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Agrônoma mexicana Gabriela Lucas Deecke receberá prêmio do IICA por trabalho focado na melhoria da qualidade de vida da população rural vulnerável

En 2011 Gabriela supo que quería dedicarse a capacitar a agricultores familiares para que produjeran alimentos saludables, nutritivos y abundantes para ellos y para sus comunidades.
Em 2011 Gabriela soube que queria se dedicar à capacitação de agricultores familiares para que produzissem alimentos saudáveis, nutritivos e abundantes para eles e para suas comunidades.

São José, 21 de junho de 2021 (IICA). A engenheira agrônoma mexicana Gabriela Lucas Deecke, fundadora e Diretora Geral do Centro de Inovação de Agricultura Sustentável em Pequena Escala (CIASPE), uma organização projetada para fortalecer capacidades de autogestão e resiliência dos pequenos produtores com foco nas mulheres, receberá o prêmio “A Alma da Ruralidade”, que o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) outorga a Líderes da Ruralidade nas Américas.

O prêmio é parte de uma iniciativa do organismo especializado em desenvolvimento agropecuário e rural para reconhecer homens e mulheres que deixam sua marca e fazem a diferença nos campos da América Latina e do Caribe.

O trabalho do CIASPE foca especialmente em contribuir para o bem-estar das famílias do meio rural por práticas agroecológicas regenerativas.

Além de receber o prêmio “A Alma da Ruralidade” como reconhecimento, os Líderes da Ruralidade destacados pelo IICA serão convidados a participar de diversas instâncias consultivas do organismo especializado em desenvolvimento agropecuário e rural.

“Trata-se de um reconhecimento aos que cumprem um duplo papel insubstituível: ser avalistas da segurança alimentar e nutricional e, ao mesmo tempo, guardiões da biodiversidade do planeta através da produção em qualquer circunstância. O reconhecimento, além disso, tem a função de destacar a capacidade de promover exemplos positivos para as zonas rurais da região”, disse o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero.

No âmbito da iniciativa, o IICA trabalha para que o reconhecimento facilite vinculações com organismos oficiais, da sociedade civil e do setor privado para a obtenção de apoio para suas causas.

“Falamos de pessoas cuja marca está presente em cada alimento que consumimos — aonde quer que cheguem —, em cada lote de terra produtiva e nas comunidades que os agricultores e suas famílias habitam. São homens e mulheres que deixam um rastro e que são a alma da ruralidade, pois produzem, plantam, colhem, criam, inovam, ensinam e unem”, considerou o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, ao lançar a iniciativa.

“São pessoas que encarnam lideranças silenciosas, as quais é preciso dar visibilidade e reconhecimento. São, sobretudo, exemplos de vida. Pois transformam, superam adversidades e inspiram”, acrescentou.

O IICA trabalha com as suas 34 Representações nas Américas para escolher os primeiros #LíderesdaRuralidade.

Os resultados da primeira etapa da iniciativa serão apresentados no Comitê Executivo do IICA, uma das instâncias de governo do Instituto.

De Querétaro, Gabriela Lucas Deeke aposta em mais vínculos entre a agricultura e a nutrição e em melhorar a vida na ruralidade

Cidade do México. Quando terminou o bacharelado, a mexicana Gabriela Lucas Deecke começou a estudar enfermagem. Foi nessa etapa de sua vida, enquanto exercia uma de suas práticas profissionais, que experimentou um momento dramático: uma criança desnutrida morreu em seus braços. Nesse dia, ela prometeu a si mesma que, a partir de então, trabalharia para tentar evitar que esse tipo de história tão triste se repetisse. Em pouco tempo decidiu estudar agronomia e se dedicar à luta em prol de uma alimentação mais saudável e acessível para todos.

Na realidade, ao se voltar para a produção de alimentos, Gabriela não fez nada de novo. Mas voltou a um caminho que havia começado a percorrer desde que tinha memória. É que ela foi criada em uma propriedade produtora de café do município de Tapachula, no estado de Chiapas, ao sul do México. Ali cresceu conectada com a natureza e em permanente contato com os agricultores que chegavam para trabalhar no campo, muitas vezes da vizinha Guatemala.

Uma vez formada engenheira agrônoma na cidade de Querétaro, Gabriela conheceu a fundo a realidade dos pequenos agricultores de todo o país. Primeiro, em Chihuahua, perto da fronteira com os Estados Unidos, onde trabalhou em projetos relacionados à segurança alimentar no deserto, como parte de uma organização não governamental. Em seguida, regressando a Querétaro, Gabriela se tornou secretaria técnica do Ministério da Agricultura local, o que lhe permitiu se envolver em todos os problemas produtivos e sociais do estado.

