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O agricultor Deon Gibson, das Bahamas, é homenageado pelo IICA como “Líder da Ruralidade” por seu esforço para reduzir a dependência da importação de alimentos no Caribe

Deon Gibson
Embora não tenha sido criado em uma família de agricultores, Gibson entendeu desde muito jovem que as Bahamas precisavam aumentar sua produção local de alimentos para se fortalecer como país.

São José, 16 de junho de 2022 (IICA) — O agricultor das Bahamas Deon Da Costa Gibson, que trabalha por uma agricultura resiliente e promove uma maior produção e um maior consumo de alimentos locais para reduzir a dependência da importação de alimentos no país caribenho, foi reconhecido como um dos “Líderes da Ruralidade” das Américas pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).

O prêmio, chamado “Alma da Ruralidade”, é parte de uma iniciativa do organismo especializado em desenvolvimento agropecuário e rural para reconhecer homens e mulheres que marcam e fazem a diferença nos campos do continente americano, essencial para a segurança alimentar e nutricional e para a sustentabilidade ambiental do planeta.

Embora não tenha sido criado em uma família de agricultores, Gibson entendeu desde muito jovem que as Bahamas precisavam aumentar sua produção local de alimentos para se fortalecer como país, tendo estudado agricultura em Cuba e nos Estados Unidos antes de voltar para o seu país com a ideia de desenvolver a produção nos fundos das residências.

Gibson também é conhecido nas Bahamas como Gibby da Farma, pois esse é o nome do seu empreendimento, pelo qual assessora outros agricultores sobre boas práticas agrícolas. Além disso, é responsável pela granja da Fundação Uma Eleuthera, em homenagem à ilha das Bahamas na qual reside. A organização ajuda as comunidades rurais das ilhas das Bahamas a ser autossuficientes, ao mesmo tempo em que cuidam de seus ecossistemas e os tornam mais produtivos.

O prêmio Líderes da Ruralidade é um reconhecimento aos que cumprem um duplo papel insubstituível: ser avalistas da segurança alimentar e nutricional e, ao mesmo tempo, guardiões da biodiversidade do planeta pela produção em qualquer circunstância. O reconhecimento, além disso, tem a função de destacar a capacidade de promover exemplos positivos para as zonas rurais da região.

Gibby da Farma, o jovem que viu na agricultura uma ferramenta para o desenvolvimento de seu país

“Eu estou convencido de que um país não pode garantir a sua segurança nacional, nem ter acesso à segurança, em termos de saúde ou trabalho, e tampouco à segurança financeira, se antes não alcançar a segurança alimentar”, diz Deon Da Costa Gibson.

Esse agricultor das Bahamas, país caribenho que busca abandonar a sua alta dependência das importações de alimentos, é hoje uma das faces visíveis da campanha “Compre fresco, compre local, compre das Bahamas” (Buy Fresh, Buy Local, Buy Bahamian), lançada pelo IICA.

Gibson aceitou participar da campanha porque sustenta que qualquer país é capaz de produzir seus próprios alimentos, se forem implementadas as políticas adequadas para promover não apenas a produção agrícola, mas também o consumo de alimentos locais por parte da sociedade e se houver um compromisso do setor privado que acompanhe essa iniciativa. A campanha se baseia na premissa de que o consumo dos alimentos produzidos no país aliviará a forte despesa em importações, criará empregos, incentivará a economia e melhorará a situação social.

Nascido há 33 anos na capital das Bahamas, Nassau, localizada na ilha de New Providence, Gibson cresceu na ilha de Eleuthera, onde desde criança visitava granjas onde se criavam ovelhas, galinhas, cabras e seus animais favoritos, os porcos. Nessa época, sonhava em ser veterinário para cuidar dos animais e, embora jamais tivesse ouvido falar do conceito de segurança alimentar, começou a perceber que a agricultura deveria ser mais produtiva nas Bahamas para que o país crescesse.

“Comecei a buscar informações sobre agricultura e a ler tudo o que podia encontrar. Não havia então programas para estudar agricultura nas Bahamas, de modo que aproveitei uma oportunidade para estudar agronomia na Universidade Agrária de Havana, Cuba”, conta Deon.

Durante sua estadia em Cuba, ele se interessou pelas inovações que estavam impulsionando a produção de alimentos e pela sustentabilidade da atividade. Devido ao se papel inicial de criador de projetos e ao seu carisma para interagir com outros estudantes, foi convidado a ir para os Estados Unidos, para participar de um foro de Jovens Líderes Rurais das Américas organizado pela Universidade de Nebraska, em Lincoln, e o IICA.

