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Os países do Caribe trabalham de forma sustentável para aumentar a produção e reduzir as importações de alimentos, disse o Ministro Saboto Caesar

Saboto
O Ministro da Agricultura, Silvicultura, Pesca, Transformação Rural, Indústria e Trabalho de São Vicente e Granadinas, Saboto Caesar, indicou que o país insular incentiva seus consumidores a comprar produtos caribenhos. “Há um só mercado e uma só economia na Comunidade do Caribe, e devemos fomentar o comércio inter-regional”, disse.

Brasília, 16 de março de 2021 (IICA) — Os países do Caribe trabalham de forma sustentável para aumentar a sua produção agrícola, incentivar os consumidores a comprar alimentos locais e reduzir as importações, afirmou Saboto Caesar, Ministro da Agricultura, Silvicultura, Pesca, Transformação Rural, Indústria e Trabalho de São Vicente e Granadinas, em uma entrevista para o AgroAmérica, programa transmitido pelo canal de TV brasileiro AgroMais.

São Vicente e Granadinas é um arquipélago de 32 ilhas e ilhotas cuja economia se baseia fundamentalmente no turismo e na agricultura, tendo a banana como o seu principal cultivo. O estado insular faz parte da Comunidade do Caribe (CARICOM), integrada por nações de pequenos territórios que buscam fomentar o comércio inter-regional e deixar para trás a sua histórica dependência das importações de alimentos de outros países, contou Caesar.

“Para nós, como país, é muito importante abordar as questões vinculadas à segurança e à soberania alimentar. Certamente, devido à geografia, sempre existirão commodities que precisaremos importar. Por exemplo, compramos trigo para processar, pois temos um moinho de farinha. Mas há uma grande variedade de produtos que hoje importamos de fora da região e que perfeitamente podem ser produzidos por países da CARICOM”, disse o ministro.

Na última década, São Vicente e Granadinas avançou com um programa oficial que busca incentivar seus habitantes a comprar e consumir alimentos produzidos pelos agricultores locais. Para isso, trabalhou em alinhar o trabalho dos produtores do país às necessidades e ao gosto dos consumidores.

“O governo central — explicou Caesar — financia programas, por meio de diversos ministérios, para identificar os alimentos que devem ser produzidos, e trabalhamos muito estreitamente com pequenos agricultores e cooperativas. É crítico, além disso, que os consumidores saibam que devem apoiar os produtores locais para que possamos ser autossuficientes, tanto como país quanto como região. Continuamos incentivando nossos consumidores a que façam compras locais, pois há um só mercado e uma só economia na CARICOM e devemos fomentar o comércio transregional”.

A pandemia de Covid-19 teve um efeito devastador sobre as economias de todos os países do Caribe, onde as receitas do turismo são decisivas. São Vicente e Granadinas não foi uma exceção, e a sua população teve que enfrentar um desafio desconhecido e mais complexo do que qualquer outro apresentado no passado.

“Temos uma história de lutas com furacões, mas nunca com pandemias. Apesar disso, creio que estamos fazendo um bom trabalho”, disse o funcionário.

A paralisação quase total da chegada de visitantes fez com que a demanda de alimentos locais caísse 90% por hotéis e restaurantes no arquipélago. Diante dessa dramática realidade, o governo implementou um programa para comprar esses alimentos e distribuí-los às pessoas vulneráveis.

“Muitas pessoas perderam seus empregos e precisavam de assistência. Entre março e dezembro de 2020, distribuímos cerca de 40.000 caixas de alimentos. Nós as chamamos de Caixas do Amor. Assim, também ajudamos aos agricultores, os quais poderiam dar continuidade à sua produção”, contou Caesar.

“Embora em 2021 — acrescentou — não tenhamos continuado com a Caixa do Amor, temos um programa estabilizador do mercado de alimentos que garantirá subsídios do governo e apoio técnico, com o que buscamos garantir que os agricultores e os comerciantes de alimentos se concentrem nas cadeias de valor daqueles produtos que são mais demandados pelos consumidores”.

O Ministro Saboto Caesar também se referiu à necessidade de uma maior presença de mulheres e de jovens no setor agropecuário local. “Trabalhamos com organismos e agências internacionais, como o IICA, para assegurar que as mulheres e os jovens tenham a infraestrutura e a tecnologia que precisam para aumentar a sua produtividade”, afirmou.

São Vicente e Granadinas é um grande produtor de banana, que tem uma história e uma tradição no país. “Em 1992, recebemos 100 milhões de dólares da indústria da banana”, revelou Caesar, que disse que o país também enfrentou diversas ameaças ao seu principal cultivo nas últimas décadas: “Fomos afetados por pragas, doenças e, também, pelos efeitos da mudança do clima. Em 30 de outubro de 2010, sofremos um grande furacão que devastou 98% da indústria da banana”.

Nesse sentido, Caesar reconheceu que há a preocupação com o avanço mundial da cepa Tropical Race 4 (TR4) do fungo Fusarium, uma doença que destrói as plantações da banana e para a qual, hoje, não existe cura. A TR4 se originou no sudeste asiático e depois começou a se expandir. Em 2019, sua presença foi confirmada em plantações da Colômbia, primeiro país vítima dessa verdadeira pandemia da banana na América Latina e no Caribe.

“É um grande risco que já está presente no hemisfério. Estamos trabalhando com o governo e o povo de Taiwan para trazer a tecnologia necessária para garantir a proteção de nossas plantações para o nosso país, e também precisamos estar perto de governos amigos e de organizações como o IICA, se formos afetados pela TR4”, disse Caesar.

O IICA está a cargo da secretaria da Parceria Global de Cooperação na Luta contra o Fusarium TR4, uma coalizão de representantes do setor privado, da academia, de organizações da sociedade civil, de entidades estatais e de organismos internacionais constituída formalmente em fevereiro. A Parceria tem como primeiro objetivo conter o avanço da doença e investigar e desenvolver soluções de melhoria genética da banana para torná-la resistente.

O Ministro Saboto Caesar destacou também a crescente importância da pesca para a economia de São Vicente e Granadinas: “Tem havido um aumento do investimento estrangeiro direto no setor pesqueiro, por companhias que trabalham com cooperativas locais para aumentar a produção”. Nesse sentido, apontou um fator que tem contribuído de maneira significativa: “Estamos celebrando o quarto aniversário de nosso aeroporto internacional, o que facilitou a chegada de nossos frutos do mar ao resto do mundo. A abertura do aeroporto foi significativa, enquanto povo, e gerou um aumento exponencial do comércio extrarregional”.

Agro América é um programa do canal brasileiro de TV Agro Mais, do Grupo Bandeirantes de Comunicação, e fruto de uma parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). A transmissão apresenta a atualidade do setor agropecuário e da ruralidade nos países membros do IICA, com o objetivo de promover o intercâmbio de experiências e uma discussão sobre os desafios e as oportunidades da América Latina e do Caribe na área de desenvolvimento agropecuário e rural.

Entrevista com Saboto Caesar: https://www.youtube.com/watch?v=25g8epRVP7s

 

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