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Diretora do CGIAR, a maior rede de pesquisa agropecuária do mundo, destaca aliança com o IICA e adverte que a transformação dos sistemas agroalimentares não pode esperar

La Directora General Ejecutiva del Grupo Consultivo para la Investigación Agrícola Internacional (CGIAR, por sus iniciales en inglés), Ismahane Elouafi, participó en una entrevista en el programa AgroAmerica, que se emite por el canal de TV Agro Mais, de Brasil.
A Diretora Geral Executiva do CGIAR, Ismahane Elouafi, sinalizou que “precisamos de políticas públicas que deem aos agricultores incentivos para adotar tecnologias que lhes permitam produzir mais com menos”. 

 

Brasília, 3 de outubro de 2024 (IICA) - A Diretora Geral Executiva do Grupo Consultivo de Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR, siglas em inglês), Ismahane Elouafi, advertiu que é urgente aprofundar as políticas públicas para favorecer a sustentabilidade e a resiliência da produção de alimentos.

“O custo da inação é cada vez mais caro; o momento de transformar os sistemas agroalimentares é agora”, disse em uma entrevista com o programa Agro América, emitido pelo canal de TV AgroMais, do Brasil, e que é coproduzido pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). 

Elouafi, que formou parte de diversos painéis de especialistas e foi membro do Grupo Científico da Cúpula de Sistemas Alimentares convocada pelas Nações Unidas em 2021, sinalizou que um componente crítico para favorecer a transformação é a política pública, que tem que dar incentivos para a sustentabilidade e a resiliência. 

“Em um contexto de crise climática que se agrava, quanto mais demoramos, piores serão as consequências. Precisamos de políticas públicas agora, que deem aos agricultores incentivos para adotar tecnologias que lhes permitam produzir mais com menos.  O que não resolvemos hoje não poderemos resolver mais adiante”, advertiu.

O CGIAR é a maior rede mundial de pesquisa e inovação agropecuária e tem uma aliança com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).  Este ano, o CGIAR apresentou o seu trabalho e suas conquistas ante o Conselho Assessor para a Transformação dos Sistemas Agroalimentares (CATSA), grupo de especialistas convocados pelo IICA que procura soluções para os desafios que enfrentam os sistemas agroalimentares. 

Também participou recentemente na organização da Terceira Semana da Agricultura Digital, que reuniu na sede do IICA diferentes atores do mundo das novas tecnologias que estão transformando os sistemas agroalimentares do continente e do mundo.  A ação conjunta também recebeu um impulso junho passado, quando mais de 100 pesquisadores agrícolas internacionais que participaram em Brasília da 20ª reunião anual do CGIAR foram recebidos na representação do IICA na capital brasileira. 

Elouafi se declarou muito satisfeita com a relação entre o CGIAR e o IICA.  “A América Latina e o Caribe têm uma enorme importância para a produção de alimentos e conservação ambiental no mundo”, explicou.  “A região tem 30% da biodiversidade global, 30% da água doce e 46% dos bosques tropicais, que são de tremendo valor nesta crise climática.  Com o IICA nos complementamos muito bem e a aliança se propõe levar tecnologias aos agricultores, e escalá-las para níveis nacionais”. 

Crise climática e conflitos armados

A especialista disse que as causas principais da insegurança alimentar são a mudança climática e os conflitos internacionais. 

“A maneira em que a mudança climática está afetando a segurança alimentar é enorme. Se produz menos e também há impacto na rede de distribuição. Em 2023 os organismos internacionais sinalizaram que havia no mundo 733 milhões de pessoas passando fome, mas a cifra é muito mais impactante quando você considera a desnutrição. Quase 36% a população mundial não tem acesso a dietas saudáveis.  O panorama era ruim há vários anos e se agravou com a pandemia de Covid-19, que se adicionou à mudança climática e a uma série de conflitos armados”, disse Elouafi. 

A líder da CGIAR explicou que o conceito de sistemas agroalimentares é complexo porque inclui a produção, a distribuição, o transporte e o comércio de alimentos.  E considerou que a transformação deve estar orientada para garantir sustentabilidade, resiliência, eficiência e inclusão. 

“O impacto da crise climática nos sistemas agroalimentares”, sinalizou, “é muito forte. Quando falamos de um possível aumento de temperatura de dois graus, temos que pensar que isso significa 189 milhões de pessoas mais passando fome. E se fossem quatro graus de aumento de temperatura, seriam 1,8 bilhão de pessoas.  Um aumento de 0,1 ou 0,2 graus já afeta a produtividade”. 

Elouafi considerou que a adaptação à mudança climática se deve realizar com diferentes ferramentas como a modificação genética das plantas, animais e peixes para que suportem temperaturas maiores.  Também opinou que as novas tecnologias devem ser aproveitadas para diminuir as cadeias de valor, e assim aproximar mais os agricultores dos mercados: “Precisamos gerar infraestrutura nas zonas rurais.  Por exemplo, frigoríficos para o armazenamento ou uso de energias renováveis para que os agricultores mantenham a frescura dos produtos e consigam preços mais altos no mercado”. 

A especialista também disse que se deve aprofundar o papel das tecnologias na redução de gases de efeito estufa da atividade agropecuária: “Cerca de 30% do metano que é emitido no mundo vem da pecuária e da produção de arroz e hoje existe tecnologia para reduzir essas emissões em 50%, rapidamente. Temos um trabalho financiado pelo Bezos Earth Fund, que realizam o nosso centro aliado CIAT, na Colômbia, e o Instituto Internacional de Pesquisa Agropecuária no Quênia, que procura melhorar geneticamente o sistema digestivo das vacas.  Foram provadas forragens que reduzem as emissões não só de metano, mas também de dióxido de nitrogênio.  Existem muitas possibilidades.  O que precisamos é investir mais, mas também escalar as tecnologias para que cheguem aos agricultores”.

Elouafi considerou que a tecnologia é, além do mais, uma ferramenta para atrair os jovens para a agricultura: “A maioria dos agricultores são mais velhos; precisamos atrair aos jovens e a tecnologia é uma ferramenta para isso.  Temos que modernizar a atividade e a inclusão é um assunto importante: devemos assegurar que as mulheres e os jovens tenham um papel protagonista, por meio do acesso a recursos, porque sem eles a agricultura não tem futuro”.  

Agro América é um programa do canal brasileiro de TV AgroMais, do Grupo Bandeirantes, fruto de uma aliança com o IICA.

O programa apresenta a atualidade do setor agropecuário e da ruralidade nos países membros do IICA, com o objetivo de promover o intercâmbio de experiências e uma discussão sobre desafios e oportunidades da América Latina e do Caribe na área de desenvolvimento agropecuário e rural. 

Mais informação:
Gerência de Comunicação Institucional do IICA.
comunicacion.institucional@iica.int