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Economia circular + bioeconomia: América Latina e o Caribe mostram fórmula para aumentar a produtividade e aprofundar a sustentabilidade em multitudinária COP28, de Dubai

Del evento participaron Lloyd Day, Subdirector General del IICA; Silvia Naishtat, periodista senior y editora del diario Clarín; Marcello Britto, secretario ejecutivo del Consorcio Amazonía Legal; y Rattan Lal, máxima autoridad mundial en ciencias del suelo y Premio Mundial de la Alimentación en 2020, quien lo hizo vía videoconferencia.
Participaram do evento Lloyd Day, Diretor Geral Adjunto do IICA; Silvia Naishtat, jornalista sênior e editora do jornal Clarín; Marcello Brito, Secretário Executivo do Consórcio Amazônia Legal; e Rattan Lal, maior autoridade mundial em ciências do solo e Prêmio Mundial da Alimentação em 2020, que o fez via videoconferência.

Dubai, Emirados Árabes Unidos, 8 de dezembro de 2023 (IICA) — A economia circular e a bioeconomia são conceitos complementares com os quais a América Latina e o Caribe estão conseguindo aumentar a sua produtividade e a sua sustentabilidade nos últimos anos, conforme demonstrado por atores chaves do setor agropecuário na COP28, o mais importante foro de negociação e discussão ambiental do mundo, que acontece na cidade de Dubai, Emirados Árabes Unidos.

O cenário da atrativa apresentação foi a Casa da Agricultura Sustentável das Américas, pavilhão que o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) instalou com seus 34 Estados membros e parceiros estratégicos do setor privado na Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC).

O evento demonstrou com dados concretos que, nos últimos anos, os países da região conseguiram múltiplos consensos para fortalecer seus sistemas agroalimentares perante os desafios propostos pela crise ambiental, que demanda fortalecer a adaptação perante os eventos meteorológicos extremos — cada vez mais intensos e frequentes — e, ao mesmo tempo, contribuir para os objetivos globais de mitigação.

O cientista Rattan Lal, maior autoridade mundial em ciências do solo e Prêmio Mundial da Alimentação em 2020; Marcello Brito, Secretário Executivo do Consórcio Amazônia Legal; e Lloyd Day, Diretor Geral Adjunto do IICA, concordaram que a região tem, por meio da nova fronteira da ciência, tecnologia e informação, uma extraordinária oportunidade para aproveitar a riqueza de recursos naturais para produzir bens e serviços, como já está sendo demonstrado na realidade.

A moderadora da discussão foi Silvia Naishtat, jornalista sênior e editora do jornal Clarín, o maior da Argentina e um dos mais influentes meios de comunicação de fala hispânica.

Rattan Lal enfatizou a importância do solo para a alimentação e a agricultura e apontou que sua saúde é essencial para o cumprimento de boa parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que a comunidade internacional estabeleceu como parte da Agenda 2030. Precisou que, sem solos saudáveis, é impossível pensar no fim da pobreza, no acesso universal à água limpa e à proteção da vida dos ecossistemas terrestres.

“Todos esses objetivos dependem, direta ou indiretamente, da saúde do solo, ao qual há que se dar a atenção que demanda, pois é essencial para a vida humana”, disse Rattan Lal, que alertou que, “como todo ente vivente, o solo tem direitos”.

Para o professor Lal, que lidera com o IICA o Programa Solos Vivos das Américas, que desde 2020 articula o esforço de governos e do setor privado direcionado para o combate à erosão, existem diversas ferramentas, como a agricultura regenerativa, a agricultura digital e a inteligência artificial para cuidar da saúde do solo.

“O nexo entre a saúde do solo e a saúde humana é fundamental, pois os alimentos vêm de um solo saudável. O solo é como uma conta bancária na qual se aplica a lei do retorno. Se sequestramos carbono, os ganhos superam as perdas. Em compensação, se o solo perde carbono, acontece o contrário”, explicou o laureado cientista.

Lal também se referiu à necessidade de que o carbono sequestrado nos solos pelos agricultores que realizam boas práticas seja reconhecido como um commodity que pode ser direcionado aos mercados, da mesma maneira que os grãos e a carne.

“É uma maneira — sustentou — de empoderar os agricultores para que produzam mais com menos recursos naturais. Se fizermos mudanças em nossos modos de produção e de consumo, será possível frear a mudança do clima, e a agricultura precisa ser uma solução”.

Marcello Brito se mostrou otimista, devido à grande quantidade de debates sobre a agricultura regenerativa e a transformação dos padrões de produção, inclusive a circularidade, que existem na COP, mas considerou que a participação dos agricultores é prioritária.

“Precisamos que os cientistas façam ciência e que os produtores produzam. O maior poder dos agricultores é o da demonstração. Hoje se avançou muito em agricultura regenerativa”, explicou.

Brito está à frente do Consórcio Amazônia Legal, integrado pelos nove estados da Amazônia brasileira e cuja missão é promover o desenvolvimento sustentável desse ecossistema vital para o mundo, de forma integrada e cooperativa, considerando as oportunidades e os desafios regionais.

Brito contou como o Brasil passou de importador de alimentos, na década de 1960, para ser hoje uma potência mundial nesse ponto por meio da união do governo, do setor privado e da sociedade civil, com um papel muito importante da estrutura financeira.

“Temos 70 milhões de hectares dedicados à agricultura, e 140 milhões de hectares de pastos. A média pecuária é de menos de uma vaca por hectare, o que mostra ineficiência. Conforme a tecnologia da pecuária cresce e aumenta a produtividade, abre-se espaço para mais cultivos. A área agrícola cresceu nos últimos 5 anos em 6 milhões de hectares”, contou Brito.

A referência da Amazônia também defendeu que a COP30, que acontecerá em 2025 em Belém, capital do estado amazônico do Pará, deixe um legado duradouro. “Não devemos falar apenas de finanças, mas também de natureza”, apontou.

Sobre esse tema, o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, indicou que “a bioeconomia é uma ferramenta ideal para que a América Latina e o Caribe aproveitem o potencial de seus extraordinários recursos naturais, deixem de lado a sua matriz de produção primária e alcancem o desenvolvimento em harmonia com a natureza e preservando-a”.

Por sua vez, Lloyd Day contou em detalhes um bom número de casos bem-sucedidos em que a combinação de bioeconomia e de economia circular têm servido na América Latina e no Caribe para aproveitar o ciclo de vida completo dos cultivos e para produzir bens e serviços em harmonia com o ambiente.

“Estamos reduzindo emissões de gases de efeito estufa — afirmou — e sequestrando mais carbono no solo, o que demonstra que a agricultura da nossa região está alinhada com os esforços globais de mitigação da mudança do clima e é parte da solução aos desafios que enfrentamos”.