FoHRSA, iniciativa pioneira do IICA lançada na COP29, mobilizará fundos para fortalecer a resiliência da agricultura nas Américas
Baku, Azerbaijão, 15 de novembro de 2024 (IICA) — O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) apresentou na COP29, o maior foro global de debate e negociação ambiental, um mecanismo pioneiro destinado a mobilizar recursos financeiros para fortalecer a resiliência e a sustentabilidade da agricultura do continente.
O Fundo Hemisférico para a Resiliência e a Sustentabilidade da Agricultura (FoHRSA) se propõe a mobilizar, administrar e executar recursos com o propósito de melhorar as capacidades institucionais, técnicas e administrativas necessárias para fortalecer a adaptação do setor agropecuário do continente à mudança do clima, cujo impacto fustiga as atividades produtivas.
O Diretor Geral do IICA, Manuel Otero, lançou a iniciativa oficialmente na Casa da Agricultura Sustentável das Américas, o pavilhão do organismo e seus parceiros na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que esse ano acontece em Baku, capital do Azerbaijão.
O pavilhão é um espaço colaborativo para elevar e destacar a voz da agricultura das Américas na negociação climática que reúnem toda a comunidade internacional.
“Tenho razões para ser otimista. Os ministros de agricultura das Américas lançaram recentemente, na sede central do IICA, na Costa Rica, uma Parceria Continental para a Segurança Alimentar e o Desenvolvimento Sustentável, ao mesmo tempo que me solicitaram a constituição de um fundo para a resiliência e a sustentabilidade”, explicou Otero.
“Esse não é só mais um fundo. É um fundo para fortalecer os países em que os agricultores sofrem, especialmente na região do Caribe. A filosofia é que esse é um tempo de atuar sem mais delongas”, acrescentou.
Enquanto as Américas e o mundo avançam para sistemas agroalimentares cada vez mais baixos em emissões de gases de efeito estufa, o FOHRSA desempenhará um papel central para assegurar a interação entre adaptação à mudança do clima, sustentabilidade ambiental e desenvolvimento econômico, simultaneamente assegurando que a agricultura se mantenha como um ator fundamental da inovação no continente.
A produção agropecuária nas Américas é vítima de um impacto crescente da mudança do clima. Segundo um relatório apresentado em 2023 pelo Painel Intergovernamental de Especialistas em Mudança do Clima (IPCC), algumas das circunstâncias que mais afetam o setor agrícola são aumentos de temperatura, mudanças nos padrões de chuvas, degradação dos solos, proliferação de pragas e doenças, escassez ou excesso de água e alteração das temporadas de plantio e colheita.
Preservar meios de vida e produção
O Fundo — explicou Otero — será uma ponte que viabilizará a disponibilidade de recursos provenientes de instituições de financiamento climático para enfrentar eventos extremos que afetam os meios de vida e de produção tanto de pequenos agricultores como de empresas agropecuárias nas Américas.
Servirá, assim, para empoderar os países de capacidade econômica limitada, bem como comunidades rurais e o setor privado, de maneira que possam se adaptar e prosperar em uma era de catástrofes naturais cada vez mais frequentes.
Durante a apresentação, o Diretor de Cooperação do IICA, Muhammad Ibrahim, fez um resumo dos principais impactos da mudança do clima na região. Referiu-se, em particular, às comunidades deslocadas e aos agricultores que perderam colheitas inteiras. “A área de cultivo de café na América Central poderia diminuir entre 30% e 50% em 2050, devido à mudança do clima”, advertiu.
Os detalhes do FoHRSA foram explicados por Federico Sancho, Gerente de Planejamento, Monitoramento e Avaliação do IICA.
Também participou do lançamento o Ministro da Agricultura de Belize, José Abelardo Mai, que disse que o fundo é uma excelente notícia. “Temos visto a evidência de que, no continente, há países extremamente vulneráveis, entre eles, Belize. Em nome dos agricultores de meu país, agradeço e felicito ao IICA. Não voltarei à minha terra com as mãos vazias”, disse Mai.
Os países de médias e baixas receitas hoje correm o risco de perder até 12% de seu Produto Interno Bruto (PIB) até 2050, devido a eventos como tempestades, inundações, secas e ondas de calor, se não realizarem uma transição rápida e se adaptarem, de acordo com relatórios internacionais.
A arquitetura do fundo estará dividida em duas: um serviço de assistência técnica e outro de assistência aos negócios. O primeiro fornecerá recursos não reembolsáveis para construção de capacidades, soluções de políticas públicas e formulação de projetos destinados a criar estratégias para a resiliência. O segundo será orientado especialmente ao setor privado e proporcionará assistência em investimentos vinculadas com boas práticas.
Agricultura regenerativa e circular, saúde do solo, sistemas eficientes de gestão da água, energia renovável e absorção de carbono serão algumas das prioridades de financiamento, em um âmbito de promoção de inovação, pesquisa e desenvolvimento, com a premissa Uma Só Saúde, que contempla, a partir de uma mesma perspectiva, a situação de pessoas, dos animais e dos ecossistemas.
O FoHRSA operará de diversas formas, utilizando mecanismos como doações, empréstimos, investimentos e oportunidades de cofinanciamento. Esses instrumentos serão elaborados cuidadosamente para facilitar que governos, entidades regionais e atores do setor privado tenham acesso a capital para o desenvolvimento de projetos colaborativos.
Assim se garantirá que os atores dos sistemas agroalimentares, as comunidades e as empresas mais vulneráveis à mudança do clima possam ter acesso a ferramentas, tecnologias e financiamento para se adaptar. O FoHRSA também fornecerá recursos para responder rapidamente a eventos climáticos extremos, desastres naturais e emergências de saúde que coloquem em risco a segurança alimentar da região.
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