Argentina, com o acompanhamento do IICA, apresentou no Fórum Público da OMC em Genebra a inovação biodigital em sua agricultura
São José, 28 de setembro, 2023 (IICA). Durante o principal Fórum Público da Organização Mundial de Comércio (OMC), a Argentina, com o acompanhamento do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), expôs sobre o impacto da inovação biodigital no seu setor agrícola e a relevância que essas ferramentas conquistaram no nível global.
Lá, especialistas de renome, líderes da indústria e funcionários de governo compartilharam seus conhecimentos e experiências na intersecção da biologia e a tecnologia digital na agricultura.
Participaram Raquel Chan, bioquímica especializada em biotecnologia vegetal, membro do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (CONICET) e professora no Instituto de Agrobiotecnologia do Litoral desse país; e Nacira Muñoz, vice-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA).
Também Guillermo Salvatierra, membro do Diretório da Comissão Nacional de Atividades Espaciais da Argentina, assessor do Ministro de Ciência e Tecnologia desse país e diretor da Especialização em Indústria e Sistemas Espaciais da Faculdade de Engenharia da Universidade de Buenos Aires (FI-UBA); e Agustín Torriglia, membro do diretório da Associação Argentina de Produtores em Semeadura Direta (AAPRESID).
Também contribuíram o Embaixador Federico Villegas, Representante Permanente da Argentina em Genebra; e Gloria Abraham, consultora e assessora internacional do IICA e ex-Ministra de Agricultura e Pecuária e ex-Embaixadora para a OMC da Costa Rica.
O Fórum Público é o evento de projeção exterior mais importante da OMC e oferece a oportunidade de examinar as últimas novidades do comércio mundial e propor formas de melhorar o sistema multilateral de comércio. Ele convoca todos os anos mais de 2000 participantes da sociedade civil, o mundo acadêmico e empresarial, os Governos de 164 Membros, organizações internacionais e os meios de comunicação.
O lema este ano foi “É a hora de agir” e constituiu uma convocatória para aprofundar a inovação baseada na ciência, a informação e o conhecimento, para resolver dois grandes desafios globais: a insegurança alimentar e a degradação ambiental.
Durante o evento, os pesquisadores argentinos mostraram como o país está na vanguarda da implementação de tecnologias de ponta e práticas agropecuárias sustentáveis para avançar rumo a este objetivo.
Destacaram como as inovações mais recentes sobre a agricultura de precisão, biotecnologia e digitalização, bem como a integração destes avanços, se transformou em na chave para conquistar uma produção mais eficiente e sustentável.
No Fórum foi reiterada a urgência de reduzir os subsídios agrícolas distorcidos que não só obstaculizam as oportunidades de desenvolvimento daqueles países que produzem com eficiência, como a Argentina, mas também contribuem para a degradação ambiental global.
Raquel Chan, Cátedra IICA pelas suas contribuições relevantes ao fortalecimento dos sistemas nacionais de ciências e tecnologia na região, compartilhou seu trabalho no desenvolvimento biotecnológico de novas variedades vegetais como instrumento de adaptação aos desafios ambientais e como contribuição à segurança alimentar.
Chan é reconhecida por liderar o desenvolvimento do gene HB4 que vem do girassol e que fornece tolerância à seca ao trigo e à soja, entre outras contribuições para a agricultura mundial.
Guillermo Salvatierra, representante da empresa argentina de alta tecnologia INVAP, enfatizou a importância da informação e dos dados para o desenvolvimento de novos aplicativos digitais que facilitem a tomada de decisões dos produtores agropecuários.
Muñoz, vice-presidente do INTA, enfatizou o papel articulador do Estado para promover a pesquisa e o desenvolvimento de novas soluções científico-tecnológicas, bem como na difusão e facilitação do acesso à tecnologia para a maior quantidade de agricultores em toda a geografia argentina.
Agustín Torriglia, do AAPRESID, sinalizou o impacto positivo das boas práticas agrícolas, particularmente da semeadura direta, na proteção e conservação dos solos, a biodiversidade, a água e a luta contra a mudança climática.
O embaixador Federico Villegas considerou como a Argentina, sendo um país em desenvolvimento, foi capaz de criar uma estrutura agroindustrial e de serviços sofisticada, eficiente, sustentável, baseada na ciência e na tecnologia. Enfatizou que a virtude dessa experiência aumenta quando se observa o que conseguiram fazer sem a provisão excessiva de subsídios agrícolas distorcidos, e em um contexto de crescente protecionismo global.
Também destacou que a convocatória para alcançar a sustentabilidade ambiental é tanta que os Governos devem conseguir um acordo para reduzir os milhares de milhões de dólares que são gastos anualmente em subsídios agrícolas distorcidos, com repercussões negativas também no meio ambiente.
Gloria Abraham, por sua parte, enfatizou o papel de liderança da Argentina como contribuidor substancial para a segurança alimentar global.
Os que assistiram concordaram que os esquemas de cooperação e colaboração intersetorial, com inclusão dos setores público e privado, a academia e a sociedade civil, se mostraram como fator crucial no desenvolvimento e a transformação do setor agropecuário argentino em um dos mais eficientes, sustentáveis e competitivos em escala global.
Também foi considerada a importância de contar com um complexo científico nacional como desenvolvedor e catalizador de soluções tecnológicas adaptadas às necessidades de produção de cada uma das bio-regiões nacionais.
Foi compartilhada a ideia do desenvolvimento de um ecossistema de empresas associadas com a produção agropecuária que encontram na ciência e na tecnologia um vetor que une a rentabilidade e sustentabilidade, na medida em que se contribui para incrementar a produção e a produtividade, enquanto reduz os custos de produção e protege os recursos naturais associados.
Foi visualizada a necessidade de continuar a aprofundar as relações de cooperação internacional agropecuária com um dos mecanismos para catalisar soluções para a segurança alimentar e a degradação ambiental, particularmente em países em desenvolvimento.
Os especialistas, finalmente, concordaram sobre a necessidade de que a OMC aprofunde o debate sobre como reduzir a ajuda interna distorcida e fomentar as soluções baseadas no conhecimento científico-tecnológico, em prol da produção de alimentos sustentável.
Este evento representou uma oportunidade única para projetar ao mundo, da Organização Mundial de Comércio, a forma em que a Argentina está liderando o caminho rumo à uma agricultura mais inovadora e sustentável, e como essas experiências podem ser aplicadas no mundo todo.
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