Américas têm a oportunidade de demonstrar que a agricultura regional trilha um caminho irreversível para a sustentabilidade. É por isso que o chamado do IICA à ação coletiva contra a insegurança alimentar inclui a criação de sinergias cada vez mais fortes entre produção e meio ambiente.
Depois de se referir às necessidades de aumentar o comércio intrarregional e promover o associativismo e o cooperativismo entre os produtores de pequena escala, o Diretor Geral do IICA observou que uma crise alimentar acabaria levando a uma crise ambiental e energética. Portanto, avançar na segurança alimentar global é uma grande contribuição para a paz e a estabilidade social, econômica e política.
O diálogo se encerrou com a consideração de que a melhoria da conectividade rural e o empoderamento dos habitantes dessas zonas no uso de tecnologias para a agricultura são vitais para se frear a migração interna nos países da América Latina e do Caribe para os Estados Unidos.
“A agricultura extensiva e as populações rurais com baixa educação levam cedo ou tarde à migração. É um círculo vicioso que se pode e se deve encerrar”, afirmou Otero.
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