La organización que ella dirige enseña a poblaciones rurales nutrición y salud, más agroecología, y de esa manera desarrolla habilidades y potencial para generar un ingreso adicional.
A organização que ela dirige ensina nutrição e saúde às populações rurais, além de agroecologia, e assim desenvolve habilidades e potenciais para gerar uma receita adicional.

Uma das questões que lhe chamou a atenção foi a alta incidência de doenças não transmissíveis nas zonas rurais, como diabetes, hipertensão, câncer e obesidade. “Tudo isso — explica — está relacionado à comida. As pessoas idealizam o campo, mas a maior parte não sabe como se cuidar e curar utilizando os alimentos, em vez de tomar remédios”.

Em 2011 Gabriela soube que queria se dedicar à capacitação de agricultores familiares para que produzissem alimentos saudáveis, nutritivos e abundantes para eles e para suas comunidades. Assim, fundou o Centro de Inovação de Agricultura Sustentável em Pequena Escala (CIASPE), uma organização projetada para fortalecer as capacidades de autogestão e a resiliência dos pequenos produtores — com ênfase especial nas mulheres líderes —, cujo principal objetivo é contribuir para o bem-estar das famílias, sobretudo no meio rural. Suas ferramentas centrais são as práticas agroecológicas regenerativas.

“Hoje, uma de nossas prioridades é encaminhar aos pequenos agricultores informações sobre como tomar as melhores decisões em questão alimentar; não só quanto a como produzir, mas também quanto a como se alimentar melhor, com mais fibras e vitaminas, para estar mais saudáveis”, conta Gabriela.

Aumentar a qualidade de vida da população rural vulnerável é o grande sonho do CIASPE. “A pobreza é um grande obstáculo. No campo, muitos não comem frutas e verduras porque é muito caro. Em vez disso, consomem carboidratos e refrigerantes, porque buscam energia rápido”, diz ela com tristeza.

Talvez o desafio mais complexo enfrentado pela organização seja como favorecer as raízes da população do campo; como gerar oportunidades e convencer as pessoas de que podem ter uma vida melhor, sem precisar sair para a cidade em busca de seus sonhos.

“A família — afirma Gabriela — é a primeira a expulsar as crianças que nascem no meio rural, pois quer que progridam. Então, não há transmissão de conhecimentos: os pais não ensinam seus filhos a cultivar ou a cozinhar, pois querem que eles vão para a cidade. Consequentemente, os jovens acabam desconhecendo as habilidades necessárias para viver no mundo rural. O campo está cheio de recursos, mas muitas pessoas nem sequer sabem quais são as plantas podem ser comidas”.

É por isso que a organização que ela dirige ensina nutrição e saúde às populações rurais, além de agroecologia, e assim desenvolve habilidades e potenciais para gerar uma receita adicional.

“Fomentamos a venda do cultivado em mercados locais, uma vez que a comercialização é um tema decisivo. Capacitamos os moradores rurais para que produzam algo que os beneficie e que eles possam vender diretamente a seus vizinhos ou no povoado vizinho”, diz Gabriela, cuja organização criou um mercado de produtos locais em uma zona rural, a meia hora da cidade de Querétaro, onde as pessoas da cidade podem comprar alimentos frescos diretamente de seus produtores.

Gabriela está convencida de que é necessário buscar meios para gerar riqueza no campo: “Caso se queira combater a pobreza, é preciso ajudar as pessoas a ter dinheiro no bolso. As condições são difíceis e a pandemia agravou as coisas, uma vez que criou um círculo vicioso, em que não há mercado porque não há produtos e não há produtos porque não há mercados onde vendê-los”.

Gabriela tem belas lembranças de sua infância na propriedade de café de Chiapas. E ultimamente tem reencontrado muitos dos agricultores que trabalhavam ali e que, nos últimos anos, mudaram de atividade. “Hoje fazem baunilha, cardamomo ou montam hotéis boutique. Eu vejo muito bem: é um meio de gerar receitas, mas que também serve para a cidade e o campo se comunicarem. Precisamos construir pontes entre os que nada têm e aqueles que têm. E ser conscientes da importância dos alimentos saudáveis, que nos permitirão ser menos vulneráveis aos vírus”, encerrou Gabriela.

 

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Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
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