Vital para a segurança alimentar do mundo, a pecuária das Américas exibe todos os seus avanços em sustentabilidade na COP27
Sharm El Sheik, Egito, 10 de novembro de 2022 (IICA) — A pecuária avança aceleradamente para a sustentabilidade nas Américas e em outros continentes enquanto desempenha um papel central e insubstituível para a segurança alimentar global, segundo exemplos concretos expostos por representantes dos setores público e privado em um painel da COP27, que acontece na cidade egípcia de Sharm El Sheik.
O painel “Pecuária sustentável em todo o mundo. Trabalhando para a sustentabilidade em todas as regiões e todos os sistemas de produção” aconteceu no pavilhão Casa da Agricultura Sustentável das Américas, um espaço instalado na 27ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP27) pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) com o apoio de seus Estados membros e parceiros internacionais.
Organizado por The Protein Pact, que representa pecuaristas e companhias que produzem carne bovina, suína, aviária e produtos lácteos nos Estados Unidos com a visão comum de fortalecer a contribuição da proteína animal à segurança alimentar e à conservação ambiental, participaram do painel William Hohenstein, Diretor do Escritório de Políticas Energéticas e Ambientais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA); Gianni Motta, do Instituto Nacional de Carnes (INAC) do Uruguai; Laura Cramer, do Instituto Internacional de Pesquisa sobre Pecuária (ILRI); e Max Makuvise, produtor pecuarista que trabalha com tecnologia avançada na África.
O Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, dirigiu o discurso de abertura do encontro, instância na qual também participou o Ministro de Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai, Fernando Mattos, que lembrou que “a pecuária uruguaia cuida de seus recursos naturais muito tempo antes de a discussão climática se instalar em âmbito global".
As apresentações foram precedidas por um vídeo que relatou de maneira didática os avanços alcançados nos Estados Unidos pelas indústrias de carne e láctea para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, aumentar a resiliência dos produtores, proteger os postos de trabalho e contribuir para o cuidado da biodiversidade e o bem-estar animal.
Hohenstein, responsável pelas políticas vinculadas à mudança do clima na produção agrícola dos Estados Unidos, descreveu as ações realizadas em termos de mitigação e adaptação, que incluem uma significativa incorporação de novas tecnologias, da inovação e de pesquisas.
“Temos recursos graças a este ano ter sido aprovada, nos Estados Unidos, a ‘Inflation Reduction Act’, que implantou a agenda mais importante que tivemos no país em termos de mudança do clima. Estamos alcançando todos os produtores pecuaristas dos Estados Unidos, com mais de 70 projetos e 3 bilhões de dólares em todos os estados, incluindo produtores de gado, porcos, aves e lacticínios”, disse Hohenstein.
O funcionário explicou que as iniciativas incluem diversas ações para que os produtores, fortemente afetados pela mudança do clima, alcancem a resiliência por meio de boas práticas na gestão dos animais, da água, da terra e de outros recursos naturais. “Ainda há muito trabalho a fazer”, advertiu Hohenstein.
As conquistas substanciais do Uruguai
Gianni Motta fez um extenso relato repleto de dados sobre os substanciais avanços do Uruguai nos últimos anos quanto à sustentabilidade ambiental de sua produção pecuária.
“Temos um país que tem o tamanho médio de um europeu. Em termos sul-americanos, somos pequenos, mas não em âmbito mundial. O nosso território tem pouca população, e a maior parte está concentrada na zona atlântica. Contamos com o maior Produto Interno Bruto per capita da América do Sul”, resumiu.
Motta disse que a atividade agropecuária é de extrema importância econômica no Uruguai, uma vez que é responsável por 75% das exportações nacionais.
“Produzimos alimentos — afirmou — para 40 milhões de pessoas. O setor agrícola emprega um a cada seis trabalhadores do país. Isso porque temos cinco hectares por pessoa e contamos com água em abundância. O ecossistema de nosso território é 100% de pampas, composto por pastos naturais que compartilhamos com a Argentina e o Paraguai. São ótimas condições para produzir alimentos”.
O especialista também indicou que 43% das florestas uruguaias estão protegidas por lei desde 1987, transformando o Uruguai no único país da América do Sul com aumento da sua superfície de florestas.
Motta mostrou como a pecuária uruguaia alcançou uma grande eficiência em termos produtivos e ambientais, ao ponto de reduzir em 30% as emissões de metano e aumentar 90% a produção de carne, 84% realizada em pastos naturais.
Além disso, deu detalhes da iniciativa que setores públicos e privados implementaram em conjunto para medir as emissões de gases de efeito estufa e o consumo de recursos naturais da produção pecuária.
Por sua vez, Laura Cramer, que trabalha em nações africanas como o Quênia e a Etiópia, contou como a pecuária na África não é apenas vital para a segurança alimentar, mas também para a sustentabilidade social e para o combate à mudança do clima.
“A narrativa sobre a pecuária e a mudança do clima está dominada pelo lado negativo. Devemos mudar essa falta de imagem, pois apoiar a pecuária é crítico para a segurança alimentar e as receitas de milhões de pessoas”, indicou.
Na mesma linha Makuvise advertiu que a pecuária na África não só é importante para a produção de carne, mas tem muitos recursos adicionais. “Compartilhar os conhecimentos e experiências — ressaltou — é essencial, uma vez que só assim se chega às melhores soluções”.
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