Nesse encontro, expôs sua filosofia para fazer as coisas, quando disse: “Quando a vida der limões, faça uma limonada; quando a vida oferecer laranjas, faça uma laranjada; e quando ela oferecer maçãs, faça um suco de maçã”.

Depois, Deon continuou seus estudos nos Estados Unidos, ao ser aceito no Sterling College, de Craftsbury, Vermont, uma universidade voltada para as ciências ambientais e a agricultura sustentável.

“Muitos me perguntavam por que me ocorreu estudar agricultura, com todas as dificuldades enfrentadas pela atividade. E eu digo que, quando se pode preparar uma omelete com os ovos que você mesmo colheu ou quando você colhe com as próprias mãos os tomates ou os pimentões que comerá, é quando você começa a ver a agricultura de outra maneira”, diz Deon.

“Sem a agricultura e sem os agricultores — acrescenta — a humanidade não sobreviveria. E a melhor maneira de envolver os jovens na agricultura é ensinar a ter a paciência necessária para esperar uma colheita e mostrar o resultado do trabalho”.

Ao regressar a Bahamas, em 2013, Deon se instalou na ilha de Abaco e começou a manejar a pequena granja de um restaurante e a promover a produção de alimentos nos fundos das casas. Em setembro de 2019, Abaco sofreu uma tremenda devastação pela passagem de Dorian, o furacão mais forte a impactar o noroeste das Bahamas. Deon viveu de perto o impacto desse desastre natural sobre os meios de vida das comunidades rurais. Mais tarde, voltou à ilha de Eleuthera, onde foi integrado à Fundação Uma Eleuthera (One Eleuthera Foundation), uma organização sem fins lucrativos fundada em 2012 para ajudar as comunidades rurais das ilhas das Bahamas a ser autossuficientes, ao mesmo tempo em que cuidam de seus ecossistemas e os tornam mais produtivos.

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O trabalho de Gibson foca em empoderar e oferecer apoio técnico aos agricultores locais, como também em colaborar com os programas agrícolas educativos que estão em andamento nas escolas secundárias do país.

Como responsável pela granja da fundação, o trabalho de Gibson foca em empoderar e oferecer apoio técnico aos agricultores locais, como também em colaborar com os programas agrícolas educativos que estão em andamento nas escolas secundárias do país. Na granja de Eleuthera, Gibson cuida das galinhas e supervisiona a produção de mel. É ele quem colhe os ovos e quem cuida das abelhas. Além disso, colabora na organização de uma feira onde os agricultores vendem seus produtos.

“Uma granja é um organismo vivo. Tudo o que existe em um estabelecimento agrícola tem vida e, bem como cada um de nós controla a sua saúde, também devemos controlar as plantas e os animais, para ver se não estão doentes, se têm água e comida suficientes”, diz.

Mas além de seu trabalho na fundação, Deon é dono e operador da Gibby da Farma Backyard Gardens and Agricultural Consultancy, uma empresa que assessora desenvolvedores de pequenos empreendimentos de produção de alimentos.

“Estou comprometido em gerar soberania alimentar pelo aumento de nossa produção de alimentos, objetivo que só alcançaremos se fortalecermos os nossos agricultores locais e estimularmos os consumidores para que comprem o que é produzido aqui”, diz Gibson.

Ele reconhece, no entanto, que a mudança do clima é um obstáculo muito difícil enfrentado pelos agricultores caribenhos, devido ao aumento da intensidade e da frequência dos eventos extremos.

“O Furacão Dorian — recorda — é o melhor exemplo. Muitos agricultores perderam as suas colheitas e suas casas. Também tivemos grandes inundações e períodos de seca que duraram meses, impossíveis de sobreviver se não houver sistemas de irrigação. Creio que precisamos de uma educação muito melhor sobre resiliência ao clima. Em nossa granja estamos usando hidroponia, que permite reduzir o consumo de água. Gosto disso e acredito que pode ser uma ferramenta positiva para enfrentar a mudança do clima. Todas as gerações percebem que devemos melhorar. Nos últimos dias, até mesmo a minha avó me disse que acha que devemos estudar melhor a mudança do clima, e esse deve ser o nosso principal objetivo hoje”.

 

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