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O continente americano tem a responsabilidade de sustentar a segurança alimentar global na crise atual – é o que afirmam adidos agrícolas junto à União Europeia e o Diretor Geral do IICA

UE
Adidos agrícolas de países das Américas junto à União Europeia (UE), baseados em Bruxelas, Bélgica, e o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, apresentaram visões coincidentes em um diálogo virtual organizado pela Embaixada da Argentina junto à UE para discutir estratégias e linhas de ação frente à conjuntura atual de aumento global do preço dos alimentos e da energia e à crise do mercado dos fertilizantes químicos.

São José, 7 de julho de 2022 (IICA) – O continente americano, como principal produtor e exportador de produtos agropecuários do mundo, tem a grande responsabilidade de sustentar a segurança alimentar global diante do complexo desafio apresentado pelo cenário atual de crises simultâneas.

Nessa visão, coincidiram adidos agrícolas de países das Américas junto à União Europeia (UE), baseados em Bruxelas, Bélgica, e o Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, em um diálogo virtual organizado pela Embaixada da Argentina junto à UE para discutir estratégias e linhas de ação frente à conjuntura atual de aumento global do preço dos alimentos e da energia e à crise do mercado dos fertilizantes químicos.

Adidos agrícolas e comerciais de embaixadas de outros continentes e funcionários da Comissão Europeia também assistiram ao debate, que teve grande participação.

O embaixador argentino junto à UE, Pablo Grinspun, foi o anfitrião da atividade, convocada no âmbito da presidência argentina Pro Tempore da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC).

“A abordagem dos desafios atuais requer uma atuação coordenada de países, organismos internacionais, setor privado e sociedade civil. Muitas das dificuldades que geraram a crise de segurança alimentar já estavam presentes, mas foram aprofundadas com a pandemia da Covid-19 e a guerra na Europa”, observou Grinspun. Depois de declarar que o trabalho do IICA é especialmente valioso e necessário nas circunstâncias atuais, ele ponderou que a luta contra a mudança do clima e pela preservação da biodiversidade é central na agenda europeia quanto ao impacto da agricultura.

“Observamos com atenção e preocupação a dimensão externa do Pacto Verde Europeu e o impacto de suas regulamentações ambientais em países produtores e exportadores de alimentos, como Argentina e muitos outros da América Latina”, advertiu Grinspun, enfatizando que o princípio de responsabilidades comuns mas diferenciadas, no esforço global de mitigação da mudança do clima, continua vigente e que a produção de alimentos deve ser realizada de forma sustentável e sem a exigência de um modelo único. “As transformações da agricultura devem adaptar-se às prioridades e às necessidades de cada país e região”, afirmou o chefe da missão argentina em Bruxelas.

Por sua vez, Gastón Funes, Adido Agrícola da Argentina junto à UE e moderador do debate, observou que a integração regional e a solidariedade entre os países é fundamental em tempos de crise como os atuais, e afirmou que o trabalho atualmente realizado pelo IICA é essencial para a coordenação de uma posição comum do continente americano frente à transformação dos sistemas agroalimentares no caminho para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-27), que se realizará no Egito.

Funes também reforçou o conceito do equilíbrio necessário entre sustentabilidade ambiental, produtividade e segurança alimentar, recordando que “temos falado muito de cooperação e que, nesse âmbito, a integração regional e a solidariedade são fundamentais em tempos de crise. Devemos produzir mais com menos, para o que são imprescindíveis a tecnologia, a inovação e a ciência, devendo-se ressaltar ainda a preparação que o IICA está fazendo para coordenar uma posição comum no caminho para a COP-27. A segurança alimentar está no topo da agenda mundial”.

O papel da região

O Diretor Geral do IICA ressaltou que, pela abundância de seus recursos naturais, as Américas “têm um papel estratégico na segurança alimentar e ambiental global. Portanto, o que está acontecendo nos desafia de uma maneira muito particular e merece respostas à altura das circunstâncias, pensando não apenas no curto prazo, mas também em aspectos mais estruturais e com uma visão da construção de um futuro que deve necessariamente ser mais sustentável e resiliente”.

Otero fez uma análise da situação econômica e social da América Latina e do Caribe para fundamentar sua afirmação de que o desafio da segurança alimentar na região deve ser posto no contexto mais amplo das preocupações sobre o crescimento, a pobreza e a desigualdade, a sustentabilidade ambiental e as condições macroeconômicas em que ele está ocorrendo.

Quanto às políticas públicas a serem colocadas em prática, Otero observou que, no tocante aos consumidores, devem ser priorizadas “ações de proteção social e assistência alimentar para os setores mais vulneráveis, e não subsídios generalizados à energia ou restrições ao comércio internacional, que inevitavelmente terminam aumentando a volatilidade nos mercados globais”.

Entre as ações que o IICA está promovendo, explicou Otero aos adidos agrícolas, está a facilitação de diálogos entre os ministros da agricultura de seus países membros e o trabalho com outros organismos internacionais para amenizar a situação dos mercados de fertilizantes, de que os países do continente participam como fortes importadores para sustentar sua produção de alimentos.

Otero também explicou que o IICA está incentivando o esforço conjunto dos países da região por meio de uma parceria continental que contempla cinco eixos estratégicos de trabalho: desenho, financiamento e implementação de uma nova geração de políticas públicas para o fortalecimento dos sistemas agroalimentares dos países da região; posicionamento da agricultura das Américas nas discussões climáticas, enfatizando-se a necessidade de equilíbrio entre as questões ambientais e as de segurança alimentar; promoção da inovação e da bioeconomia mediante o reforço do trabalho em ciência, tecnologia e inovação para preenchimento das lacunas preocupantes em produtividade; geração de condições para a expansão produtiva favorecer a inclusão da agricultura familiar a fim de se alcançar o desenvolvimento territorial, a redução da pobreza e a melhoria da situação das mulheres e de outros grupos vulneráveis; e apoio aos países membros na promoção do comércio intrarregional e da integração.

À exposição de Otero seguiu-se uma rica troca de informações e ideias com os adidos agrícolas em Bruxelas, com destaque para as referências ao papel dos países da América Latina como credores ambientais internacionais, em virtude de sua enorme disponibilidade de recursos naturais.

 

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