Em conferência na Academia Diplomática do Paraguai, o Diretor Geral do IICA afirmou que a nova fronteira da ciência é a chave para os sistemas agroalimentares darem as respostas de que o mundo precisa e ressaltou a contribuição do setor agrícola para o po
Assunção, 11 de setembro de 2024 (IICA) - A nova fronteira da ciência e da tecnologia é a chave para os sistemas agroalimentares se transformarem e responderem às exigências cada vez maiores que enfrentam em um contexto de múltiplas crises globais, afirmou o Diretor Geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) diante de um qualificado auditório em Assunção, Paraguai.
Manuel Otero foi convidado a dar uma conferência magistral sobre os desafios que a segurança alimentar global enfrenta pelo Ministério das Relações Exteriores e pela Academia Diplomática e Consular Carlos Antonio López, que forma os membros do serviço exterior desse país sul-americano. A palestra foi proferida no Salão de Atos da Chancelaria e foi acompanhada por boa parte do corpo diplomático credenciado no Paraguai.
Apresentado pelo Diretor Geral da Academia Diplomática e Consular do Ministério das Relações Exteriores do Paraguai, Ricardo Scavone, Otero ressaltou em sua fala que a agricultura está hoje no topo da agenda mundial, pelo fato de 282 milhões de pessoas viverem em situação de insegurança alimentar aguda em 59 países, em um cenário impactado pela mudança do clima e por numerosos choques políticos e econômicos que afetam o comércio, a produção e o transporte.
Também destacou o peso do setor agropecuário na América Latina e no Caribe e em todo o continente, dada sua participação na produção e exportação mundial de alimentos e sua contribuição para o posicionamento dos países no painel global.
Previamente, Scavone dissera que “o IICA é um ator fundamental de nossos países em um tema como o setor agropecuário, que é vital para o Paraguai, para seu desenvolvimento econômico, suas exportações, sua situação social e para nossa contribuição à segurança alimentar mundial”.
Otero enfatizou que, olhando-se o contexto atual, não é a primeira vez que os desafios são grandes, e mencionou situações como a depressão econômica da década de 1930, a Segunda Guerra Mundial, a crise de preços dos alimentos em 2007-2008 e a recente pandemia de Covid-19.
Nesse contexto, apontou que a agricultura digital, a edição gênica em plantas e animais, o desenvolvimento da biotecnologia, a recuperação da saúde dos solos, a biofortificação de cultivos, a biologia sintética e a elaboração de biocombustíveis são alguns dos caminhos que, graças à ciência e à tecnologia, a agricultura percorre para dar as respostas adequadas.
“O futuro não é aleatório. E temos que saber que os desafios também são oportunidades. Mas para isso se requer uma nova geração de políticas públicas, que reconheçam a multidimensionalidade dos objetivos e a necessidade de ações coletivas”, disse o Diretor Geral do IICA.
Os objetivos prioritários – ponderou – devem adaptar-se à mudança do clima e contribuir para a sua mitigação; a restauração dos solos, dos ecossistemas e dos recursos naturais; o aproveitamento da biomassa primária e residual para a obtenção de maior eficiência e sustentabilidade na produção; e a utilização da biodiversidade para a elaboração de alimentos nutracêuticos, fármacos e química verde, entre outros.
Parceria continental
Otero deu detalhes da Parceria Continental para a Segurança Alimentar e o Desenvolvimento Sustentável, que o IICA promove com o apoio dos ministros da agricultura do hemisfério. O objetivo é facilitar a mobilização das capacidades técnicas existentes na região para a geração de soluções dos problemas comuns que limitam a eficácia dos sistemas agroalimentares das Américas.
Assim, o IICA se propõe posicionar e dar voz ao continente no debate internacional técnico e político sobre o futuro do planeta. O próximo passo nessa direção será dado em novembro próximo, quando o Instituto montará, pelo terceiro ano consecutivo, um pavilhão na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 29), que desta vez acontecerá no Azerbaijão. O espaço, denominado Casa da Agricultura Sustentável das Américas, servirá para os países e produtores do continente mostrarem ao mundo seus avanços em matéria de sustentabilidade da produção.
“A narrativa importa”, disse Otero, ao afirmar que é necessário que se saiba que a agricultura está melhor que no passado, em termos tanto de produtividade e sustentabilidade como de contribuição para o desenvolvimento econômico e social dos países. E assegurou que estará ainda melhor no futuro.
Para justificar sua afirmação, deu números que refletem que a atividade tem sido um verdadeiro motor de desenvolvimento das Américas. Informou que sua participação no produto interno bruto (PIB) do continente chega a quase 5%, que sua contribuição para o total dos empregos é de quase 12% e que as exportações agroalimentares superaram no ano passado os US$ 350 bilhões.
“A América Latina e o Caribe”, disse, “são a chave para a transformação dos sistemas agroalimentares globais, porque a região é avalista da segurança alimentar, nutricional e climática do mundo. Temos 50% da biodiversidade conhecida no mundo, 35% das reservas de água doce e 28% da superfície potencialmente utilizável para a expansão agrícola”.
Otero considerou que somente ações coletivas levarão ao êxito no enfrentamento dos desafios simultâneos, que incluem a crise climática, a insegurança alimentar e nutricional, a necessidade de acelerar a transição energética e a urgência de tornar mais acessíveis os avanços da ciência e da tecnologia.
“O contexto e as perspectivas propõem a necessidade do trabalho conjunto para sistemas agroalimentares sustentáveis, resilientes e inclusivos. O futuro depende de nós”, concluiu.
Depois da conferência, Otero respondeu a diversas perguntas, entre as quais as dos chefes de missão do Brasil no Paraguai, José Antônio Marcondes de Carvalho, do Equador, Pablo Ruiz Echeverría, e de Taiwan, José Chih Cheng Han, que abordaram assuntos como a agricultura familiar nas Américas, a ação climática no agro, a utilização da inteligência artificial no setor e a edição gênica.
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