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A colombiana Liliana Jiménez Molina, produtora de cacau e defensora dos direitos das mulheres do campo, é reconhecida pelo IICA como “Líder da Ruralidade”

Liliana se dedicó al cultivo de cacao orgánico y ha recorrido un largo camino. Hoy preside la Junta Directiva de una asociación de pequeños productores, PROSOAGRO, y desde 2016 tiene el título de María del Campo.
Liliana se dedicou ao cultivo de cacau orgânico e tem singrado um longo caminho. Hoje, preside a junta diretora de uma associação de pequenos produtores, a PROSOAGRO, e desde 2016 tem o título de “María del Campo”

São José, 15 de outubro de 2021 (IICA). Produtora de cacau e destacada defensora dos direitos das mulheres do campo, a colombiana Liliana Jiménez Molina foi declarada “Líder da Ruralidade das Américas” pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) em virtude de seu trabalho pelos direitos das mulheres rurais, a hierarquização da atividade agropecuária e a melhoria da qualidade de vida nos territórios rurais.
 
O anuncio foi feito pelo Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, na cerimônia em que o organismo especializado em desenvolvimento agropecuário e rural comemorou o Dia Internacional das Mulheres Rurais com a realização do foro “Prioridades da agenda de gênero” e coincidiu com a nomeação de Jiménez Molina como Delegada da Plataforma de Mulheres Rurais do IICA, lançada recentemente pelo IICA.
 
A Plataforma Hemisférica de Mulheres Rurais, disponível em espanhol, inglês, português e francês no endereço https://mujeresrurales.iica.int/, é um espaço na Web que facilitará a essa parcela da população gerar redes, ter acesso a oportunidades de capacitação e foros e trocar experiências que contribuam para o seu empoderamento, visibilizar seu papel fundamental no desenvolvimento rural e melhorar a qualidade de vida em seus territórios.
 
Com o anúncio de Liliana Jiménez Molina como “Líder da Ruralidade das Américas”, o IICA concederá à produtora colombiana o prêmio “A Alma da Ruralidade”, parte de uma iniciativa do organismo para reconhecer homens e mulheres que deixam sua marca e fazem a diferença no campo.
 
Além de receber o prêmio “A Alma da Ruralidade” como reconhecimento, os Líderes da Ruralidade destacados pelo IICA serão convidados a participar de diversas instâncias consultivas do organismo especializado em desenvolvimento agropecuário e rural.
 
“Trata-se de um reconhecimento aos que cumprem um duplo papel insubstituível: ser avalistas da segurança alimentar e nutricional e, ao mesmo tempo, guardiões da biodiversidade do planeta pela produção em qualquer circunstância. O reconhecimento, além disso, tem a função de destacar a capacidade de promover exemplos positivos para as zonas rurais da região”, disse Otero.
 
No âmbito do programa Líderes da Ruralidade, o IICA trabalha para que o reconhecimento facilite a criação de vínculos com organismos oficiais, da sociedade civil e do setor privado para obter apoio para suas causas.
 
O IICA trabalha com suas 34 Representações nas Américas para escolher os #LíderesdaRuralidade.
 
Liliana Jiménez Molina: a colombiana deixou a cidade pelo campo e hoje trabalha pelo empoderamento das mulheres rurais
 
Bogotá. Há 10 anos, a colombiana Liliana Jiménez Molina e sua família decidiram que queriam mudar da vida urbana e se estabelecer no campo. Ela não conhecia praticamente nada da ruralidade. De fato, ela havia sido criada na cidade de Medellín e, depois, mudou-se para a capital, Bogotá, onde trabalhava como consultora de comunicação para empresas.
 
No entanto, um inconveniente na saúde de seu marido, a quem os médicos recomendaram mudar de estilo de vida, os empurrou para dar esse passo e se instalar em uma pequena propriedade rural em Nilo, um município do departamento de Cundinamarca, a 150 quilômetros de Bogotá.
 
Desde então, Liliana se dedicou ao cultivo de cacau orgânico e tem singrado um longo caminho. Hoje, preside a junta diretora de uma associação de pequenos produtores, a PROSOAGRO, e desde 2016 tem o título de “María del Campo” — esse é o nome que identifica a cultura de cacau colombiana no mundo e reconhece o papel das mulheres. A eleição ocorreu na Federação Nacional de Produtores de Cacau (FEDECACAO).
 
“Muita gente — recorda — pensou que estávamos loucos quando tomamos a decisão de mudar para o campo. Nós fizemos isso com plena consciência de que queríamos cultivar cacau com enfoque orgânico, pois a nossa família se preocupa muito com o tema ambiental. Isso corre nas veias de todos nós. Enfim, evidentemente uma coisa é o sonho romântico de morar no campo, perto da natureza, e outra coisa é viver assim como uma mulher”.
 
