América e África: continentes fundamentais para garantir a segurança alimentar e a sustentabilidade ambiental do planeta
São José, 16 de setembro de 2021 (IICA) — América e África são fundamentais para garantir a segurança alimentar e a sustentabilidade ambiental mundial devido a seus abundantes recursos naturais, biodiversidade e oportunidades baseadas na agricultura tropical, mas responder ao desafio requer vontade política e o envolvimento das autoridades agrícolas dos dois continentes, afirmou o Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero, em um foro coorganizado pelo governo do Quênia.
Otero participou de maneira virtual de uma das sessões do foro Revolução Verde Africana (AGRF, sigla em inglês), voltado para ministros e outros tomadores de decisão públicos e privados da África, pesquisadores e representantes de entidades financeiras, cuja ênfase este ano está na recuperação e na resiliência dos sistemas agroalimentares.
No encontro, o Diretor Geral do IICA expressou que a América e a África devem identificar uma agenda comum quanto a ter um objetivo compartilhado: alimentar o mundo e promover a sustentabilidade ambiental.
“São tempos de colaboração, solidariedade, intercooperação e ação conjunta. Por isso, peço a oportunidade de realizar um encontro de ministros da agricultura das Américas e da África no início do próximo ano para ratificar a vontade política de trabalhar de forma integrada e passar da retórica à ação”, expressou o Diretor Geral do organismo especializado em desenvolvimento agropecuário e rural.
Seus interlocutores no diálogo foram Maura Barry Boyle, Subadministradora e Coordenadora Global de Águas do Escritório para a Resiliência e a Segurança Alimentar do USAID; Namukolo Covic, Coordenadora de Pesquisa do Instituto Internacional de Pesquisa sobre Políticas Alimentares (IFPRI) para o programa do CGIAR sobre agricultura para a nutrição e a saúde; Sara Mbago-Bhunu, Diretora do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) para a África Oriental e o Sul da África; e Ziad Hamoui, Presidente da Borderless Alliance em Gana.
Como temas iniciais para lançar uma eventual agenda de cooperação entre a América e a África sobre a resiliência e a transformação dos sistemas agroalimentares, Otero expôs a necessidade de promover a digitalização do setor agrícola, a agricultura regenerativa e a recuperação dos solos, com base nas iniciativas que o IICA já promove com as iniciativas Precision Development (cofundada com o Prêmio Nobel de Economia de 2019, Michael Kremer) e Solos Vivos das Américas (em cooperação com o reconhecido cientista e Prêmio Mundial de Alimentação de 2020, Rattan Lal).
No foro, Mbago-Bhunu, do FIDA, destacou a relevância das parcerias com essas organizações e com outras do setor privado para levar novas tecnologias ao campo; enquanto Barry, do USAID, manifestou que os governos devem se comprometer em investir mais em inovações para transformar e tornar a produção de alimentos mais sustentável.
Covic, do IFPRI, insistiu que os sistemas agroalimentares, além de mais resilientes ao clima, também devem sustentar uma alimentação mais nutritiva e mais saudável; enquanto Hamoui, da Ghana Borderless Alliance, afirmou que também é necessária a eliminação de barreiras de custos, de acesso e de qualidade dos alimentos.
Manuel Otero acrescentou a esses elementos a necessidade de fortalecer a inclusão de mulheres e de jovens, cuja contribuição para a transformação dos sistemas agroalimentares qualificou como “fundamental”.
“Também destaco o acordo recém-assinado entre o IICA e a Parceria para a Revolução Verde na África (AGRA), no qual seu presidente, Agnes Kalibata, e este Diretor Geral nos comprometemos em promover a recuperação dos solos, o combate à pobreza e à fome e a transformação dos sistemas agroalimentares em nossas respectivas regiões”, acrescentou Otero.
De acordo com o convênio assinado pelo AGRA e o IICA, os esforços conjuntos contribuirão para aumentar as contribuições do setor agrícola para o crescimento econômico e o desenvolvimento sustentável nos países africanos e americanos, fortalecer o bem-estar das populações rurais, promover o comércio internacional e regional e aumentar a resiliência dos sistemas agroalimentares frente a eventos climáticos extremos.
As semelhanças dos países da África e das Américas, em termos de disponibilidade de terras, ampla participação de agricultores familiares e a convicção de que a agricultura é uma via preponderante para o desenvolvimento sustentável, sustentam a parceria, como estipula o documento assinado.
Kalibata, Ex-Ministra da Agricultura de Ruanda, é a Enviada Especial do Secretário Geral da ONU para a Cúpula sobre Sistemas Alimentares de 2021, que será realizada este mês em Nova York, e da qual o IICA é membro de uma de suas estruturas de apoio, a Rede de Campeões de Cúpulas.
Em preparação para esse encontro global, o IICA facilitou múltiplos diálogos entre os países das Américas, os quais alcançaram uma posição de consenso sobre como os sistemas agroalimentares devem ser transformados e fortalecidos.
O hemisfério é a única região do mundo que fixou uma posição comum anterior à Cúpula, a qual foi ratificada na Conferência de Ministros da Agricultura das Américas de 2021, também organizada pelo IICA, no início de setembro.
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