Diálogo entre Bayer, Microsoft e IICA: “A inclusão digital de mulheres e jovens rurais é um processo irreversível”
San José, 10 de setembro de 2020 (IICA). A inclusão digital de mulheres e jovens rurais é o caminho certo para acelerar a adoção de boas práticas no campo e alcançar uma produção sustentável, que contribua para o desenvolvimento. Para isso, é importante adotar ações urgentes associadas à inovação e sustentabilidade.
Essas foram algumas das principais conclusões do diálogo virtual “O papel da mulher nos novos cenários tecnológicos”, no qual participaram Natasha Santos, vice-presidente da Bayer, e Mariana Castro, vice-presidente de Vendas, Marketing e Operações para América Latina da Microsoft. O encontro foi promovido pelo diretor-geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), Manuel Otero.
Para Natasha, a promoção da produção sustentável de alimentos, em iniciativas e projetos voltados ao uso e adoção de boas práticas agrícolas, vai contribuir significativamente para estimular o desenvolvimento dos agricultores e uma produção sustentável alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
“Reconhecemos que são necessárias ações urgentes e, como líderes nas áreas de nutrição e saúde, queremos fazer contribuições substanciais e desenvolver novas soluções colaborativas, como um motor para impulsionar a sustentabilidade e inovação na agricultura na região”, disse a executiva.
Como exemplo, ela citou as iniciativas da Bayer que vão desde o desenvolvimento de sistemas automatizados para tratar sementes, até o monitoramento do campo por meio de veículos aéreos não tripulados, ou drones.
“Nossa ação continua sendo nesse sentido. Porém, do meu ponto de vista, é importante reconhecer que a transformação digital é uma questão de pessoas e não apenas de tecnologia”, afirmou, destacando o papel das mulheres como líderes.
No Brasil, de cada dez líderes do agronegócio, duas são mulheres, exemplificou Natasha e acrescentou: “Em 2017, quase 19% das propriedades eram administradas por mulheres. Essa proporção sobe para quase 39% quando são incluídas as mulheres que dirigem o negócio com seus parceiros ou parentes”.
Além disso, ela citou que no Brasil há quase 1,8 milhão de mulheres em cargos de liderança na agricultura, das quais 87% têm curso superior e 58% têm mais de 10 anos de experiência profissional no agronegócio.
Santos lamentou, no entanto, a baixa participação feminina em cargos de liderança na maioria das empresas no cenário internacional, ao citar um relatório que mostra que as mulheres ocupam apenas 16,9% das vagas nos Conselhos das empresas.
“Se essa taxa permanecer estável, levará mais de três décadas para alcançar a paridade de gênero nos Conselho. Portanto, esforços conjuntos serão necessários para fazer frente às barreiras culturais que impedem muitas mulheres de alcançar posições de liderança. Sem uma política interna transparente de representação feminina, de contratação e promoção, dificilmente conseguiremos mudar esse padrão na velocidade necessária”, afirmou, e reforçou que a inclusão torna as empresas mais criativas e inovadoras.
“É um jogo onde todos ganham. A Bayer tem mais de 31% de mulheres gerentes em todo o grupo, o que significa que aumentamos a proporção de mulheres em cargos gerenciais em mais de 10% em uma década, mas há muito mais a fazer”.
Mariana Castro, da Microsoft, destacou que há dados disponíveis que indicam que reduzir a lacuna laboral e salarial entre homens e mulheres leva à redução da pobreza. “Na América Latina, o aumento do número de mulheres em empregos remunerados entre 2000 e 2010 foi responsável por cerca de 30% da redução da pobreza, em geral, e da desigualdade de renda”, destacou. “Estamos convencidos de que, para mitigar a lacuna de gênero, temos que melhorar o acesso à conectividade”, acrescentou.
