Cadeias argentinas de milho e sorgo destacam o valor da inovação para enfrentar os desafios do agro em um massivo congresso em Buenos Aires com a participação do IICA
Buenos Aires, 23 de maio de 2024 (IICA) — Integrantes das cadeias científica, produtiva, comercial, industrial, alimentícia e exportadora de milho e sorgo da Argentina ressaltaram o valor da inovação para responder aos desafios que a atividade enfrenta, em um massivo evento realizado em Buenos Aires com a participação do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
Mais de 3.000 pessoas assistiram ao congresso anual da Maizar, a Associação de Milho e Sorgo da Argentina, que foi um espaço de debate e troca de ideias e experiências sob o lema “Libertemos o nosso talento coletivo”.
A sustentabilidade ambiental do milho produzido na Argentina, a gestão inteligente do cultivo em um contexto de mudança do clima, a influência do milho na economia nacional, as ferramentas para enfrentar pragas e doenças e os meios para assegurar que as novas tecnologias cheguem às zonas rurais foram alguns dos temas discutidos nos três salões de maneira simultânea.
O evento foi aberto pelo Secretário de Bioeconomia da Argentina e Presidente Pro Tempore do Conselho Agropecuário do Sul (CAS), Fernando Vilella, e teve entre seus oradores o Representante do IICA na Argentina, Fernando Camargo, e o Representante do IICA no Brasil, Gabriel Delgado.
“Fazemos parte de uma rede maravilhosa que gera valor em todos os cantos da nossa querida Argentina. Devemos espalhar esse otimismo, sobretudo para os mais jovens, para que pensem duas vezes no que farão e permaneçam no campo e na Argentina”, disse o Presidente do Congresso da Maizar, Ignacio Garciarena.
Além disso, convidou a discutir “os temas mais relevantes, desde as sementes, os solos, os insumos e a água, até a conversão em proteínas animais, a bioenergia e os biomateriais; passando pelas estruturas regulatórias, os avanços tecnológicos, o contexto internacional, as questões de infraestrutura e os temas de impacto ambiental”.
Agro 4.0
Em um painel dedicado às implicações do chamado Agro 4.0 e à visão das instituições líderes, Gabriel Delgado considerou que, quando se fala de inovação na atividade agrícola, não se está falando apenas de novas tecnologias, mas também da forma como essas tecnologias possam chegar aos produtores e ser mais efetivas.
“É necessário que haja um plexo normativo adequado e atualizado e também deve-se prestar atenção à capacitação dos produtores e ao acesso ao crédito”, disse Delgado, que enfatizou a importância dos bens públicos que o Estado deve facilitar para criar condições para o desenvolvimento e a criação de conhecimento.
No mesmo sentido, Tomás Oesterheld, Vice-Presidente da Associação Argentina de Produtores em Semeadura Direta (AAPRESID), organização parceira do IICA que promove práticas sustentáveis no campo, observou que “as novas tecnologias devem ser entendidas como ferramentas que não solucionam tudo pelo simples apertar de um botão; as soluções devem ser dadas às pessoas, usando as novas tecnologias”.
Também foi feito um apelo para olharmos para os três pilares da sustentabilidade — econômico, social e ambiental — de maneira equilibrada e para descartarmos a pretensão de impor um modelo único de produção que está por detrás de algumas restrições comerciais. “Não há uma só forma de produzir, pois a biologia é muito complexa. Não existem modelos únicos, sequer na mesma área ou no mesmo país”, afirmou Jorge Sáenz Rozas, Presidente do CREA, movimento de empresários agropecuários argentinos que promovem melhorias na produtividade e na sustentabilidade por meio da experimentação.
O Representante do IICA na Argentina, Fernando Camargo, compartilhou um painel no qual se discutiu sobre o presente e o futuro do comércio internacional de alimentos com Victoria Lovenberg, Chefe da Seção Comercial da União Europeia (UE) no país.
Camargo considerou que o agro, além do seu papel crucial para a segurança alimentar global, é o setor produtivo que mais pode contribuir com a transição energética que está ocorrendo, graças à contribuição que já proporciona com a biomassa para o crescimento das bioenergias.
Camargo e Lovenberg trocaram pontos de vista sobre a iminente vigência do Regulamento 1115/2023 da UE, que se propõe a combater o desmatamento fora do continente europeu. “Esse regulamento foi adotado por pressão dos cidadãos europeus, pois em nosso continente somos consumidores massivos de produtos que têm um enorme impacto na perda de florestas e na destruição da biodiversidade”, justificou Lovenberg.
Camargo considerou que o Brasil e a Argentina estarão entre os países mais impactados por essa legislação, graças à sua potência como produtores de commodities agropecuárias e observou que, apesar das dificuldades que significarão para os produtores que exportam, essa norma também se apresenta como uma oportunidade de agregar valor.
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