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Produtores, comercializadores e sociedade civil se mobilizam para destacar o valor da pecuária sustentável

Ganadería sostenible
América e o Caribe é a região que é responsável por 40% do comércio mundial de carne bovina, fundamentalmente graças à grande produção dos países do bloco aduaneiro sul-americano Mercosul.

São José, 1° de julho de 2021 (IICA) – O valor da pecuária sustentável, tanto do ponto de vista da nutrição humana como do seu significado econômico e social para as zonas rurais, foi o tema do Seminário “Importância da proteína animal”, que contou com a participação de especialistas de diversas áreas.

O roteiro da discussão foi organizado pela Mesa-redonda sobre Carne Bovina Sustentável, organização internacional que reúne atores da produção, da cadeia comercial e da sociedade civil de diversos países e regiões, comprometidos com a produção de carne bovina ambientalmente saudável, socialmente responsável e economicamente viável.

Esta foi uma oportunidade para a definição de algumas mensagens sobre o papel da criação de animais na segurança alimentar global para a Cúpula de Sistemas Alimentares 2021, convocada pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, Antonio Guterres. As exposições abordaram a interação e a complementação entre as atividades pecuária e agrícola e a contribuição essencial que a saúde dos pastos dá para a produção alimentar.

“O debate sobre a sustentabilidade da pecuária está crescendo na agenda global. Há gente que diz que precisamos menos de animais ou que podemos substituir a carne por alimentos à base de plantas, mas não é bem assim. A alimentação faz parte de um sistema e, certamente, é mais fácil falar em substituir uma coisa por outra do que trabalhar para melhorar o sistema como um todo, de modo que vegetais e animais continuem juntos e se complementem para garantir a segurança alimentar”, disse Ruaraidh Petre, Diretor Executivo da Mesa-redonda sobre Carne Bovina Sustentável.

Por sua vez, Cherie Copithorne-Barnes, integrante do Comitê Executivo da Mesa-redonda e representante da Associação de Pecuaristas do Canadá, explicou: “Queremos colaborar para fixar critérios globais para a produção de carne sustentável. Como produtora, conheço muito bem a importância da proteína animal, porque a minha família tem vivido nisso por 134 anos”.

“Há 150 anos”, acrescentou, “as zonas rurais da América do Norte eram cobertas por bisontes e cervos, que manejavam os nossos pastos naturalmente. Mas, em seguida, esses animais silvestres desapareceram e hoje é o gado que mantém o nosso solo saudável. Os que trabalhamos nos sistemas de produção de carne temos que nos unir para divulgar informações que possam ser conhecidas e entendidas por todos sobre como produzimos e quais os benefícios da nossa produção. A diminuição global de gases de efeito estufa não será significativa se deixarmos de comer carne”.

Diana Rodgers, nutricionista, diretora e produtora cinematográfica e integrante da Parceria Global para a Alimentação com Fonte Animal, referiu-se a questionamentos que se escutam do ponto de vista de um suposto impacto negativo da carne na saúde humana: “Nenhum estudo sério mostrou relação entre carne de vaca e doenças. Tampouco há estudos que demonstrem que as crianças crescem ou se desenvolvem melhor sem ela, pelo contrário. Os países que mais comem carne são os de nível maior de bem-estar”.

Rodgers detalhou que a deficiência de nutrientes mais comum no mundo é a de ferro e vitamina B12 e que a carne é a melhor fonte dos dois. Entre outros benefícios, acrescentou que produz saciedade, é baixa em calorias, é o alimento com mais nutrientes para os seres humanos e é benéfica no combate à obesidade.

“Em muitas partes do mundo”, sustentou, “as pessoas têm pouco ou nenhum acesso a suplementos ou à variedade de vegetais requerida para suprir a nutrição oferecida pela carne. Eliminá-la, portanto, vai causar mais danos que benefícios”, disse.

Do ponto de vista ambiental, Rodgers observou que a ciência determinou que, se nos Estados Unidos fossem eliminados todos os produtos animais, as emissões de gases de efeito estufa, que produzem a mudança do clima, só seriam reduzidas em 2,6%, e as pessoas passariam a consumir mais calorias, maior quantidade de carboidratos e padeceriam de deficiências nutricionais.

“A carne contém nutrientes que não estão disponíveis em vegetais e é essencial para o bem-estar dos que vivem em países em desenvolvimento, que têm acesso restrito às várias comidas baseadas em vegetais e suplementos”, resumiu.

Grande parte da produção da criação de gado de alguns países está baseada em pastos. Em muitos casos, essas terras não são adequadas para outros produtos. Neste sentido, a pecuária é decisiva para a sobrevivência das comunidades rurais, afirmou Shirley Tarawali, Diretora Geral Adjunta do Instituto Internacional de Pesquisa sobre Pecuária (ILRI), com sede em Nairobi, Quênia.

“Em todo o mundo, o gado tem estreita relação com a nutrição. Os animais saudáveis, bem cuidados e produtivos contribuem para meios de vida sustentáveis, saudáveis e inclusivos. Servem para tirar as pessoas da pobreza e são essenciais para uma nutrição equilibrada. As vitaminas e os nutrientes do leite, da carne e dos ovos são essenciais para o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças”, afirmou Tarawali.

Por sua vez, o Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, focou a América e o Caribe, região que é responsável por 40% do comércio mundial de carne bovina, fundamentalmente graças à grande produção dos países do bloco aduaneiro sul-americano Mercosul.

“A pecuária no nosso continente tem uma enorme importância social, por ser uma grande geradora de empregos e decisiva do ponto de vista dos pequenos produtores, que geram mais de 60% da produção de carne. Na América Central, 90% das explorações agropecuárias são de pequenas propriedades rurais que têm entre quatro e 20 animais”, explicou Otero.

Com os países das Américas, o Instituto elaborou mensagens convergentes que o continente apresentará ao mundo na Cúpula sobre Sistemas Alimentares 2021, as quais põem em primeiro plano a agricultura e os agricultores, avalistas da segurança alimentar e nutricional planetária.

O IICA elaborou também documentos sobre o tema da pecuária sustentável, na perspectiva dos seus membros, nos quais procura valorizar os aspectos positivos e sustentáveis dos sistemas produtivos da região e as suas potencialidades, além da sua importância como produtora e exportadora de proteína animal.

“A pecuária de carne e a de lacticínios são atividades de enorme importância econômica, que produzem quase 50% do PIB agrícola e que cresceu mais de 30% nos últimos 10 anos”, disse Otero, que considerou também ser “impossível substituir a contribuição da carne para a nutrição e o desenvolvimento humano, pois se precisa de meio quilo de feijão preto para igualar a proteína de 100 gramas de carne”.

Também enfatizou que a pecuária da região se desenvolve em sistemas de pastoreio, às vezes localizados em zonas marginais onde não há concorrência com a agricultura: “Quando a pecuária é bem manejada não gera desmatamento nem põe em risco os biomas dos países. Embora os animais emitam metano, os pastos capturam 12 vezes mais carbono que os gases emitidos. Conseguimos avanços importantes e, para continuar aumentando a nossa competitividade, temos de ser sustentáveis e demonstrá-lo. Existe uma tarefa ineludível em que é necessário unir pesquisa e comunicação. Na Cúpula, temos a responsabilidade de defender os produtores e demonstrar que somos sustentáveis”.

 

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