Ação coletiva e cooperação são fundamentais para o fortalecimento do comércio agroalimentar nas Américas, afirmam especialistas convocados pelo BID, CEPAL, FAO, IICA e IFPRI
São José, 8 de setembro, 2023 (IICA) — São necessárias parcerias entre os setores público, privado e acadêmico e os organismos multilaterais para potencializar o comércio de produtos agroalimentares nas Américas, afirmaram especialistas reunidos na sede central do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), em São José, Costa Rica.
No seminário “Fortalecimento do comércio agroalimentar da região para potencializar sua contribuição para o desenvolvimento sustentável e a segurança alimentar”, os especialistas discutiram os desafios do setor em um contexto internacional incerto e mutável, durante um evento organizado pelo BID, a CEPAL, a FAO, o IFPRI e o IICA.
No foro, foi enfatizado que o comércio agroalimentar da região não só satisfaz as demandas internas dos países do hemisfério, mas também contribui significativamente para as exportações agroalimentares do mundo, fortalecendo o desenvolvimento sustentável e a segurança alimentar.
Manuel Otero, Diretor Geral do IICA, comentou que é de vital importância fortalecer o sistema multilateral de comércio, melhorar o aproveitamento dos acordos vigentes em questões comerciais internacionais e fomentar o comércio intrarregional.
Mencionou também a responsabilidade do IICA e das demais organizações convocadoras de criar respostas concretas que orientem os Estados a garantir o abastecimento de alimentos no mundo.
“Somos um catalisador da ação coletiva dos países e setores, tendo claro que ninguém pode se salvar sozinho e ninguém pode ficar para trás. Para o IICA, a cooperação supranacional em consórcios é fundamental, por isso incentivamos e promovemos espaços como esse” comentou Otero.
Paolo Giordano, Economista Principal do Setor de Integração e Comércio do BID, observou que a segurança alimentar está no mais alto nível de prioridades do organismo multilateral. “Buscamos apoiar projetos e fortalecer a arquitetura institucional para que o comércio internacional contribua não só para a segurança alimentar da região, mas também do resto do mundo” afirmou.
José Durán, Oficial de Assuntos Econômicos e Chefe da Unidade de Comércio e Integração Regional da CEPAL, afirmou que é muito relevante apoiar os países da América Latina e do Caribe para promover o comércio e a recuperação da agricultura e criar sistemas agropecuários resilientes e renovados, com suas respectivas vantagens comparativas.
“A administração e a implementação de acordos comerciais são fundamentais para atender a demanda regional de uma agricultura moderna que responda às demandas do mercado. Deve existir uma maior coordenação no intercâmbio de informações entre as agências e os órgãos de governo para aumentar o comércio agrário”, acrescentou.
Pablo Rabczuk, Oficial de Comércio e Sistemas Agroalimentares da FAO na América Latina e no Caribe, comentou que já se demonstrou que, somando esforços, é possível fortalecer o trabalho de promover o comércio agroalimentar em benefício dos pequenos produtores, da agricultura familiar e das PMEs de toda América Latina e do Caribe.
“As instituições aqui representadas têm o objetivo comum de oferecer ferramentas de apoio, gerar evidências, desenvolver capacidades e gerar oportunidades para que os empresários do setor agroalimentar e potenciais exportadores possam ter acesso a novos mercados e contribuir para a segurança alimentar. É trabalhando em consórcio que alcançaremos o avanço do comércio agroalimentar em nossa região”, observou.
A Chefe Interina da América Latina e Coordenadora Sênior de Pesquisa na Divisão de Mercados, Comércio e Instituições do IFPRI, Valeria Piñeiro, disse: “A ideia é que todas as instituições estejam unidas para ter acertos na ação conjunta e promover a mudança e modernização nas relações comerciais do setor agrícola”.
Acrescentou que esse organismo promove ferramentas de desenvolvimento baseadas em quatro pilares: comércio, inovação, mudança do clima e pobreza e nutrição.
Daniel Rodríguez, Gerente do Programa Comércio Internacional e Integração Regional do IICA, afirmou que se deve atuar de maneira coordenada no âmbito global para fortalecer a contribuição do comércio na região.
“Desde o início procuramos alcançar ações que potencializem a contribuição que o comércio agroalimentar da região pode fazer ao desenvolvimento sustentável e a segurança alimentar”, comentou.
Cooperação e oportunidades
Dentro das discussões do seminário, os especialistas concordaram que reconfigurar o sistema multilateral de comércio, evitar o surgimento de normas e regulamentos com potencial para restringir o comércio, melhorar o aproveitamento dos acordos comerciais assinados e consolidar e aumentar o comércio intrarregional são vitais para o novo cenário global. Também discutiram sobre quais são as novas ferramentas que devem ser incorporadas na definição de políticas públicas para que transformem a produção agrícola em um componente marcante na dinâmica comercial atual.
Martín Piñeiro, Diretor do Comitê de Assuntos Agrários do Conselho Argentino de Relações Internacionais (CARI) e Diretor Geral Emérito do IICA, disse que, no novo contexto econômico internacional, o setor agroindustrial enfrenta grandes desafios por mudanças na geopolítica, na reorganização das cadeias globais de valor e na mudança do clima e o impacto no comércio agropecuário das preocupações ambientais.
Segundo Piñeiro, o novo contexto internacional torna necessário que os países da região definam estratégias de inserção internacional inteligentes e flexíveis.
“Devemos identificar oportunidades de cooperação e ações conjuntas para defender o multilateralismo, fortalecer o regionalismo e enfrentar esse mundo mais difícil, complexo e potencialmente conflituoso” acrescentou.
Gloria Abraham, ex-Ministra da Agricultura e Pecuária da Costa Rica e ex-Presidente do órgão da Organização Mundial do Comércio (OMC) responsável pelas negociações agrícolas, expressou que deve-se apostar nos subsetores agroalimentares que também têm capacidade competitiva internacional, bem como prestar atenção na discussão entre os benefícios do comércio e a responsabilidade de gerar benefícios no âmbito global.
“Devemos falar sobre os benefícios do comércio internacional e a necessidade de uma política interna de distribuição, uma vez devem ser criados níveis adequados de rendimento e produtividade”, acrescentou Abraham, ex-Embaixadora da Costa Rica em Genebra e consultora internacional do IICA.
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