Em evento organizado pela Embaixada do Uruguai no Brasil e o IICA, países sul-americanos debatem a integração logística para melhorar competitividade
Brasília, 1 de novembro de 2024 (IICA) — A Embaixada do Uruguai em Brasília e a Representação do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) no Brasil reuniram funcionários de seis países sul-americanos no seminário “A integração logística como fonte de competitividade dos sistemas agroalimentares: oportunidades e desafios para o Cone Sul”, no qual foram debatidos os aspectos estratégicos para uma melhoria da competitividade.
Os participantes, da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, indicaram a necessidade de romper certas barreiras para melhorar a integração logística, entre elas, a eliminação da obrigatoriedade de que a carga passe por um porto nacional, substituindo-a por um terminal mais competitivo e pela priorização da intermodalidade.
Também defenderam o desenvolvimento de mecanismos para que os meios que fazem as entregas regressem carregados de outros produtos, reduzindo assim os custos operacionais.
O Representante do IICA no Brasil, Gabriel Delgado, destacou a importância de conhecer o cenário e os desafios logísticos de cada país e reunir esforços para propor soluções conjuntas. “A margem para melhorias da nossa ação coletiva é enorme. E tudo isso afeta de forma muito forte e clara a competitividade de nossos produtos e o custo dos insumos”, explicou.
O Embaixador do Uruguai no Brasil, Guillermo Valles, apontou que “precisamos conhecer os gargalos logísticos de cada país e pensar em soluções conjuntas de forma intermodal e sob o ponto de vista da melhoria das condições de competitividade e desenvolvimento da produção agroalimentar, recordando que o transporte de fibras, minerais e biocombustíveis, por exemplo, também será beneficiado, impactando diversas cadeias produtivas”.
Pedro Neto, Secretário de Inovação do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil (MAPA), também destacou a importância do seminário para abordar a logística como vetor de competitividade dos sistemas agroalimentares das Américas.
“O Brasil avançou muito em inovação agrícola. Aprendemos a fazer agricultura tropical, agricultura com baixas emissões de carbono, e aperfeiçoamos sistemas de monitoramento que verificam os impactos em questões socioambientais. Temos sistemas agroalimentares cada vez mais resilientes, mas sem o componente logístico. No contexto da competitividade, o país perde benefícios”, explicou.
O Ministro de Pecuária e Agricultura do Uruguai, Fernando Mattos, participou virtualmente e destacou que a logística é um fator limitante no processo de integração bi e multilateral do continente sul-americano e na competitividade. “Em 2050, mais de 50% da população mundial estará no Sudeste Asiático. Assim, precisamos que os corredores bioceânicos que já estão planejados se tornem realidade futuramente para reduzir os custos e oferecer tempos de transporte mais eficientes”, afirmou.
Além das análises dos representantes governamentais, o ato contou com expositores como o Secretário Geral da ALADI (Associação Latino-Americana de Integração), Sergio Abreu; a Representante do Instituto Internacional de Pesquisa sobre Políticas Alimentares (IFPRI) para a América Latina e o Caribe, Valéria Piñeiro, que abordou as perspectivas das cadeias alimentares no Mercosul para os próximos dez anos; e o Representante do setor privado da hidrovia Paraguai/Paraná, Diego Azqueta, que falou sobre os corredores de transporte e a integração logística regional, os desafios e as rotas de transporte de Mato Grosso até o Rio da Prata.
José Polidoro, Assessor da Secretaria Executiva do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil (MAPA), mostrou o plano logístico do Governo brasileiro baseado no cruzamento de informações sobre produção, consumo e necessidades de transporte, abordando também os nexos entre o Plano Nacional de Logística e o Plano Nacional de Fertilizantes.
Segundo Polidoro, o Brasil paga o adubo mais caro do mundo, e 40% disso se deve aos custos logísticos.
“O custo do Brasil para enviar qualquer produto para a China é 2,5 vezes superior ao do mesmo produto saindo dos Estados Unidos. Cerca de 47% de todo o fertilizante consumido no país entra por dois portos, e 35% são entregues em apenas dois estados. Superar o desafio logístico dos insumos e fertilizantes é fundamental para garantir a racionalidade e a competitividade. Queremos que o Brasil passe de um price staker para um price maker e, para isso, devemos buscar a integração com outros países”.
O Representante do Instituto Brasileiro de Infraestruturas, Mário Povia, destacou os desafios da integração regional e da governança da logística agroalimentar.
A última parte do seminário foi dedicado às reflexões finais dos representantes dos países da região e contou com a mediação de João Carlos Parkson de Castro, Responsável por Logística do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
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