COP27: Países do Caribe, os mais vulneráveis do mundo à mudança do clima, devem trabalhar em conjunto com a Commonwealth para aumentar a resiliência
Sharm El Sheik, Egito, 9 de novembro de 2022 (IICA) — Os integrantes da Commonwealth, dentre os quais contam diversos países do Caribe, devem intensificar o seu trabalho conjunto para garantir a resiliência de sua agricultura e a segurança alimentar de suas populações, disseram especialistas da comunidade de nações reunidos na Casa da Agricultura Sustentável das Américas, o pavilhão que o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) instalou na COP27, que começou esta semana no Egito.
As nações do Caribe contam entre as mais vulneráveis à mudança do clima no mundo, devido à maior frequência e intensidade de desastres naturais, como furacões e inundações, e ao aumento do nível do mar. Isso representou novos desafios para os pequenos agricultores, que defendem a ameaçada segurança alimentar nesses países.
“Países da Commonwealth: crescendo juntos para a resiliência climática e a segurança alimentar e nutricional”, foi o título do painel, que atraiu a atenção em meio à grande quantidade de atividades realizadas na Cúpula.
A Commonwealth é uma comunidade de nações de diversas regiões do planeta que compartilham laços históricos com a Grã-Bretanha e se propõem a favorecer a cooperação internacional nos âmbitos políticos e econômicos.
Participaram do debate: Clay Sweeting, Ministro da Agricultura e Recursos Marinhos das Bahamas; Patricia Scotland, Secretária Geral da Commonwealth; e Harry Clark, Codiretor do Centro de Pesquisa de Gases de Efeito Estufa da Agricultura da Nova Zelândia.
Curt Delice, Coordenador de Assuntos Especiais da Região do Caribe e Representante do IICA no Suriname, foi o moderador, enquanto o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, proferiu as palavras de boas-vindas e indicou a urgência de se concentrar na melhoria da resiliência da agricultura no Caribe, castigada pelos fenômenos meteorológicos extremos.
Eliminar os hiatos
Sweeting, ex-pescador, indicou que as Bahamas importam entre 90 e 95% dos alimentos que a sua população consome, o que obriga um investimento de mais de 1 bilhão de dólares por ano.
Também se referiu ao problema representado para o seu país a falta de renovação geracional na atividade agrícola.
“Cerca de 80% de nossos agricultores têm mais de 60 anos. Temos perdido uma geração para a produção de alimentos e é urgente elaborarmos políticas públicas para eliminar esse hiato. Outro sinal negativo é que, enquanto a maior parte da população vive na ilha de New Providence, quase toda a agricultura é feita em outras ilhas das Bahamas”, disse o ministro.
Sweeting destacou a importância de os países da Commonwealth compartilharem especialmente o que concerne à incorporação da inovação e da tecnologia à agricultura, para atrair as novas gerações. “A realidade — advertiu — é que os jovens não se envolvem, e devemos nos concentrar em solucionar esse problema, pois a agricultura não só se trata de gerar receitas, mas de garantir a segurança alimentar. Hoje, devido à pandemia de Covid-19, o mundo tem se dado conta da centralidade da agricultura”.
Patricia Scotland considerou que a agricultura deve ser atraente para os jovens, e que isso se consegue acelerando a transição para a digitalização.
“É muito importante que os 56 países da Commonwealth trabalhem juntos. A segurança alimentar é construída dentro dos limites de cada país, mas precisamos compartilhar informações sobre o que é produzido por cada país para nos complementarmos”, disse Scotland.
Acrescentou que a agricultura também é sumamente importante para os países do Caribe sob o ponto de vista econômico e social, pois emprega 9% da população e gera 14% do Produto Interno Bruto (PIB).
Clark contou a experiência da Nova Zelândia sobre a redução do impacto ambiental da agricultura e considerou que seu país pode unir esforços com os do Caribe para melhorar a resiliência da produção de alimentos diante da mudança do clima.
“Muitas vezes a política e a ciência não interagem bem. Em muitos países, não têm conseguido falar a mesma língua. A ciência é complexa, e deve ser traduzida para que seja algo compreensível. Os cientistas devem sair da sua torre de marfim e os políticos devem se deixar guiar pelas evidências”, disse Clark.
O especialista acrescentou que, para além da centralidade de desenvolver a inovação e tecnologias, as soluções devem ser locais e incorporar os conhecimentos ancestrais.
O pavilhão Casa da Agricultura Sustentável das Américas, instalado pelo IICA na COP27, é um espaço para a agricultura sustentável e os sistemas agroalimentares das Américas que mostra o papel fundamental do setor agropecuário para as soluções climáticas e a segurança alimentar mundial, ao mesmo tempo em que busca visibilizar as contribuições dos produtores e outros atores do setor na adaptação e mitigação da mudança do clima.
Desde o início da COP27, altos funcionários latino-americanos, representantes do setor privado e de organismos internacionais visitaram e participaram de atividades no pavilhão, localizado no Centro de Convenções de Sharm-El-Sheik, epicentro da Cúpula climática global e que funciona com o lema “Alimentando o mundo, cuidando do planeta”.
A Casa da Agricultura Sustentável das Américas conta com 26 parceiros estratégicos de diferentes setores, entre eles do setor produtivo, como o Conselho de Exportadores de Laticínios dos Estados Unidos (USDEC, sigla em inglês) e o Protein Pact; aliados chaves do IICA do âmbito privado da iniciativa Solos Vivos das Américas, como a Bayer, a Syngenta e a Pepsico; além de organizações da indústria da ciência dos cultivos, como a CropLife International, entre outros.
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