Diálogos Regionais da Água demostram o sério compromisso da América Latina e do Caribe para avançar nas soluções para a crise hídrica
São José, 14 de março de 2024 (IICA) — Os Diálogos Regionais da Água na América Latina e no Caribe terminaram com um renovado compromisso da região com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 6, que promove o abastecimento seguro de água e saneamento para toda a população e foram um espaço para mostrar e discutir soluções concretas aos desafios propostos pelo contexto da mudança do clima.
Durante três dias de trabalho, o encontro reuniu ministros, vice-ministros e outras autoridades de governos nacionais e membros de organismos internacionais, dos setores privado e acadêmico e da sociedade civil na sede do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). Acompanharam, também, representantes de escritórios de cooperação alemã, francesa e holandesa.
A organização esteve a cargo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe em conjunto com o IICA, que foi o anfitrião em sua sede central, em São José, Costa Rica. As sessões foram acompanhadas por mais de mil pessoas em todo o continente pelo sistema de videoconferência, o que possibilitou a interação de uma ampla gama de atores.
Funcionários do México, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Colômbia, Peru, Bolívia, Chile, Uruguai, Brasil e República Dominicana contaram as políticas públicas que estão sendo desenvolvidas em seus países, a fim de avançar na disponibilidade de água e sua gestão sustentável e do saneamento para toda a população. É a isso que se refere o ODS 6, adotado pela comunidade internacional como parte da Agenda 2030.
Também foi reiterado o compromisso com a Agenda Regional da Água — aprovada em fevereiro de 2023 em Santiago do Chile — e se unificou uma posição convergente da América Latina e do Caribe para o Foro Mundial da Água, que acontecerá em maio, na Indonésia, com o lema “Água para a prosperidade compartilhada”.
Uma das ações identificadas no âmbito da inter-relação entre água e agricultura foi a adoção de práticas agrícolas que melhorem a eficiência do uso da água e promovam a regeneração de solos, o que é fundamental perante a crescente crise hídrica e o desafio de garantir a segurança alimentar.
Também se concordou com a necessidade de adaptar as matrizes energéticas para fontes mais diversificadas, inclusive renováveis, reduzindo assim a pressão hídrica; e ficou em evidência que os países se conscientizaram quanto à importância da cooperação no âmbito de águas transfronteiriças.
Destacou-se também a necessidade de uma gestão e de investimentos eficazes no setor de água e saneamento para melhorar a qualidade de vida das populações mais vulneráveis.
Houve espaços para expor em detalhes a gestão de emergências hídricas, como as vividas no Uruguai e na Costa Rica e se reconheceu o trabalho conjunto entre governos, setor privado, organismos internacionais e a sociedade civil como essencial para avançar para uma gestão sustentável da água que permita enfrentar os desafios da mudança do clima na região.
Ficou evidenciado nas sessões de trabalho que o valor e o preço da água não são iguais, e que é necessário trabalhar em uma cultura que valorize a água a partir de perspectivas diversas, tanto econômicas como sociais, ambientais, espirituais e culturais.
Participaram da cerimônia de encerramento Silvia Saravia, Oficial de Assuntos Econômicos e Encarregada por Temas Hídricos da CEPAL; Lloyd Day, Subdiretor Geral do IICA; e Fernando Schwanke, Diretor de Projetos do IICA.
“Esses encontros pretendem ser catalisadores da ação nos países. Por isso, devemos olhar para os objetivos e metas do ODS 6 que ainda precisamos alcançar. Por enquanto, o próximo grande marco para chamar à ação se dará no Foro Mundial da Água, onde serão discutidos possíveis acordos de grande importância”, disse Saravia.
“Devemos seguir juntos e coordenados para alcançar uma verdadeira transição para uma gestão hídrica sustentável e inclusiva. É imprescindível continuar inovando e compartilhando boas práticas para garantir o acesso equitativo e sustentável à água para todos na América Latina e no Caribe. Ainda temos um longo caminho a percorrer, mas somente com uma ação coordenada podemos alcançar um futuro mais próspero e sustentável para as nossas comunidades e para as gerações vindouras”, concluiu.
Lloyd Day enfatizou que sem água não há vida e, quanto à significativa quantidade de água dedicada à agricultura, enfatizou que, em última instância, não é a agricultura, mas as pessoas que consomem a água que está contida nos alimentos.
Day também se referiu à relevância da iniciativa hemisférica Água e Agricultura lançada pelo IICA no ano passado, que recebeu o apoio dos ministros de agricultura do continente. Por meio de quatro eixos de trabalho concreto, a iniciativa propicia uma contribuição do setor agrícola para a crise hídrica experimentada pela região, com a premissa de que sem água não há agricultura e sem agricultura não há segurança alimentar.
Schwanke, por fim, ressaltou que a agricultura é o único setor produtivo que pode produzir água, por meio da proteção das florestas ou do cuidado do solo. “Temos 270 milhões de hectares de solos degradados para recuperar. E cada um desses hectares representa mais água armazenada nos solos. Também temos 20 milhões de florestas a recuperar. Então haverá muita água”.
“Esse é o início de um grande caminho — advertiu — que levará muitos anos, mas nós, como instituições responsáveis, devemos nos unir a outros atores e, juntos, fazer muito mais do que estamos fazendo”.
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