Liliana conta que rapidamente começou a viver na própria carne os obstáculos enfrentados pelas mulheres para crescer nas zonas rurais e então decidiu que queria entender as razões dessa realidade, para poder combatê-la: “Queria saber por que as mulheres tinham menos acesso à saúde, à educação e às oportunidades em geral. Nas zonas rurais, as associações pertencem aos homens, as mulheres têm pouca participação e não há um enfoque de gênero”.
 
Foi um projeto financiado pela agência de cooperação internacional do Canadá em 2014 e que formou 120 lideranças mulheres de cinco departamentos da Colômbia que ajudou Liliana a entender a profundidade da discriminação contra as mulheres rurais, que enfrentam barreiras para ter acesso à propriedade de terra e a créditos, arcam com o peso das tarefas do lar e muitas vezes são vítimas de violência doméstica.
 
Liliana também destaca o trabalho do IICA: “Nos últimos anos tem sido muito importante inserir na agenda as cosias que pelas quais as mulheres rurais passam. A igualdade de oportunidades não existe. As mulheres que não estão organizadas não sabem que têm direitos e que são tão absorvidas por seu papel no lar que frequentemente não têm condições de gerar projetos fora dele. Há se falado muito e existem muitas leis sobre isso, mas é hora de tomar decisões para eliminar os hiatos existentes na ruralidade em preconceito às mulheres”.
 
Liliana conta que, nos últimos anos, a partir dos acordos de paz entre o Estado e as guerrilhas, muitos colombianos começaram a ver as zonas rurais como espaços de oportunidades.
 
“As pessoas — explicou — começaram a regressar para o campo. De fato, no cultivo do cacau há muitos neocamponeses, que são pessoas que deixaram as cidades. Eu percorro muitas feiras e sempre encontro gente que diz que seu sonho é viver no campo e pergunta como se cultiva cacau. Creio que os colombianos começam a entender que valorizar o campo e as famílias camponesas é fundamental para criar o futuro e, nesse sentido, é fundamental gerarmos oportunidades para que as mulheres e os jovens possam se transformar em empreendedores”.
 
“O cultivo de cacau — acrescenta — é um grande exemplo. Em 2016 foi realizado um censo que divulgou que 38.000 famílias se dedicavam ao cacau; um novo estudo, em 2019, revelou que o número havia crescido para 52.000 famílias e, hoje, certamente já somos mais. Temos cacau em 30 dos 32 departamentos da Colômbia e precisamos de mais oportunidades para abrir mercados e continuar crescendo. O cacau se estabeleceu como um dos cultivos do pós-conflito e transformou a vida de muitas famílias que antes se dedicavam ao cultivo da coca, pois não tinham outras alternativas, e agora podem sentir que levam uma vida digna, decente e tranquila com um cultivo lícito”.
 
Mulheres rurais e protagonistas
 
Pela tarefa agrícola, Liliana visa que as mulheres sejam protagonistas nos vastos espaços rurais da Colômbia. E observa que algumas coisas têm mudado recentemente: “Eu hoje faço seminários de liderança e de empoderamento e vejo mulheres cada vez mais claras em seus projetos de vida, que querem se desenvolver de maneira mais autônoma e estão muito interessadas em se capacitar. As mulheres querem participar, tomar decisões e ter oportunidades para continuar a crescer”.
 
Os obstáculos são enormes, pois ela diz que a maior parte das mulheres trabalha em propriedades rurais familiares e, como não têm título de propriedade em seu nome, veem uma limitada participação nos espaços de decisão. Além de problemas de acesso à terra, têm inconvenientes de financiamento ou para capacitação. “A conexão à Internet — alerta Liliana — continua a ser um privilégio nas zonas rurais na Colômbia, uma vez que seu custo é altíssimo e, assim, persistem os hiatos de desigualdade”.
 
Liliana está convencida de que as mulheres rurais são, hoje, a sua inspiração: “Se eu não tivesse mudado para o campo, não teria conhecido mulheres tão maravilhosas. Sentir-me uma mulher rural faz com que me sinta muito bem, e quero continuar a contribuir sempre que eu possa para ajudar que as mudanças aconteçam”.
 
Seu projeto é aprofundar esse caminho: “Devemos continuar trabalhando para desenvolver nossos projetos de vida, que começam pelos nossos sonhos pessoais, projetam-se às famílias e criam uma comunidade. Nós, mulheres rurais, temos que trabalhar e perseverar pelo que desejamos, acreditando em nós mesmas e apoiando umas às outras. Por isso tenho especial apreço pela plataforma hemisférica Mulheres Rurais, lançada recentemente pelo IICA, como uma contribuição para compartilhar experiências, conhecimentos e fazer parcerias. Meu sonho é que a igualdade de oportunidades não seja apenas mais um discurso, mas que se converta em realidade”.

Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int
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