A empresa lançou a iniciativa “Mulheres na Microsoft” para atrair, reter e desenvolver trabalho de qualidade de mulheres em todo o mundo. "Quando todos olhamos para o novo normal, e acho que a agricultura está começando a perceber eficiência, precisão e conveniência disso, impulsionamos a transformação digital", disse a vice-presidente de Vendas, Marketing e Operações da Microsoft para a América Latina.
Juventude rural
Apesar de lamentar a ainda persistente baixa participação feminina em cargos de liderança nas empresas no mundo todo, Natasha comemorou os avanços na inclusão não só de mulheres, mas também de jovens.
“São questões interligadas. Empoderar mulheres na agricultura pode gerar um enorme impacto positivo em suas comunidades, incluindo os jovens. Precisamos conectar as novas gerações a oportunidades de desenvolvimento profissional para vermos mudanças drásticas”, afirmou.
Para isso, ela disse que a Bayer criou plataformas de projetos de mudança, como o “Youth Summit”, que aconteceu no Brasil no ano passado. O evento bienal reuniu 100 jovens líderes mundiais para networking, discussão e treinamento em habilidades para o desenvolvimento de projetos.
“O objetivo é prepará-los para uma ação concreta sobre um dos problemas mais urgentes da humanidade: como alimentar um planeta faminto usando menos recursos naturais? O IICA desempenhou um papel fundamental nesse encontro, sugerindo a participação jovens líderes da região”, explicou, ao lembrar que o IICA está entre as organizações selecionadas para realizar a “mentoria” ou acompanhamento de jovens líderes latino-americanos.
Treinamento
“Nesta crise que vivemos, acho que foi mais importante do que nunca ter acesso a novas competências, e quando falamos sobre como geramos igualdade, é mais importante do que nunca gerar competências, para garantir que, por meio da geração de novas competências, possamos dar acesso a oportunidades iguais para diferentes setores da sociedade e da economia”, disse Mariana, que é responsável por promover estratégias e objetivos de negócios e inteligência artificial para a Microsoft na América Latina.
A executiva destacou a necessidade de capacitar para promover a transformação digital, principalmente na região. “É preciso pensar em como transformamos os avanços da inteligência artificial em ferramentas, produtos e serviços que as organizações e a sociedade, em geral, possam realmente usar. É fundamental que trabalhemos em colaboração com instituições de diversos setores, para ajudar o desenvolvimento digital da região”, reforçou, ao referir-se à plataforma de capacitação desenvolvida pela Microsoft e pelo IICA, entre outros exemplos nos quais o gigante da tecnologia está investindo para dar acesso à Internet em áreas rurais de diferentes regiões.
“Principalmente com o IICA, há alguns anos firmamos uma aliança com o objetivo de utilizar a plataforma tecnológica da Microsoft para atender às necessidades de inovação do segmento agrícola e do ecossistema agrícola”, ao destacar que há várias plataformas da Microsoft gratuitas e acessíveis, como o “Microsoft Learn”, que dá acesso a diferentes competências; o programa “DG Girls”, que alcança jovens em idade escolar para falar sobre como a tecnologia pode facilitar carreiras. “Mais de 4,5 milhões de pessoas já passaram por essas conversas”, contou.
“Estamos convencidos de que os avanços da tecnologia realmente transformam todos os aspectos das nossas vidas e da sociedade, e ser capaz de oferecer oportunidades verdadeiramente iguais para mulheres e jovens para o desenvolvimento de habilidades é uma grande parte disso”, acrescentou.
Manuel Otero lembrou que sempre se considerou que a atividade agrícola só podia ser desenvolvida por homens e reforçou que é necessário acelerar a marcha da inclusão de gênero, da juventude e digital. “A mudança cultural para a inclusão está em andamento, mas é necessário acelerar e não deve haver retrocessos, pois esse é um processo irreversível. As evidências dos impactos econômicos são enormes, principalmente no meio rural”, disse o diretor-geral do IICA, encerrando o diálogo.
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