Brasil se prepara para expandir cultivo de lúpulo
Brasília, 22 de março de 2021 (IICA) – Desde 2010, o mercado de cervejas artesanais vem se expandindo no Brasil. O gosto dos brasileiros por cervejas mais refinadas tem impulsionando a produção de uma bebida, até então popular, que já ocupa lugar entre no mercado de bebidas mais sofisticadas, como o vinho.
Nos últimos dois anos, o país registrou um aumento de 30% no número de cervejarias. Em 2018 eram 889 registradas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), mas em meados do ano passado o número havia saltado para 1.209, de acordo com o anuário da cerveja 2019, o que faz do Brasil o terceiro maior fabricante mundial de cervejas.
De olho na expansão desse mercado, alguns produtores começaram a cultivar o lúpulo, matéria prima essencial para a produção desse tipo de cerveja, que atualmente é quase 100% importada. Em 2019, o país importou 3.600 toneladas de lúpulo, de acordo com o MAPA.
Por essa razão, o Instituto Interamericano de Cooperação (IICA) para a Agricultura e o MAPA, por meio da Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo, iniciaram um projeto de cooperação técnica para fortalecer a cadeia do lúpulo no Brasil.
As cervejas artesanais exigem uma maior quantidade do produto na sua composição, portanto, o boom da bebida artesanal fez crescer a procura pelo lúpulo.
O Humulus lupulus é a planta responsável pelo aroma e amargor das bebidas. De acordo com o MAPA, atualmente são cultivados apenas 25 hectares de área plantada em seis estados, mas as perspectivas são de aumento para 47.8 hectares em todo o país, portanto, o objetivo do projeto MAPA-IICA é fortalecer essa cadeia produtiva como oportunidade de renda a produtores rurais na esteira do aumento do consumo da bebida.
“Temos acompanhado e incentivado esta cultura, que pode ser uma excelente fonte de renda para o pequeno produtor rural com o seu consequente desenvolvimento social, ao mesmo tempo em que promove o fornecimento de insumos de qualidade e baixo custo às indústrias farmacêutica, de cosméticos e cervejeira”, destaca o secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo, Fernando Schwanke.
Para isso, o projeto prevê a realização de um diagnóstico com informações sobre cultivo, situação legal e trabalhos técnicos já realizados por instituições de pesquisa e ensino, além de levantar o potencial de expansão no território considerando os diversos climas e outras condições agrícolas.
“Há diversas iniciativas pelo país fomentando esta cultura promissora. Após a finalização de todo estudo, serão realizados eventos para divulgação e um Manual de Boas Práticas de cultivo”, explicou o supervisor do estudo e chefe de gabinete da Secretaria de Agricultura Familiar, Gabriel Assmann.
Além do Manual de Práticas destinado a quem quer iniciar a produção, o projeto também prevê a elaboração de um plano de viabilidade técnica e econômica para o plantio comercial de lúpulo e de um estudo sobre a estruturação da cadeia produtiva nos principais países produtores, que possam trazer embasamento para o cultivo no Brasil. A partir do diagnóstico, a ideia é identificar oportunidades de trabalhos, articular parcerias entre atores e entidades governamentais e não governamentais.
Além de matéria prima para a produção da bebida, o lúpulo possui propriedades terapêuticas e também é utilizado pelas indústrias farmacêutica e de cosméticos. Há 48 variedades de lúpulo registradas, mas as mais cultivadas no Brasil são Cascade, Columbus, Chinook, Nugget, Saaz, Centennial, Comet, Hallertau Mittelfrueh e Magnum.
Além da área e das variedades cultivas, o projeto já identificou 43 pesquisas relacionadas ao cultivo de lúpulo em andamento no país (universidades, entidades públicas e privadas).
Além de grande extensão territorial, o Brasil apresenta boas condições de clima e de solo para o cultivo, Apesar de estar fora dos paralelos tradicionais de cultivo no globo (35 e 55 de latitude norte ou sul), explica Assmann.
. Outras iniciativas estão em andamento. A Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), por exemplo, em parceria com a Ambev/Lohn, implantou uma unidade de pesquisa sobre o cultivo de lúpulo no estado.
O cultivo de lúpulo no Brasil tem grande potencial, se forem considerados os resultados positivos já obtidos, atrelado às boas condições de clima e solo, além da grande extensão territorial que há no Brasil”, disse O consultor técnico Stéfano Gomes Kretzer do IICA/MAPA. Para ele, para realizar o potencial, além de pesquisas, dados técnicos, tecnologias e trabalhos de campo, as políticas públicas também são fundamentais.
Alexander Creuz é um dos produtores que iniciou a produção da matéria prima em sua propriedade em Lages, em Catarina, onde ele cultiva a planta desde 2018. Em uma área de aproximadamente um hectare, ele planta diversas variedades de lúpulo. “Comecei a pesquisar a planta, temperaturas mais temperadas no país e enxerguei uma oportunidade de negócio”, disse ele, que pretende ampliar sua área plantada.
Além de não necessitar de grandes extensões territoriais, o lúpulo é uma planta perene (não precisa ser plantada a cada safra) e tem duração comercial por um período que varia entre 12 a 15 anos. É a partir do terceiro ano que a planta inicia o potencial produtivo.
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