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Com apoio do IICA, publicação trata de histórias de produtoras rurais do semiárido

País de publicação
Brasil

Brasília, 26 de julho de 2019 (IICA) - Sete histórias de mulheres de cinco estados do Nordeste brasileiro. Relatos de como melhoraram suas vidas por meio de união, capacitação e muita força de vontade.  Todas elas são contadas na publicação Mulheres que florescem o seminário nordestino, que detalha alguns resultados de projetos financiados pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) no semiárido brasileiro, com apoio do Semear Internacional e do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). 

As ações tornaram possível o desenvolvimento rural sustentável, em um ambiente no qual as mulheres estão superando o machismo, a falta de oportunidades e de capacitação.

A primeira história se passa em Tabira, a 395 km do Recife (PE), na comunidade de Poço Redondo. O grupo chamado Guerreiras do Pajeú II, formado por 20 mulheres, começou a se organizar há 13 anos.  São agricultoras familiares, que cuidam, ao lado de seus familiares, da plantação de grãos e frutas, especialmente para o autoconsumo.

Após o suporte do projeto, houve uma diminuição significativa nos custos dessas famílias com alimentação, com o consumo de leite, verduras, ovos e carne produzidos por elas mesmas em suas propriedades. Aumentou a renda e a autoestima.  

“A gente ficou mais dona do nosso nariz, mais empoderada das coisas, com mais conhecimento, e ajudou a gente a ser reconhecida como mulheres trabalhadoras”, afirma a agricultora Rita Fortunato, uma das personagens da cartilha.

Rita Fortunato
Rita Fortunato também é vice-presidente da Associação de Mulheres
Urbanas e Rurais de Tabira (PE).   Crédito: Raquel Moura

Com a primeira fase de realizada de 2001 a 2010 e a segunda, de 2014 a 2020, o projeto Dom Helder Câmara (PDHC) – financiado pelo FIDA, em parceria com o governo federal, vem contribuindo para a redução da pobreza rural nos estados do Ceará, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe e Piauí. Eram 15 mil famílias, na primeira fase e outras 74 mil famílias na segunda fase, incluindo também comunidades na Bahia, Maranhão e no norte de Minas Gerais e Espírito Santo.

A segunda história se passa em Itainópolis, localizado a aproximadamente 390 km de Teresina (PI), com a Associação de Mulheres Agricultoras de Itainópolis. Elas começaram a se reunir desde 1980 e, a partir da década de 1990, reforçaram a luta para se formalizarem, terem mais direitos e reconhecimento como aposentadoria rural e licença maternidade. Em 2015, o Programa Viva o Semiárido (PVSA) chegou até a associação e, por meio da parceria com o governo estadual e o FIDA, foi incentivado a ovinocaprinocultura. Os resultados se observaram já melhoria da renda dos envolvidos e no cuidado com o meio ambiente.  

A terceira experiência se deu por meio da Associação de Moradores de Milagres. O projeto Paulo Freire ajudou a mudar a vida de Francimara Gomes de Oliveira e mais 94 pessoas, sendo 39 mulheres. Na cidade de Tauá, a cerca de 330 km de Fortaleza (CE), a agricultora trabalha no campo desde os 12 anos. Tem horta, vende salgadinhos, doces e passou a comercializar seus produtos para o governo por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), desde 2004. 

Francimara fornece alface, cheiro verde, bolo,
doces e mamão ao PAA. Crédito: Semear Internacional.

Toda família se envolveu no plantio e melhoraram de vida: trocaram a casa de taipa por uma de alvenaria. Francimara tem conseguido sustentar a família e se tornou a primeira agricultora da comunidade a comercializar sua produção. Atualmente, usa até aplicativo de celular para ampliar suas vendas.

A quarta experiência retrata a tradição louceira da cidade de Santa Luzia, na Paraíba, localizada a 320 km da capital João Pessoa. Mulheres remanescentes de quilombolas (descendentes dos povos escravizados) foram beneficiadas pelo Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Cariri, Seridó e Curimataú (Procase). Na comunidade do Talhado, louças são comercializadas na feira do município.

Lá, mulheres como Rita Preta, como é mais conhecida Rita Maria da Conceição Ferreira, se tornou a primeira líder das louceiras do Quilombo do Talhado. Participou de cursos e capacitações em produção e comercialização, que ajudaram na sua melhoria de vida e de toda a comunidade.  

A Paraíba também é palco da quinta história da publicação, que traz como protagonista o grupo Margaridas de Remígio, apoiado também pelo Procase. Elas tiveram acesso a capacitações para criar alternativas para desenvolver o assentamento de Oziel Pereira, localizado a cerca de 170 km de João Pessoa. O espaço - resultado da reforma agrária de 1999 – começou, a partir de 2003 a ter melhores condições de vida, ao sair dos acampamentos de lona para casas próprias. Elas se reuniam e passaram a produzir artesanato, entre outras atividades para melhorar trazer mais renda para suas famílias.

Depois de muito esforço e persistência, criaram uma a cozinha comunitária, cuja produção vem de suas próprias propriedades. Com apoio do Procase desde 2015, também passaram a vender para o governo dentro do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), desde o início deste ano.

A sexta história mostra o compartilhamento de saberes na rede de mulheres do sertão de São Francisco, em ações do Projeto Pró-Semiárido (PSA), na Bahia.  A Rede de Mulheres do território de Identidade do Sertão do São Francisco, no município de Pilão Arcado, reúne mais de 80 pessoas. Desde 1988, se organizam com apoio da Igreja Católica. São trabalhadoras de 10 municípios. Entre elas, há artesãs, pescadoras, remanescentes quilombolas e agricultura familiares.

 Com a produção de louças, Rita Preta
e outras mulheres do  
quilombo
sustentam suas famílias. 
​ Crédito: Semear Internacional

O projeto Projeto Pró-Semiárido, o qual integram, atua em 32 municípios do sertão baiano, com enfoque na erradicação da pobreza, levando serviço e investimento ao local. Abrange 59 comunidades quilombolas, 56 comunidades de fundo e fecho de pasto, 53 assentamentos rurais, 2888 comunidades de agricultores familiares e quatro comunidades indígenas

Dentro da rede, foi formado o Grupo Mãos de Fada, apicultoras que faziam produtos de limpeza, mas que tiveram de interromper suas atividades por falta de recursos. No entanto, com o investimento do projeto da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e da Articulação Sindical, começaram a criar abelhas para produção de mel, própolis, cera e sabonete.

Para finalizar, a última história contada é das mulheres da associação situada em Neópoles, no Sergipe. Foi a partir do Projeto Dom Távora, que a Associação Artesanal Formiguinhas em Ação investiu com mais força no artesanato produzido com a folha da palmeira de ouricuri. Desde 2017, conseguiram agregar máquinas e equipamentos e, como resultado, aumentaram a produção e diversificaram os produtos produzidos. Cadastradas no Programa do Artesanato Brasileiro do Governo Federal, elas têm direito de participar de feiras em outros estados como São Paulo e Minas Gerais, além de eventos locais e regionais. Elas adotam como princípio o extrativismo sustentável, para não causar morte prematura da planta e, muito menos, a extinção da espécie.

Para conhecer mais detalhes sobre essas histórias, confira a publicação que está disponível gratuitamente, em versão PDF no site do IICA. Clique aqui.

Mais informações:

Assessoria de Comunicação IICA Brasil

iicabr.informa@iica.int