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Eventos climáticos extremos poderiam afetar a produção agropecuária de países sul-americanos no verão austral, antecipa relatório apresentado a ministros do Conselho Agropecuário do Sul (CAS) na COP28

El informe, presentado en la COP28 a los ministros y altos funcionarios de Agricultura de Argentina, Bolivia, Brasil, Chile, Uruguay y Paraguay, naciones que integran el CAS, refleja que el impacto del cambio climático se ha convertido en un tema de alta prioridad para el sector productivo de la región.
O relatório, apresentado na COP28 aos ministros e altos funcionários de agricultura da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Uruguai e Paraguai, nações que integram o CAS, reflete que o impacto da mudança do clima se transformou em um tema de alta prioridade para o setor produtivo da região.

Dubai, Emirados Árabes Unidos, 12 de dezembro de 2023 (IICA) — A América do Sul enfrenta um verão com alta probabilidade de eventos meteorológicos extremos que terão um impacto na atividade produtiva de seus países, devido à persistência dos efeitos do fenômeno conhecido como El Niño.
 
As informações constam em um relatório científico apresentado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP28) aos ministros e altos funcionários de agricultura da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Uruguai e Paraguai, nações que integram o Conselho Agropecuário do Sul (CAS).
 
Em muitas zonas da região sul-americana poderão ocorrer inundações e, em outras, secas, embora alguns ecossistemas produtivos possam se beneficiar de uma adequada disponibilidade de água depois de longos períodos com chuvas escassas. O relatório reflete que o impacto da mudança do clima se transformou em um tema de alta prioridade para o setor produtivo da região.
 
O CAS, foro ministerial de consulta e integração cuja secretaria é exercida pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), realizou seu último encontro do ano em Dubai, na principal cúpula de negociação climática do mundo, para reforçar o papel dos países do Sul como avalistas da segurança alimentar e da sustentabilidade ambiental do planeta.
 
O documento científico apresentado antecipa que são previstas chuvas acima do normal, aumento dos rios que podem provocar inundações e tempestades extremamente fortes na Grande Bacia do Prata, que inclui a Argentina, o Uruguai, o Paraguai e o sul do Brasil.
 
Situação oposta ocorrerá no Norte e o Nordeste do Brasil, onde se esperam secas intensas e severas. Em boa parte do território chileno, entretanto, as previsões indicam que serão registradas temperaturas superiores às habituais.
 
As informações, que confirmam que o setor agropecuário é vítima da mudança do clima e deve extremar seus esforços coletivos para ser resiliente, foi apresentada por Cecilia Gianoni, Secretária Executiva do Programa Cooperativo para o Desenvolvimento Tecnológico Agroalimentar e Agroindustrial do Cone Sul (PROCISUR), instrumento de integração entre os institutos de pesquisa da Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai e o IICA.
 
A reunião do CAS foi presidida pelo Ministro de Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai, Fernando Mattos. Participaram o Ministro da Agricultura do Chile, Esteban Valenzuela; o Secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil, Roberto Perosa; o Diretor de Planejamento do Ministério do Desenvolvimento Rural e Terras da Bolívia, Blas Mamani; o Diretor de Negociações Multilaterais da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca da Argentina, Maximiliano Moreno; e a Diretora Geral de Planejamento do Ministério da Agricultura e Pecuária do Paraguai, Leticia Torres.
 
Gabriel Delgado, Representante do IICA no Brasil, coordenador do Instituto para o Cone Sul e Secretário Técnico do CAS, também participou da reunião.
 
Os ministros e altas autoridades fizeram ouvir sua voz na COP28, na Casa da Agriculturas das Américas — o pavilhão do IICA com seus 34 Estados membros e parceiros do setor privado — e clamaram por agilidade dos mecanismos financeiros internacionais para acelerar a adaptação do setor agropecuário aos efeitos da mudança do clima, que afeta a produção e os meios de vida em zonas rurais.
 
“Promovemos a participação ativa da agricultura regional nessa cúpula climática global, pois os produtores são guardiões da natureza e devem estar no centro de todas as decisões tomadas, as quais devem ser baseadas na ciência”, disse o Diretor Geral do IICA, Manuel Otero.
 
Depois da seca
 
Cientistas dos institutos de pesquisa agropecuária membros do PROCISUR elaboraram o relatório devido à alta prioridade que a adaptação à mudança do clima tem para o setor agropecuário da região.
 
Nos últimos tempos, condições de seca extrema afetaram à região centro e sul da América do Sul com severos impactos econômicos e sociais tanto no Chile, na Bolívia, no Paraguai e no Uruguai como o sul do Brasil e na Argentina, que estão começando a se reverter lentamente em algumas zonas. Nos últimos três meses, as condições melhoraram, embora persistam focos de seca.
 
Quanto às perspectivas, o documento indica que as informações com base científica de mais relevância internacional indicam uma probabilidade superior a 90% de que El Niño persista no verão do hemisfério Sul.
 
Assim, os impactos serão diferenciados.
Na zona do altiplano, esperam-se precipitações menores do que o normal entre dezembro e março, que habitualmente representam a maior proporção de oferta hídrica da região.
 
Na Bacia do Prata há probabilidade de alagamentos e inundações por efeito de chuvas intensas e transbordamentos de rios e córregos, o que pode afetar áreas rebaixadas, setores litorais ou ribeirinhos, campos baixos e áreas vulneráveis, inclusive zonas baixas de uso agrícola ou pecuário.
 
Embora a oferta de pastos e pastagens se recupere, o gado de carne e de leite poderá sofrer estresse pelas altas temperaturas. Na região dos Pampas, espera-se uma maior disponibilidade de água.
 
Entretanto, a produtividade será afetada no Norte e Nordeste do Brasil pela falta de chuvas, o que aumentará o risco de incêndios florestais e reduzirá o caudal dos rios, especialmente se o fenômeno de El Niño se intensificar.
 
No Grande Chaco e no Pantanal brasileiro, é mais provável a ocorrência de chuvas normais ou, inclusive, superiores, o que aumentará a disponibilidade de água em todos os agroecossistemas e repercutirá positivamente no alimento para o gado.

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